Por Geremias do Couto
Ah, se todos nós, que somos considerados líderes, tirássemos as nossas máscaras e vivêssemos o discipulado em sua forma simples e bíblica. Ah, se abríssemos mão de certos caprichos, vaidades, presunção, arrogância, orgulho, farisaísmo, ostentação e viéssemos para a planície. Quanto ganhariamos! E a igreja também! Não generalizo, mas uso a linguagem da inclusão ao pensar que muitos de nós estamos de fato incorrendo nessa gravíssima falha. Sei que o desenvolvimento pessoal é parte do nosso crescimento. Mas considerar tudo o que conquistamos como esterco (tem lá o seu valor) é um dos princípios da vida cristã.
O que está em cena, aqui, não são as nossas conquistas em si mesmas, mas o pedestal, a glória humana, a fantasia, a hipocrisia, o aplauso e a consequente perda de referenciais. Achar que somos tudo, quando, na verdade, nada somos. Ou passar uma falsa humildade, que, no fundo, pretende que as pessoas olhem para nós e digam: "vocês são mesmo os tais!" Esse é o cerne. Quantas vezes pregamos e, ao final, nos sentimos frustrados, quando as pessoas não nos procuram para "elogiar" a nossa pregação! Quantas vezes chegamos de propósito atrasados ao culto para que a assistência nos olhe com admiração e, se não pode falar alto, pelo menos pense ou cochiche: "Está chegando o pregador!" Esse é o ponto.
Infelizmente, trazemos para a nossa realidade da fé um pouco (ou muito?) da herança católica que faz o povo olhar para os seus líderes como infalíveis. Estes, por sua vez, vestimos a farda com muita facilidade. A partir disso, passamos a ser os reis da cocada preta (sem racismo, por favor. Pode ser branca também!). Até na forma de andar, gesticular ou fazer alguns trejeitos, expomos a aura da infalibilidade que tanto massageia o nosso ego. Não conseguimos ser simples, e, se tentamos aparentar simplicidade, fazemos de maneira tão afetada que logo transparece a prepotência. Como neste conhecido bordão: "Fulano é tão humilde que tem orgulho da sua humildade".
Só que a casa cai. Não há arrogância que dure para sempre. De tempos em tempos, para a nossa tristeza (e também aprendizado), surge uma nova notícia, dando conta do fracasso de um líder, que muitos o tinham como o grande referencial e o tratavam, não com o respeito que todos merecem, mas com idolatrada veneração. Podemos chegar a este ponto, quando perdemos os nossos limites. Quando achamos que não temos de prestar contas a ninguém. Quando nos colocamos no pedestal acima dos "simples mortais". Quando não nos reconhecemos como o principal dos pecadores, à semelhança de Paulo. Quando deixamos de olhar as "nossas justiças como trapos da imundícia". Quando achamos que somos maiores do que a graça de Deus. Quando o pecado torna-se apenas um detalhe que não nos importa em nosso dia a dia. Quando, por confiar em nossa autossuficiência, não buscamos ajuda em nossos momentos de fragilidade.
Creio que Deus permite a exposição de alguns dentre nós, trazendo à tona todos os apetrechos escondidos no seu coração, para que o povo perca essa visão "divinizada" da liderança, e nós, que somos tidos em tal condição, possamos humildemente dizer como João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua", ou como Paulo: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Ao contemplarmos tais situações, por outro lado, nossa atitude deveria ser a de vestir-nos de sacos e assentar sobre as cinzas para chorar os nossos pecados pessoais e coletivos, orar pela restauração de quem está sendo tratado pelo Senhor e, com inteireza de coração, nos expormos aos braços amoráveis do Pai para deixar de ser sustentados pelas nossas próprias pernas.
Líderes são necessários na igreja desde os primeiros dias do Cristianismo. Atos dos Apóstolos descreve a sua existência. As epístolas tratam de forma clara o assunto. Mas não formam casta especial. Privilegiada. Com alguns galões que possam distingui-los dos demais crentes em sua relação com Deus. Não são pequenos deuses para ser glorificados pelos homens. São modelos, inclusive na fraqueza, para que possam pelo exemplo mostrar aos que lideram, no mesmo nível, que só pela graça - unicamente e apenas pela graça - sem qualquer outro privilégio, podem superar as falhas e buscar a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. E aí todos saberão que ninguém é melhor do que ninguém ou ocupa lugar especial à direita ou a esquerda do trono de Deus.
Somos humanos, fracos, faliveis, necessitados, dependentes, incapazes em nós mesmos, para os quais o Senhor, que enfrentou todas as nossas fraquezas em sua humanidade, pode dizer: "A minha graça te basta".
O que está em cena, aqui, não são as nossas conquistas em si mesmas, mas o pedestal, a glória humana, a fantasia, a hipocrisia, o aplauso e a consequente perda de referenciais. Achar que somos tudo, quando, na verdade, nada somos. Ou passar uma falsa humildade, que, no fundo, pretende que as pessoas olhem para nós e digam: "vocês são mesmo os tais!" Esse é o cerne. Quantas vezes pregamos e, ao final, nos sentimos frustrados, quando as pessoas não nos procuram para "elogiar" a nossa pregação! Quantas vezes chegamos de propósito atrasados ao culto para que a assistência nos olhe com admiração e, se não pode falar alto, pelo menos pense ou cochiche: "Está chegando o pregador!" Esse é o ponto.
Infelizmente, trazemos para a nossa realidade da fé um pouco (ou muito?) da herança católica que faz o povo olhar para os seus líderes como infalíveis. Estes, por sua vez, vestimos a farda com muita facilidade. A partir disso, passamos a ser os reis da cocada preta (sem racismo, por favor. Pode ser branca também!). Até na forma de andar, gesticular ou fazer alguns trejeitos, expomos a aura da infalibilidade que tanto massageia o nosso ego. Não conseguimos ser simples, e, se tentamos aparentar simplicidade, fazemos de maneira tão afetada que logo transparece a prepotência. Como neste conhecido bordão: "Fulano é tão humilde que tem orgulho da sua humildade".
Só que a casa cai. Não há arrogância que dure para sempre. De tempos em tempos, para a nossa tristeza (e também aprendizado), surge uma nova notícia, dando conta do fracasso de um líder, que muitos o tinham como o grande referencial e o tratavam, não com o respeito que todos merecem, mas com idolatrada veneração. Podemos chegar a este ponto, quando perdemos os nossos limites. Quando achamos que não temos de prestar contas a ninguém. Quando nos colocamos no pedestal acima dos "simples mortais". Quando não nos reconhecemos como o principal dos pecadores, à semelhança de Paulo. Quando deixamos de olhar as "nossas justiças como trapos da imundícia". Quando achamos que somos maiores do que a graça de Deus. Quando o pecado torna-se apenas um detalhe que não nos importa em nosso dia a dia. Quando, por confiar em nossa autossuficiência, não buscamos ajuda em nossos momentos de fragilidade.
Creio que Deus permite a exposição de alguns dentre nós, trazendo à tona todos os apetrechos escondidos no seu coração, para que o povo perca essa visão "divinizada" da liderança, e nós, que somos tidos em tal condição, possamos humildemente dizer como João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua", ou como Paulo: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Ao contemplarmos tais situações, por outro lado, nossa atitude deveria ser a de vestir-nos de sacos e assentar sobre as cinzas para chorar os nossos pecados pessoais e coletivos, orar pela restauração de quem está sendo tratado pelo Senhor e, com inteireza de coração, nos expormos aos braços amoráveis do Pai para deixar de ser sustentados pelas nossas próprias pernas.
Líderes são necessários na igreja desde os primeiros dias do Cristianismo. Atos dos Apóstolos descreve a sua existência. As epístolas tratam de forma clara o assunto. Mas não formam casta especial. Privilegiada. Com alguns galões que possam distingui-los dos demais crentes em sua relação com Deus. Não são pequenos deuses para ser glorificados pelos homens. São modelos, inclusive na fraqueza, para que possam pelo exemplo mostrar aos que lideram, no mesmo nível, que só pela graça - unicamente e apenas pela graça - sem qualquer outro privilégio, podem superar as falhas e buscar a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. E aí todos saberão que ninguém é melhor do que ninguém ou ocupa lugar especial à direita ou a esquerda do trono de Deus.
Somos humanos, fracos, faliveis, necessitados, dependentes, incapazes em nós mesmos, para os quais o Senhor, que enfrentou todas as nossas fraquezas em sua humanidade, pode dizer: "A minha graça te basta".