segunda-feira, 30 de abril de 2012

Como reconhecer um pastor Emergente



“...Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ao de mestres segundo as suas próprias cobiças como sentindo coceiras nos ouvidos.” ( II Timóteo 4.03).

De uns tempos para cá, temos ouvido falar muito de um movimento pós moderno surgido nos Estados Unidos chamado Igreja Emergente, formado na sua maioria por jovens pastores com formação acadêmica e teológica com grande influencia humanista, que já chegou ao Brasil e esta causando consequências de apostasia em uma nova geração de pastores recém saídos dos seminários e portanto, sem nenhuma experiência pastoral, ou alguns poucos veteranos que abriram mão dos valores absolutos e morais do evangelho. Uma das marcas do pastor emergente desse movimento pós moderno que tem trazido enormes prejuízos ao evangelho bíblico, esta na cultura do entretenimento nos templos para agradar principalmente a massa jovem alienada biblicamente. Os pastores emergentes investem pesado na mídia gospel com suas celebridades formadas por cantores e pregadores e auto ajuda onde os fundamentos da fé são abandonados, num claro apelo as emoções, enquanto a mente e deixada de lado. Outra característica dos pastores emergentes está na ausência de pregação contra o pecado, sobre o inferno e a necessidade de arrependimento, onde a Palavra de Deus não é mais interpretada por aquilo que realmente diz, invés disso, é interpretada por aquilo que diz para você. Os pastores emergentes também não pregam sobre arrebatamento pré-tribulacionista da Igreja, porque não aceitam a autoridade da Biblia. E muitas igrejas de tradição reformada ou até mesmo denominações pentecostais históricas, existem pastores pós modernos que se denominam “evangélicos”, embora neguem a “ Fé que uma vez por todas foi entregue ao santos” ( Judas 3). São bem rápidos em falar heresias e manipularem a emoção das pessoas com um discurso triunfalista. Esses pastores emergentes enfatizam em seus púlpitos a valorização dos sentimentos e afeições em detrimento da Palavra, a experiência em contraposição a verdade, a inclusão ao invés de exclusão de quem não anda segundo os princípios bíblicos, a participação em contra partida ao individualismo. Se alguns seguimentos da igreja continuarem caminhando rumo ao desvio da verdade se cumprira as palavras desta profecia: “ Contudo, quando vinher o filho do homem, achará por ventura fé na terra?” ( Lucas 18.8). A marca fundamental dos pastores emergentes esta na negação do absoluto e na relativização de valores com aceitação das diferenças. Os pastores emergentes na sua maioria jovens obreiros possuem como propósito de vida criar novas formas de liturgia, novos métodos de evangelismo, novas estruturas eclesiásticas, novos conceitos teológicos que emerge dos escombros do denominacionalismo dividido por lutas de poder. Enfim eles querem criar o novo cristão e reinventar a Igreja, onde o primeiro passo a ser dado é pertencer a Igreja e depois crer na Palavra. Diante de tantas invencionices fico a pensar que Paulo quando aconselhou Timóteo parecia que estava enxergando o que haveria de acontecer com a Igreja de Cristo : “ Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mais seguiram os seus próprios desejos”. Baruch Há Shem! Sergio Cunha.

domingo, 29 de abril de 2012

Precisamos de Jovens Profetas


No ultimo sábado de abril. estivemos organizando em nossa congregação em Unamar, no Segundo Distrito de Cabo Frio, A Segunda Conferencia Evangelística Jovens Profetas, onde jovens pregadores inflamados de um pequeno púlpito pregaram contra o pecado que está avançando sobre a igreja e a necessidade de arrependimento do povo. O Teólogo inglês Arthur Pink falava no século 19, que a Igreja, precisa de homens, o tipo certo de homens ousados. A Igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de mortes, porque já morreram pras seduções desse mundo. Esses homens jamais tomarão decisões motivadas pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados por causa de condições financeiras. Já John Wesley, o grande avivalista fez um pedido a Deus; “ Dê-me uma centena de pregadores que não receiem nada, senão em pecar, e nada desejem senão a Deus e eles não importa se clérigos ou leigos, por si sós abalarão as portas do inferno estabelecendo o Reino de Deus na terra”. Essa oração foi atendida pois Deus, levantou jovens profetas no Século 17, trazendo um grande avivamento. O príncipe dos pregadores, o batista Charles Spurgeon , começou a pregar com 16 anos para pequenos grupos, e depois alcançou multidões na total dependência de Deus como um jovem profeta de sua geração. A Igreja de hoje, precisa de jovens profetas como Jeremias que ousou anunciar que Deus estava produzindo abalos e preparavam mudanças, onde o sacerdote estava calado, mais o profeta tinha de entregar a mensagem de Deus, quisesse o povo ouvi-la ou não. Em abril, vamos clamar por um verdadeiro avivamento, assim como fez Leonard Ravenhil : “ Quanto a mim, eu quero um avivamento, em minha vida, minha igreja e minha nação , ou então prefiro a morte”. Baruch Há Shem! Sergio Cunha.

sábado, 28 de abril de 2012

Precisamos de homens de Deus


A igreja, neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do Espírito; Deus, sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo. A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto.
Esse tipo de liberdade é necessária, se queremos ter novamente, em nossos púlpitos, pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e à humanidade através de motivações elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem do santuário. Esse homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação. Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos. Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os outros dizem e fazem) os conduz a crer no que o mundo espera que eles façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela manhã, com toda a espécie de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová.
A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e perseguição pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado. Outra característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos.
O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar; portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por esse motivo, ele é alguém completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua terna intercessão por eles. Sim, se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires. Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens. E, quando vierem os libertadores... serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo...Arthur W. Pink

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O pastor do século 21

Falar para pastores e líderes sobre temas do momento provoca-me dois tipos de percepção. Um é que alguns pensam que precisamos entender o nosso tempo para nos encaixarmos nele e também encaixarmos nele a nossa mensagem. Parece que este é o sentimento mais comum. Já me deixei dominar por ele, em tempos idos. Outra percepção é que devo me firmar mais nas raízes bíblicas e encaixar o tempo em que vivemos dentro dele. É este o sentimento que me conduz. Tempos atrás, falei num congresso de pastores de outra denominação sobre o tema “Como deve ser o pastor do século 21?”. Pus as cartas na mesa na primeira sentença gramatical: “Exatamente como deveria ser o pastor do século 20, o do século 18, o do século 15 e o do século primeiro”. E coloco as cartas na mesa, logo no início, também aqui. Nosso foco não deve ser um ajuste do que pregamos aos novos tempos, mas sim como pregar a mensagem de sempre aos novos tempos. Quando focalizou tempos futuros, os do fim, Paulo não prognosticou nenhum conteúdo diferente a Timóteo, mas exortou-o à firmeza: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que julgará todos os seres humanos, tanto os que estiverem vivos como os que estiverem mortos, eu ordeno a você, com toda a firmeza, o seguinte: Por causa da vinda de Cristo e do seu Reino, pregue a mensagem e insista em anunciá-la, seja no tempo certo ou não. Procure convencer, repreenda, anime e ensine com toda a paciência. Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir. Essas pessoas deixarão de ouvir a verdade para darem atenção às lendas. Mas você, seja moderado em todas as situações. Suporte o sofrimento, faça o trabalho de um pregador do evangelho e cumpra bem o seu dever de servo de Deus” (2Tm 4.1-4, NTLH).O fundamental, para mim, não são os tempos em que vivemos, mas o que pregamos ao nosso tempo. O conteúdo independe do tempo, não pode ser ajustado a época e a cultura alguma. Judeus e gregos tinham cosmovisões completamente diferentes, mas a igreja pregava aos dois grupos o mesmo evangelho. Tanto que lemos em 1Coríntios 1.23-24: “Mas nós anunciamos o Cristo crucificado - uma mensagem que para os judeus é ofensa e para os não-judeus é loucura. Mas para aqueles que Deus tem chamado, tanto judeus como não-judeus, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus”. Era o mesmo evangelho e seu teor não fazia sentido para qualquer dos grupos. E isto não abateu a Igreja. Ela não teve dois evangelhos, um para cada cultura.Mas parece que hoje temos uma preocupação muito grande em desvestir o evangelho da sua loucura e adorná-lo com a sabedoria humana. A preocupação de muitos pregadores é como torná-lo palatável ao incrédulo. Querem fazer com que o evangelho tenha sentido para o homem pecador. Mas ele continua sem sentido para os pecadores. Nossa tarefa é pregá-lo assim mesmo, na convicção de que o Espírito Santo tem poder para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Nossa tarefa não é tornar nossa mensagem aceitável. É pregar a mensagem, mesmo que pareça inaceitável. O evangelho não pode ser adaptado a tempos, culturas e gostos. Quando tentamos fazer isto, produzimos o que se vê hoje, uma balbúrdia incrível no cenário evangélico. E um evangelho água com açúcar, que tem mais o rosto de Lair Ribeiro que o de Jesus. 1. MAS É ERRADO ANALISARMOS NOSSO TEMPO?Não, não é errado. É até necessário. O erro se dá quando analisamos o tempo em que vivemos, e com essa análise formamos uma maçaroca intelectual e queremos ver o que da Bíblia podemos aproveitar para não ferir a maçaroca que fizemos. Em termos mais elegantes: submetemos a Bíblia ao escrutínio do nosso tempo, e não o oposto. Prego para auditórios diversificados: intelectuais e gente de roça, estudantes e operários, senhores sisudos e jovens álacres. Mudo as ilustrações. Mudo a forma de me dirigir ao auditório, mas sempre falo da salvação que vem pela obra vicária de Cristo. Este é o tema. Continuo com cartas na mesa: a Bíblia é o microscópio pelo qual examinamos a cultura secular. Ela não é um objeto que analisamos pela cultura secular. Ela é senhora e não serva; é juíza e não ré, palavra última e não palavra penúltima. Com tudo isto, quero dizer que nossa maior necessidade não é a de conhecimento de nosso tempo, mas sim de firmeza nas Escrituras para analisarmos nosso tempo por ela. Se nossos ouvintes gostarão, se acharão que é insensatez dizer que o destino eterno deles depende da resposta que darão à obra que um homem fez numa cruz, num lugarejo obscuro, há dois milênios, isso não importa. Conhecer nosso tempo é bom se isto mostra o terreno onde lançaremos a semente. Mas é um ato equivocado determinar a essência da semente pelo terreno. Na parábola do semeador havia tipos diferentes de solos. Mas não havia tipos diferentes de sementes. Nossa semente é o evangelho de Jesus, na certeza de suas palavras: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31). E para quem acha que isto é ultrapassado, que precisamos de refinamento cultural, e não de uma mensagem tão retrógrada, lembro outras palavras de Jesus: “Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9.26). Muitos não querem ser vistos como ultrapassados, e refinam a mensagem para torná-la atraente ao mundo atual.Definidas estas coisas, quero lhes falar sobre como o obreiro de tempos pós-modernos deve se posicionar. Sei o que é pós-modernidade. Poderia discorrer sobre ela. Em meu site (http://www.isaltino.com.br/) há uma apostila sobre o assunto. Mas o obreiro de um mundo pós-moderno não deve se mirar nos moldes do mundo e sim nos moldes de um obreiro leal à Palavra.
2. A NECESSIDADE DE UMA TEOLOGIA SADIA A Igreja carece de uma teologia sadia. E seus obreiros mais ainda. E muito mais que os obreiros de época anteriores. Porque vivemos numa negação de valores, de subjetivação da verdade, de relativismo filosófico e moral. Alguém precisa sinalizar alguma coisa nesta bagunça em que vivemos. E quem pode sinalizar corretamente é a Igreja de Cristo. Ela tem a verdade. E se alguns de seus setores pensam que não têm e que dizer isso é ser arrogante numa época de politicamente correto, deve mudar logo de lado, caso não queira entender o que é o evangelho. Nós temos a verdade. Quem não crê nisto, por favor, não fique marcando gol contra. Porque desconfio que torce para o time adversário. Nós precisamos de uma teologia sadia. Porque precisamos ter as bases bem definidas e os contornos de nossa fé bem delineados. O obreiro e a Igreja de um tempo pós-moderno, um tempo vacilante e sem fronteiras, precisam ser firmes e devem ter suas fronteiras teológicas bem definidas. E isto mais que nunca.A Igreja precisa sinalizar ao mundo que há um caminho e uma verdade. Nosso tempo é de relativismos: o que é verdade para você pode não ser verdade para mim. Hoje, as pessoas têm as suas verdades. A Igreja precisa deixar claro que ela tem a verdade de Deus. E antes de tudo precisa deixar isso claro para ela mesma. O neopentecostalismo criou uma situação surrealista: colocou a subjetividade humana no lugar da objetividade das Escrituras. São sentimentos, insights, vislumbres, percepções parciais que ditam as normas. Até mesmo em igrejas ditas tradicionais ouvimos muito esta frase: “Eu senti em meu coração” ou “Eu sinto”, geralmente introduzindo uma observação da pessoa em defesa de alguma verdade. Desculpe-me, se você usa esta frase, mas o que você sente é irrelevante. O relevante é o que a Bíblia diz. Diz Jeremias 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”. Infelizmente, o “sentismo” e o “achismo” são as maiores vertentes hermenêuticas, hoje, no movimento evangélico. Precisamos restaurar a objetividade do ensino das Escrituras. Nossos sentimentos devem se subordinar a ela. Bem como nossos interesses e nossas perspectivas.A maior batalha que teremos na área da teologia, nestes anos imediatos, é sobre a fonte de autoridade em matéria de religião. Sempre se apontou que a Bíblia é a fonte última. O preâmbulo da Declaração Doutrinária da CBB diz: “Através dos tempos, os batistas têm se notabilizado pela defesa destes princípios: 1º) A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta”. E todo o resto parte deste ponto. Precisamos ter uma teologia bem segura neste ponto: tudo parte da Bíblia e a ela tudo se submete. Infelizmente, todos afirmamos isto, mas nem sempre praticamos isto. Primeiro porque, como eu disse, temos o subjetivismo neopentecostal infiltrado em nossas igrejas, alimentado pelo romantismo da época, em que os sentimentos soam mais alto que a razão. Nossa geração não reflete, mas sente. Depois por causa da mentalidade pragmática que se dissemina entre nós. O que deu certo em algum lugar passa a ser a verdade. A verdade não é mais que o é certo, mas o que funciona. A pós-modernidade tira o foco da verdade objetiva para a funcionalidade. Precisamos lembrar bem que somos “a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15). E que “a coluna e firmeza da verdade” deve estar alicerçada sobre a Palavra que é a verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).Que a Igreja estude a Palavra, submeta suas práticas e sua liturgia à Palavra. Que os pregadores preguem a Palavra e não seus desinteressantes conceitos culturais. Há obreiros que julgam suas platitudes um autêntico oráculo de Yahweh. Precisamos de pregadores que preguem a Palavra e não que contem historinhas o tempo todo. O pastor do século 21, bem como a igreja do século 21, precisa de uma teologia bíblica sadia.
3. A NECESSIDADE DE UMA SOTERIOLOGIA CORRETAContinuamos afirmando, em nossas pregações, que Cristo é o Salvador. Mas, Salvador de quê, exatamente? Na teologia da libertação, entre muitos outros aspectos, Jesus é “o revelador dos verdadeiros valores humanos”. Ele é “o homem para os homens”. Ele é mais um modelo que um Salvador. A soteriologia da falecida teologia da libertação é de fundo econômico, mas ingenuamente alguns de seus propugnadores criam que Jesus era um modelo que os homens poderiam seguir e que assim seriam socialmente transformados. Sendo o homem intrinsecamente bom, as pessoas precisavam ver o “modelo Jesus”, e se disporiam a imitá-lo. Outros teólogos desta linha, como boa parte dos seus comentários bíblicos mostra, falam de um tal de “projeto de Jesus”, que nunca entendi qual seja. Um desses comentários, em cada página trazia o tal “projeto de Jesus”. Parece-me que era de um levantamento das massas contra as famosas “elites”, de quem todos falam, mas nunca identificam. Mas a soteriologia sempre se liga à libertação da pobreza material.Ideologicamente, a teologia da prosperidade é irmã gêmea da teologia da libertação, pois sua soteriologia também se liga à libertação da pobreza material. Só que seu viés é pelo exorcismo, e não pela política. Acrescenta algo mais em sua panela de heresias: a resolução dos problemas relacionais e de saúde. Outros vêem Igreja como um lugar, apenas. E como um lugar de catarse, de liberação de emoções. É uma forma de terapia emocional. A Igreja acaba se tornando apenas um evento sócio-emocional. Salvação é se sentir bem e estar em paz consigo mesmo. A soteriologia tradicional parte da anunciação do nascimento de Jesus: “E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21). A soteriologia correta parte daqui: perdão dos pecados. Há pecados e há o pecado. Não é ter paz consigo mesmo e se aceitar como se é. É ter paz com Deus e aceitar seu Filho. E, pelo poder do Espírito Santo, tornar-se aquilo que deve ser.Fortemente marcados pelo mito da bondade inata dos homens, mito que vem do Iluminismo, nossa cultura prega a bondade humana. Nossas pregações têm omitido o pecado, a condenação e, principalmente, o inferno. Estas questões são consideradas como medievais e indignas de pessoas ilustradas, cultas, do século 21. Como disse alguém, há pouco tempo: “A missão da Igreja é despertar o melhor dos homens”. Frase feita, bonitinha. Mas sem nexo. Qual é o nosso melhor? Diz Isaías 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento, nos arrebatam”. Não teremos soteriologia correta se não tivermos a noção correta de quem seja o homem: pecador, caído, perdido. É curioso como os próprios crentes não gostam da doutrina da depravação da raça e da pecaminosidade humana. Um dia vi um pastor zangado com um corinho (e não sou fã deles) que diz “Se olhares para dentro de mim nada de bom encontrarás”. Ele estava realmente zangado. E me disse: “Nós temos muito de bom!”. Mas não temos! A Bíblia diz que não temos. Nosso “bom” é “trapo da imundícia”, referência aos absorventes menstruais das senhoras da época do profeta. Se há algo bom em nós é produto da graça. É a graça que nos torna pessoas melhores. Talvez se possa dar um crédito por causa dos termos “bem” e “bom”, mas não somos bons. E, realmente, o pecado habita em nós. En pasant, reside aqui um dos muitos equívocos da maçonaria. Uma de suas frases de efeito diz: “Nós escolhemos os homens bons e os tornamos melhores”. Numa curta frase, dois erros teológicos. Primeiro: não há homens bons. “E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.” (Mc 10.18). Segundo: porque ninguém pode ser transformado se não for pela graça. Sou pessimista quanto ao homem. Lembro de uma frase de Billy Graham: “O homem é exatamente o que a Bíblia diz que ele é”. E o retrato que ela faz do homem não é lisonjeiro. Precisamos falar de pecado. A palavra está tão fora de modo que inspirou um livro teológico como o título O pecado ainda existe? . A Igreja parece se reunir mais para celebrar (exatamente o quê?) que para confessar. Num exame superficial da Concordância bíblica da SBB encontrei 41 referências a “confessar” e 11 a “confissão”. Não examinei o número de vezes que aparece “pedir perdão” e semelhantes, e por isso não as considero. Aumentaria a lista. Mas culpa, pecado e perdão são palavras comuns nas Escrituras. Na década dos sessentas, um dos versículos que nossas igrejas mais recitavam era 2Crônicas 7.14. Hoje o mote é “Louvai ao Senhor”. Não se deduza que sou contra o louvor. Sou contra o culto que baniu a confissão. Sou contra a tentativa de varrer para baixo do tapete a reflexão e tudo submeter à agitação. Parece-me que as pessoas não pensam muito, mas apenas sentem e se sacodem. Nossa cultura não é reflexiva. É romântica, piegas e sensual (dos sentidos).Há um grande esforço de algumas ciências e disciplinas para tirar do homem o sentimento de culpa. Ele é produto do meio, das circunstâncias, dos genes, mas nunca resultado de suas decisões e menos ainda alguém que diga como Paulo: “... eu sou carnal, vendido sob o pecado” (Rm 7.14) e “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7.19-20). Além de desmentir a concepção iluminista de que o homem é bom, Paulo desmente a visão platônica de que saber é ser. Como isto nos tem marcado também! Todos os nossos problemas parecem que serão resolvidos com “conscientização”. Multar motoristas bêbedos e irresponsáveis? Não, isso é repressão, indústria da multa. Vamos conscientizar tais pessoas! Combater as drogas? Vamos conscientizar os nossos jovens. Ora, alguém não sabe que álcool e volante não combinam? Alguém ignora que drogas são destrutivas? Nosso problema não é cognitivo. É espiritual. Somos pecadores, dominados pelo pecado, e precisamos ser libertos do poder do Maligno: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres” (Jo 8.36). Quando a Igreja perderá o acanhamento de chamar as pessoas ao abandono do pecado, e até quando continuará pregando auto-ajuda, como se a obra salvífica de Cristo fosse nos fazer sentir-nos melhores, emocionalmente?Precisamos de uma soteriologia centrada na obra vicária de Jesus Cristo. Seu evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). A Igreja precisa pregar que os homens são pecadores, estão perdidos, vão para a condenação eterna, e só Jesus Cristo salva.
4. A NECESSIDADE DE UMA CRISTOLOGIA CORRETAParte da argumentação foi feita aqui, mas com a conotação da teologia da salvação. Agora, trato da pessoa de Cristo. Precisamos enfatizar bem os aspectos centrais da vida do Salvador: nascimento virginal, vida sem pecado, morte vicária, ressurreição corporal, ascensão e sua segunda vinda em poder e glória para julgar o mundo. Porque há um esforço enorme para se descaracterizar a pessoa de Jesus. Ele já foi mostrado como hippie, como guerrilheiro, como modelo de vida, e agora parece ser um incômodo para a Igreja. Parece que muitas igrejas não sabem o que fazer com Cristo e sua cruz. A mídia procura distorcê-lo. E a teologia contemporânea insiste em desmitificá-lo, em buscar o Jesus histórico, tentando fazer uma nova história e nos dar um novo Cristo. Gente em gabinete com ar condicionado e poltronas estofadas pretende saber mais sobre o Jesus do Novo Testamento que os evangelistas e Paulo.Muito da distorção sobre a figura de Jesus está vindo dos cânticos, onde ele quase nunca é cantado e quando é cantado, em alguns dos cânticos se assemelha mais a uma força que a uma pessoa. Parece mais uma energia cósmica que o Salvador do mundo.Só há um Cristo digno de ser pregado, o do Novo Testamento. E este é o Cristo crucificado. Mas há cultos em que o nome de Jesus só é mencionado na oração: “Em nome de Jesus”. Passou a ser mais uma senha que o Senhor da Igreja. Quantos sermões você ouviu ou quantos pregou, neste ano, sobre o Cristo crucificado? Preguei no aniversário de uma igreja e havia cinco grupos de louvor escalados. Não era uma ordem de culto. Era um ajuntamento de números especiais. Cada grupo apresentou três números, e antes de cada número houve o famoso sermãozinho sobre o louvor. Cá pra nós: sermão de grupo de louvor é duro de ouvir. São platitudes dispensáveis. O culto começou às 19 horas e me deram a palavra às 20h50. Metade do auditório estava tão cansada de tanto louvor, que não acompanharia meia hora de sermão. A outra metade estava tão excitada que não acompanharia nenhum raciocínio. O culto foi um louvor ao louvor, não a Cristo. O louvor foi um fim em si mesmo. Quando me deram a palavra observei um fato muito triste: em uma hora e cinqüenta minutos de culto, o nome de Jesus só fora pronunciado na frase “em nome de Jesus”, nas orações que se haviam feito. A Igreja é de Cristo, mas o louvor não é a ele. E o foco também não é ele, mas as pessoas que se exibem. “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2). Culto em que Cristo não foi pregado e a mensagem da cruz não foi anunciada não foi um culto neotestamentário. Há pregações moralistas, há pregações de auto-ajuda, há pregações que caberiam numa sinagoga, mas a pregação numa igreja deve ser cristocêntrica. O centro do culto não é o louvor, mas é Cristo. Deu para notar que neste tópico, falando de uma cristologia correta, detive-me mais na cristologia prática, vivenciada na Igreja, que à Cristologia como aspecto da Teologia. Porque o que me incomoda é que a Teologia está sendo refeita, ou melhor, distorcida, nos cultos, e não nos seminários. Mas como já havia tocado no assunto no tópico anterior, ao falar da soteriologia, creio que já comentei o suficiente.
5. A NECESSIDADE DE UMA ESCATOLOGIA CORRETAHá pouco, os evangélicos brasileiros ficaram escandalizados porque um pastor muito presente na mídia negou a segunda vinda de Cristo. Dispenso-me de comentar o pastor, mas centro-me na segunda vinda. A Igreja crê mesmo nela? Quão raramente se prega sobre ela! Quão raramente se canta sobre ela! A teologia da libertação passou fogo na escatologia, dizendo-a ser um recurso das elites (de novo!) para manter as massas acalmadas. A teologia da prosperidade a aniquilou, porque quer o céu aqui. Não conseguiu entender a tensão do já e do ainda não da vida cristã. E, na realidade, muitos de nós estamos mais interessados em melhores empregos, melhores casas, carros zeros e maiores, que no céu. Mas não é de céu que quero falar, especificamente, no aspecto de escatologia. Quero falar sobre a necessidade da igreja em advertir os pecadores de que haverá juízo. Que haverá um fim, que Cristo voltará e julgará a todos. A teologia da prosperidade em geral, e algumas de nossas pregações pragmáticas, em particular, têm empobrecido o ensino bíblico. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co 15.19).Os crentes têm perdido a perspectiva do céu. Fico decepcionado com o desespero de alguns crentes quando perdem parentes crentes. Um colega me contou de uma senhora de sua igreja que ficou desesperada porque a mãe, com quase 90 anos e muito doente, partira para estar com o Senhor. E onde fica Filipenses 1.23, que diz: “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”? . Antes que me digam que eu não sei o que é perder mãe: perdi a minha aos meus 14 anos de idade. E ela não era crente. Era espírita. A questão é que as pessoas não ouvem pregações sobre o céu, não aspiram por ele, não o desejam, e querem apenas bênção sobre bênção, aqui na terra. Na realidade, nós não cremos no céu. Dizemos crer, mas não cremos.Uma escatologia correta ensinará que a Igreja é hoje militante, e não triunfante (o que nos livrará de muitas ingenuidades pregadas e cantadas), mas um dia será triunfante. Que não será vencida, que pode sonhar e deve trabalhar pelo triunfo do evangelho. Não servimos a uma causa que pode ou não dar certo, mas que dará certo. E que o triunfo a cantar não é meu triunfo sobre minhas dificuldades pessoais, mas o triunfo de Jesus Cristo! Para muitos crentes, importa-lhes o seu triunfo, a sua bênção, e não a glória de Cristo, como Senhor do universo.A mim, pouco me importa meu triunfo pessoal. Sou apenas um peão no tabuleiro do jogo de xadrez, que o Grande Jogador move para onde desejar, para fazer seu plano funcionar. Peão é descartável, é peça que sacrifica para se obter a vitória. Não aspiro a grandes coisas, mas apenas a ser útil. E não estou sendo vaidoso nem preciso ser elogiado por isso. É obrigação de cada cristão dizer como Paulo: “segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.” (Fp 1.20). A escatologia correta é aquela em que sabemos do triunfo do evangelho, que este triunfo virá porque Cristo é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e que nossa vida a serviço dele contribui para o avanço da obra.Esta visão escatológica de vitória do reino nos ajuda a entender que seguir a Cristo não é uma viagem de primeira classe por este mundo, mas um engajamento no seu exército. Nós seremos vencedores. Mas, em termos humanos, nós faremos a vitória acontecer.
CONCLUSÃOPrimeiro quis apresentar esta palestra. Depois apresentarei mensagens bíblicas. Mas o que pretendi dizer aqui, dificilmente caberia num sermão. Procuro pregar expositivamente e aqui expus alguns conceitos teológicos que ficariam esparsos. Inseri-los nos sermões seria fazer piruetas exegéticas, o que não me soa correto.O que aqui apresentei é o que creio. É minha convicção. E a síntese do que foi dito pode ser vista no uso que faço de Provérbios 22.28: “Não removas os marcos antigos que puseram teus pais”. Temos um balizamento de quatro séculos de história como batistas. Não removamos os marcos que nossos ancestrais estabeleceram.



Isaltino G. Coelho Filho
Ministro da Convenção Batista Brasileira servindo como pastor na Igreja Batista Central de Macapá. Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e Bacharel em Filosofia, Faculdade 9 de Julho, S. Paulo, Pós-Graduado em Educação com especialização em Metodologia do Ensino Superior, Católica de Brasília e Mestre em Teologia com especialização em Antigo Testamento, Seminário Teológico Batista Equatorial. É autor de várias obras, entre elas Teologia dos Salmos, Profetas Menores (em dois volumes) e O Drama do Calvário. Escreve regularmente no site http://www.isaltino.com.br/,

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O grande e sedutor Leviatã...

Sempre fui, e permanecerei sendo, absolutamente contrário a toda e qualquer política de favorecimento. Abomino todo e qualquer tipo de Estado “forte”, paternalismo, protecionismo ou intervencionismo. O Estado é, quase por necessidade ontológica, um tirano em potencial; se descuidamos, assenhora-se de nós.
Quando Israel pediu um Rei, Deus alertou das consequências: “Ele tomará os vossos filhos e os empregará para os seus carros e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros; e os porá por príncipes de milhares e por cinquentenários; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e faça as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. E tomará as vossas filhas por perfumistas, cozinheiras e padeiras. E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e os dará aos seus criados. E as vossas sementes dizimará, para dar aos seus eunucos e aos seus criados...” (I Samuel 8.11-19)!
Nesse dialogo com Samuel está Deus descrevendo a maior praga que pode se abater sobre uma civilização. Trata-se da mesma praga que levou a ruina do Império Romano, da Alemanha Nazista, da União Soviética, e está conduzindo o Ocidente para o abismo. Hobbes apenas sistematizou uma teoria sobre o Leviatã, mas seus males já eram conhecidos do antigo povo de Israel. O que Deus está dizendo a Samuel, o profeta? Que quando um povo coloca suas esperanças no Estado, torna-se seu escravo. Ou, como escreveu o economista F. A. Hayek, permitir que o Estado seja fonte de esperança, que estenda ele seus braços sobre toda a comunidade, é o “caminho para a servidão”.
O Rei tomaria a melhor parte da riqueza da população. Hoje no Brasil trabalhamos quase meio ano apenas para pagar impostos. Quase ninguém reclama, ou sequer nota o problema. Há ainda aqueles que pensam que um Estado que se apodere dos meios de produção, seja pela Estatização ou pelo intervencionismo, nos conduzirá a um mundo melhor. Para este segundo grupo de pessoas, as ideias de Marx são praticamente meias-irmãs do Evangelho. Contudo, Deus diz a Samuel que um Estado que se assenhora compulsoriamente de parte da riqueza produzida por um povo é uma maldição, e não uma benção. Dito isto, que dizer de um Estado que se assenhora cada vez mais?
Observem que no dialogo com Samuel somos informados que o tributo devido ao Estado seria 10% da renda – “as vossas sementes dizimará”. Somado aos outros 10% já exigidos pelo próprio Deus, a tributação passou a ficar na casa de 20%. Essa quantia seria um verdadeiro paraíso hoje! De fato, basta o governo diminuir 1% ou 2% na carga tributária para a economia crescer a passos galopantes! No entanto, Deus não estabelece aquele tributo de 10% de modo positivo. Para Deus aquilo era um castigo pelo povo desejar ser governado por um Estado, e não pela Lei do Senhor. Como posso, enquanto cristão, depositar minhas esperanças de um mundo melhor nas benesses do Estado, quando a força do Estado é tida por Deus como servidão?
No versículo 17 lemos: “Tomará um décimo de vosso rebanho; e vós lhes servireis de escravos!”. Para Deus, o Estado forte é um monstro devorador da riqueza e da liberdade. E nós estamos muito pior que o povo de Israel. Ao longo do Governo José Sarney, a taxa tributária no Brasil oscilou entre 20 e 22,66%; o que representava trabalhar de 73 a 82 dias por ano para pagar o Governo. Na era Collor-Itamar a taxa aumentou, variando entre 24,66 e 29,86%; o que representava trabalhar de 90 a 109 dias para pagar o Governo. Depois, na era FHC a taxa tributária ficou relativamente estável em seu primeiro mandato, mantendo se entre 27,40 e 29,04%; mas no segundo mandato, aumentou terrivelmente, oscilando entre 31,51 e 36,44. Ou seja, no primeiro mandato o Braseiro trabalhou para pagar o Governo quase o mesmo que trabalhou na era Collor-Itamar; já no segundo período, precisou trabalhar de graça entre 115 e 133 dias!
Na Era Lula, a carga imposta ao povo também aumentou. No primeiro mandato ficou entre 36,99 e 39,73 – ou seja, 145 dias trabalhas para o Governo. No segundo mandato, a carga oscilou entre 40 e 40,5% - ou seja, quase 5 meses de trabalho usurpados pelo Leviatã. Se nos dias de Sarnei pagávamos quase o mesmo que Israel, depois da Era FHC e de Era Lula, nossa maldição dobrou de tamanho!
O Rei tomaria os filhos de Israel. Mesmo que uma nação não deseje um determinado conflito, o fato é que seus filhos são obrigados ao serviço militar. Isso acontece praticamente em todo o mundo, se é que há alguma exceção. Não importa que o povo americano não quisesse a Guerra do Vietnã, milhares de seus jovens foram mortos nas selvas comunistas. Não importa que os cristãos almejem educar seus filhos nos caminhos do Senhor, o Estado acredita possuir uma alternativa melhor, e não poupa esforços para doutrina-los como bem entender. O Estado que se diz “laico” não tem modéstia quando se trata de ridicularizar a fé cristã, e promover a destruição da Igreja, não obstante ela ter construído a Civilização Ocidental.
O Leviatã, o Estado Forte, não serviliza os homens apenas economicamente. Suas garras estendem-se também sobre corações e mentes. Vou compartilhar uma experiência bem recente. Trabalho em uma empresa que vende, dentre outras coisas, produtos financeiros como seguros e empréstimos pessoais. Eu sou do setor financeiro – uma experiência nova para mim. Nesse ramo precisamos verificar os antecedentes do consumidor antes de liberar seu crédito ou compra. O procedimento é o mesmo, seja o cliente branco, negro, homem, mulher ou homossexual. No entanto, há sempre alguém que pensa que tem direitos especiais.
Atendi o rapaz e seus dados não conferiam. Expliquei a ele a situação e ele ficou irritado. Depois de alguma discussão pediu que o gerente fosse chamado. Dentre suas reclamações a ‘impressão’ de eu lhe estar questionando motivado por algum sentimento homofóbico! Talvez se, na hora do atendimento, meu crucifixo estivesse visível sobre a camisa, ele tivesse além do gerente, chamado a policia! A objeção daquele jovem me deixou profundamente impressionado. Passado o conflito, alguém me alertou: “Muito cuidado ao tratar com pessoas assim”! Ora, desde quando homossexual merece tratamento diferenciado? Quer dizer que eu posso pedir garantias de um negro, de uma mulher, de um branco, mas não de um homossexual?
Não tardará muito o dia que nossos Legisladores irão propor que a Bíblia seja tratada como Literatura perigosa, de acesso restrito. Em muitos lugares do mundo propostas assim já foram apresentadas. Ao mesmo tempo, promove-se o aborto, o infanticídio, a eutanásia, e todo tipo de valores ‘progressistas’ que contrariam a Moralidade Cristã. Recentemente representantes do Estado consideraram símbolos cristãos impróprios para uso em repartições públicas, e a Justiça deixou de considerar crime a pedofilia de um adulto, alegando que a criança havia consentido. Como escrevi aqui a poucos dias, filósofos já defendem que matar uma criança recém-nascida é absolutamente aceitável, já que é a sociedade quem decide o que ou não humano, o que é ou não ‘vida digna’, e assim por diante.
Contudo, as pessoas não estão mudando naturalmente de postura. Todas essas mudanças de mentalidade estão sendo orquestradas por supostos especialistas a serviço do Estado. Não é a toa que, não há muito tempo, representante do nosso Governo ter deixado escapar que pretende criar uma mídia que concorra com a influência dos cristãos nas classes mais pobres. Estamos presenciando uma verdadeira reengenharia social – contrária ao Cristianismo. Nem mesmo os homossexuais são como o Estado quer! Acreditem, conheço muitos homossexuais que são pessoas maravilhosas, e tenho o privilégio de trabalhar com alguns. No entanto, o Estado pretende que sejam tratados como uma classe especial, e alguns se deixam seduzir pelo canto do Leviatã.
Termino com duas observações necessárias. Primeiro que não sou contra o Estado em si. Não sou anarquista como popularmente se entende o termo (risos). Parafraseando o economista austríaco Ludwig von Mises, se digo que gasolina não serve como alimento, não quer dizer que eu seja contra a gasolina! Assim penso a respeito do Estado: o Estado ‘forte’ é biblicamente descrito como maldição, o que não implica defender a ausência total de Governo. Certamente isso exige um esforço contínuo, uma recusa em se deixar dominar pelos poderosos. Alguém já disse que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.
Em segundo lugar, nunca canso de alertar meus leitores do risco do pessimismo escatológico. Se fosse adepto de uma “exegese de jornal”, certamente concluiria que tudo iria de mal a pior, sempre e cada vez mais, até que o fim chegasse. Minha exegese, porém, baseia-se nas Escrituras, não no Jornal Nacional. Acredito, assim, que mesmo que as coisas se tornem ainda piores que estão, nenhuma força será capaz de barrar para sempre o avanço do Reino de Cristo, pois o seu reinado se estenderá por toda a Terra! Talvez nosso sangue fique pelos Coliseus da História, mas a Mensagem do Cristo prevalecerá. Marcelo Lemos.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A CONFUSÃO EVANGÉLICA DIANTE DO ANTIGO TESTAMENTO



A igreja evangélica brasileira é uma das mais dinâmicas e criativas do mundo. Por essa razão seu crescimento tem sido extraordinário. Todavia, uma igreja jovem e efervescente tem dificuldades de doutrinar e discipular seus novos membros. Essa é uma realidade na igreja brasileira.
É notório que o uso do Antigo Testamento na prática e na liturgia eclesiástica brasileira tem crescido de maneira substancial. Principal no contexto de louvor e adoração a ênfase vétero-testamentária é mais do que expressiva. E como percebeu Lutero, a teologia de uma igreja está em seus hinos. Afinal, o que está acontecendo? Para onde estamos indo?
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o Antigo Testamento representa um fascínio para o povo brasileiro. É repleto de histórias concretas, circunscritas na vida real do povo, no cotidiano de gente comum. É muito mais fácil emocionar-se com uma narrativa como a de Jonas ou de Davi do que acompanhar o argumento de Paulo em vários textos de Romanos. Além disso, o povo brasileiro tem pouca história e raízes muito recentes. O Antigo Testamento, com a rica história do povo de Israel, traz uma espécie de identificação com o povo de nosso país. Talvez isso explique porque tantos brasileiros evangélicos queiram ou procurem ser mais judeus. Em terceiro lugar, devemos considerar a realidade de que a igreja evangélica brasileira quase não tem símbolos ou expressão artística. A maioria dos símbolos cristãos históricos (catedrais, cruzes, etc.) tem identificação católica na realidade nacional. Assim, os evangélicos buscam símbolos para expressar sua fé, e acabam geralmente escolhendo símbolos judaicos ou véterotestamentários (menorá, estrela de Davi, e etc.).
Este encontro brasileiro-judaico tem muitas facetas positivas: Retomamos uma alegria comemorativa da fé, trazemos a verdade espiritual para a realidade concreta, dificilmente teremos uma igreja anti-semita, enxergamos necessidades sociais e políticas pela força do AT. Todavia, também estamos andando em terreno perigoso e delicado. Algumas considerações são importantes para que a igreja brasileira não perca o rumo por problemas de ordem hermenêutica. Aqui vão algumas sugestões:
1. Nem todo texto bíblico do AT pode ser visto como normativo. A descrição da vida de um servo de Deus do AT não é padrão para nós sempre. Quando Abraão mente em Gênesis, a descrição do fato não o torna uma norma. A poligamia de Salomão, a mentira das parteiras no Egito e o adultério de Davi não podem servir de desculpas para os nossos pecados.
2. Não podemos cantar todo e qualquer texto do AT. É preciso observar quem está falando no texto bíblico. Sem observarmos quem fala tiraremos conclusões enganosas. Isso é fundamental para se entender o livro de Eclesiastes. No caso de Jó 1.9-10, por exemplo, temos registradas as palavras de Satanás. Isto é fato até no caso do Novo Testamento (veja Jo 8.48).
3. Devemos Ensinar que Muito da Teologia do AT é ultrapassada. Jesus deixo claro que estava trazendo uma mensagem complementar e superior em relação à antiga aliança. Se não entendermos isto, voltaremos ao legalismo farisaico tão questionado por nosso Senhor. Textos como Números 15.32,36 revelam um exemplo daquilo que não tem mais valor na prática da nova aliança. Todos os elementos cerimoniais da lei não podem mais fazer parte da vida da igreja cristã, pois apontavam para a realidade superior, que se cumpre em Cristo (Cl 2.16-18). Sábados, festas judaicas, dias sagrados, sacrifícios e outros elementos cerimoniais não fazem parte da prática cristã neotestamentária.
4. Antes de Pregar ou Cantar um Texto do AT é Preciso Entendê-lo. Nem sempre é fácil entender um texto do Antigo Testamento. Muitos textos precisam ser bem estudados, compreendidos em seu contexto e em sua limitação circunstancial e teológica. Veja por exemplo o potencial destruidor do mau uso de um texto como o Salmo 137.9. Se o intérprete não entender que o texto fala da justiça retributiva divina dada aos babilônios imperialistas, as crianças da igreja correrão sério perigo!
5. Devemos Ensinar que Vingança e Guerra não são Valores Cristãos. Jesus ordenou que devemos amar até mesmo aqueles que nos odeiam. A justiça imprecatória não faz parte da Teologia do NT. Há vários salmos que dizem isso, mas tal realidade compreende-se no contexto do AT e não pode ser praticada na igreja cristã. Não podemos cantar "persegui os inimigos e os alcancei, persegui-os e os atravessei" (Sl 18.37.38), quando o Senhor Jesus ordena que devemos perdoar e amar os nossos inimigos (Mt 5.44,45). Hoje já existe até gente “amaldiçoando” outros em nome de Jesus! Teremos uma “violência cristã”?
6. Enfatizemos a Verdade de que a Adoração do NT é Superior. O Novo Testamento nos ensina que a adoração legítima independe de lugar, de monte, de cidade e de outros elementos materiais (Jo 4). Jesus insiste em afirmar que Deus procura quem “o adore em Espírito e em verdade”. A tradição evangélica sempre louvou a Deus por seus atos e atributos. Atualmente estamos cada vez mais enfatizando “o monte santo”, “a cidade sagrada”, “a casa de Deus”, “a sala do trono”. Nós somos o “templo de Deus”. Os elementos materiais poucam importam na adoração genuína. É preciso retomar o caminho correto.
7. Devemos ensinar que ser Judeu não torna ninguém melhor do que os outros. Alguns evangélicos entendem que “ser judeu” ou “judaizado” os torna de alguma forma “espiritualmente melhor”. O rei Manassés, Anás e Caifás eram judeus! Já há quem expulse demônios em hebraico! Em Cristo, judeus e gentios são iguais perante Deus. Na verdade “não há judeu nem grego” (Gl 3.28). A igreja cristã já pecou por seu anti-semitismo do passado. Será que irá pecar agora por tornar-se judaizante? Devemos amar judeus e gentios de igual modo. Além disso, podemos e devemos ser cristãos brasileiros. Não precisamos nos tornar judeus para ter um melhor “pedigree” espiritual. Luiz Sayão

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pecado sem Castigo

As ultimas semanas tem sido dificil para todos que amam o Evangelho, escrever sobre escandalos e pecados cometidos dentro da igreja evangelica brasileira, e que muita das vezes sao jogados para debaixo do tapete por lideranças comprometidas e que estao tambem em crise de integridade, custuma doer na alma. Fui presidente de dois conselhos de pastores em Armação dos Buzios e Rio das Ostras, e agora acabamos de fundar o Conselho de Tamoios, no segundo distrito de Cabo Frio. fui pastor de duas igrejas e dói-me ter de salientar os pontos em que a igreja tem falhado. A igreja evangelica atual, esta se parecendo com a arca de Noe e os dejetos de sua liderança criou um cheiro desagradavel e impossivel de suportar. Durante 21 seculos a Igreja vem dizendo ao mundo que reconheça os seus pecados. Hoje, inverteu-se as posições, é o mundo que diz a Igreja que enfrente seus pecados. A poucos dias, ao assistir uma sessão legislativa, para fazer uma materia jornalistica em Cabo Frio, fui obrigado a ouvir as denuncias de um vereador sobre a invasão dos pulpitos de algumas igrejas na cidade por politicos em busca de votos, transformando o lugar de pregação do evangelho em palanque. Outro fato que chamou minha atenção e despertou a curiosidade jornalistica, foi a distribuição de adesivos para carros com mensagens biblicas a favor do casamento, e contra o adulterio. O que deveria ser feito pelos pastores, passou para os politicos como plataforma de campanha em favor da familia. Defrontamo-nos com uma crise de valores morais. nao somente a conduta da igreja esta em debate, mais tambem o seu propio caráter. A sociedade está perguntando: - Pode-se confiar na Igreja e nos seus pastores? - E como respondemos e tão importante quanto oquê respondemos. Os leitores mais ceticos vão questionar a falta de dados numericos e a ausencia de nomes e sobre nomes nos escandalos praticados que provem a crise de integridade. Confesso que nao conheço as estatisticas, a nao ser as informações publicadas nos jornais e fornecidas pelas ovelhas insatisfeitas com os pecados encobertos a luz do dia. Mais esse artigo, nao é uma tese de mestrado sobre o pecado de corrupção e adulterio que se abateu na vida de alguns lideres evangelicos, e nao tem a obrigação metodologica nenhuma, a nao ser a de nao falsear intencionalmente os fatos a que aludo e que vêm das informações e impressões a que praticamente todos nos estamos expostos. Claro, choveram explicações para os pecados que vemos, principalmente nos tempos que atravessamos em que a impressao que se tem é de que ninguem é mais culpado ou responsavel por nada. No plano politico houve um tempo em que se dizia que o Brasil acabava com a saúva ou a saúva acabaria com o Brasil. As saúvas andam por ae, nao acabaram, e nem o Brasil acabou. Contextualizando em relação a Igreja e suas lideranças denominacionais, será a mesma coisa com o pecado? Que ele anda vivinho por ae, nao restam dúvidas, que acabe com a igreja, é pouco provavel, tão pouco. Mais que causa danos enormes é indiscutivel. Haverá quem diga que sempre houve o pecado de corrupção e adulterio na igreja brasileira e pelo mundo a fora, oque provavelmente é certo, mais apartir de certo nivel de sua existencia e, pior da aceitação tácita de suas praticas como: " Fatos da vida religiosa, se ela nao acaba com a igreja, deforma-a de modo inaceitavel. Estamos nos aproximando desse limiar. A crise enfrentada pela igreja nos dias de hoje é semelhante aquela que Jeremias e o seu povo enfrentaram nos dias anteriores ao cativeira da Babilonia.É tambem semelhante a enfrentada por Neemias quando ele arriscou a sua vida para reconstruir oque o inimigo tinha destruido. Jeremias levou quarenta anos tentando evitar a crise. E nos, levaremos quantos anos ? A despeito do desânimo causado pela multiplicação de praticas corruptas e diversos pecados nos bastidores da igreja e pela impunidade vigente, há sinais alvissareiros de alguns remanescentes que nao se dobraram a Baal e Mamon. Não nos esquecamos porem de que existe uma cultura de tolerancia com o pecado por parte de algumas lideranças religiosas, que precisam ser alterada. Não falta sacerdote conhecidos a serem elogiados em cultos solenes e ter quem os ouça como se impolutos fossem. As mudanças na cultura religiosa de algumas denominações são lentas e dependem de pregação de profetas no melhos estilo Jeremias, Elias, Natan e João Batista. Será pedir muito? E nao nos devemos esquecer de que a responsabilidade nao é so dos que transgridem as leis de Deus e as verdades do evangelho e da pouca repressão ao pecado, mais da propria membrezia da Igreja, isto é, de todos nos, por aceitar o inaceitavel e reagir em conformismo diante dos escandalos. Precisamos entender, que a crise de integridade envolve mais do que alguns pastores acusados de impropriedades morais. A crise de integridade envolve toda a Igreja. Baruch Há Shem! Pr.Sergio Cunha.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A igreja segue caminhando

Há, sem dúvida, abundantes motivos de preocupação com a Igreja em nossos dias. Em solo brasileiro o mercantilismo da fé invadiu púlpitos, livros e corações. A prosperidade material, em lugar da santidade e serviço cristão, se tornou o sonho de vida vendido nas prédicas diárias. Os títulos hierárquicos da fé são criados na busca por autoridade e destaque de egos enquanto – talvez seja o pior – a Palavra é manipulada para fins pessoais e, não raramente, ilícitos.
Não discordo das vozes de preocupação ou das lágrimas de angústia por uma Igreja que tem se encantado com as luzes deste mundo, perdeu a simplicidade cristã e, em muitos casos, se conformou com o presente século, aplaudindo-o de pé.
Vejo, porém, que, apesar de vivermos dias maus, há motivos de tremenda alegria e regozijo no Senhor, pois Sua Igreja segue caminhando. E observar o cuidado do Senhor ao preservar o caminhar da Igreja - mesmo ao transitar por ruas esburacadas e esquinas escuras - é terapêutico para a alma e estimulante para a fé.
Nos últimos tempos encantei-me com várias destas pessoas que fazem parte da Igreja caminhante. Lembro-me daquele pastor assembleiano que encontrei no Rio de Janeiro que, encarecidamente, pedia ajuda para subir o morro do alemão visto que andava de muleta por ter levado um tiro na última vez que o fez. Desejava subir novamente o morro para pregar a Palavra de Deus. Recordo-me com cores vivas também daquele mecânico de Brasília, tomado pela alegria da conversão após trinta anos de sofrimento nas drogas, e agora sem conseguir completar uma só frase sem falar de Jesus.
Também o Sr. João, leigo e semi-analfabeto, que se embrenhou nas matas amazônicas para pregar a Palavra e evangelizar – sozinho – seis aldeias indígenas, sem preparo, sustento ou reconhecimento, mas por amor ao Cristo vivo.
Não poderia me esquecer de nossos teólogos que andam na contra mão das tendências da época e, mesmo debaixo de críticas e risos, não deixam de nos apontar o caminho da Palavra e da fé. E o que mais poderíamos falar dos pastores e líderes com cabeças já embranquecidas que, após uma vida inteira de fidelidade ao Senhor e à sua Igreja, nos inspiram a seguir o mesmo caminho? E aqueles que gastam a vida, economias e forças para dar voz e uma mão amiga aos caídos à beira do caminho? É também formidável perceber que a cada semana, em solo brasileiro, milhões se apinham em templos das mais variadas espécies para praticar a comunhão e, com sede de Deus, buscá-lo enquanto se pode achar.
Dentre as maravilhas de Deus em manter a Sua Igreja viva em meio a um mundo cujas cores são fortes e atraentes, passa pela minha mente três fatos que, apesar de simples, são para mim emblemáticos. Primeiramente, após ter voltado da África para o Brasil e por aqui estar desde 2001, percebo por onde passo a presença de verdadeiras testemunhas do Senhor Jesus. Homens, mulheres, crianças e idosos que não param de falar de Cristo, distribuir panfletos com mensagens bíblicas, realizar encontros nas praças e seguir de casa em casa – pessoas que são impulsionadas a falar de Jesus a partir do que têm experimentado em suas próprias vidas – sincera transformação. Não há um lugar que passo sem uma marca – mesmo que simples, ou as vezes até fora de contexto – da determinação de se falar daquele que fez algo novo, e maravilhoso, em nossas vidas. Jesus está no coração da Igreja e, frequentemente, também em seus lábios.
Em segundo lugar recebi um pacote de cartinhas de crianças de uma igreja no interior de Minas, da escola dominical. Em várias delas afirmavam estar orando por nós – missionários – para que não nos desviássemos do nosso chamado. Pensei naquela manhã: fazemos parte de um Corpo que possui crianças que oram, escrevem suas orações e, ainda, nos exortam a não nos esquecermos do sentido da nossa vida!
Por fim, o amor à Palavra. Muitos crentes a buscam, retiram horas para estudá-la, ouvi-la e comunicá-la. Em muitos cultos o momento mais sublime é o momento da Palavra. Olhos se concentram, pessoas se ajeitam nos bancos. A Bíblia é segura com interesse enquanto canetas anotam explicações e aplicações em caderninhos ou papéis improvisados. Há algo diferente quando ela é aberta.
Sim, a franca evangelização, crianças que oram e o amor à Palavra não minimizam o quadro agonizante de uma Igreja que precisa de urgente e franca reforma de vida. Mas são alguns, dentre muitos outros, sinais de que esta Igreja segue caminhando, e o fará até o dia final quando seremos chamados - os que dormem e aqueles vivem - para ouvirmos a doce voz do Senhor : servo bom e fiel...
Rev. Francisco Leonardo Schalkwijk, homem de Deus, ao impetrar a bênção ao fim de cada culto, sutilmente adiciona uma frase que nos lembra a diferença entre aqueles que se chamam Igreja e aqueles que o são: Que a graça do nosso Senhor e salvador... seja agora irmãos, com toda a Igreja, que sinceramente ama o Senhor Jesus, agora e para todo o sempre, amém. Para ele há na Igreja aqueles que são de fato Igreja – amam sinceramente a Cristo – e aqueles que frequentam cultos, reuniões e púlpitos. Escutei a mesma verdade da boca de um indígena crente em Cristo, da etnia Ixkariana do Amazonas quando afirmou que ser cristão é conhecer a Jesus, é amar e viver a Jesus, e também falar de Jesus.
Como muitos outros, fui criado em um lar evangélico e nasci ouvindo vários hinos clássicos cristãos. Um deles dizia: Nas lutas e nas provas a Igreja segue caminhando... e, após as estrofes que falam da luta contra o pecado, o diabo e o mundo, o hino encerra como atestando o inimaginável: a Igreja sempre caminhando.
Nos encontros evangélicos internacionais o Brasil é sempre citado, e quase sempre de forma emblemática e entre frases estereotipadas. Alguns afirmam o grande avivamento que por aqui ocorre, a semelhança de outros poucos países do mundo onde o número de evangélicos cresce tão rapidamente. Outros denunciam as teologias oportunistas e exploratórias que são usadas em nosso meio para falsificar a presença e atuação de Cristo. Não raramente alguém me pergunta, como brasileiro, o que acho. A resposta sai quase de forma automática: somos tudo isto e muito mais.
Em meio a este emaranhado de iniciativas, das mais sinceras as mais questionáveis, cria-se um ambiente fluido e confuso, para nós. Porém, devemos nos lembrar que o Senhor não vê como vê o homem. Aquele que separa o joio do trigo conhece a Sua Igreja, a ama e a sustenta.
Proponho um exercício espiritual enquanto caminhamos. Preocupar-nos um pouco menos com as loucuras feitas em nome de Cristo e um pouco mais com o nosso próprio coração, para que não venhamos a ser desqualificados. Olharmos mais para os desejos do Senhor sabendo que, para isto, precisaremos quase sempre estar na contra mão do mundo.
Observarmos a beleza da presença transformadora de Cristo em Sua Igreja e tantos motivos de alegria, em tantas vidas verdadeiramente transformadas, e não somente os fartos motivos de agonia e indignação.
Para cada palavra de crítica à Igreja – autocrítica, se assim quiser – termos uma palavra ou duas de encorajamento, para nosso irmão ao lado e para nosso próprio coração.
Ouvirmos com zelo e temor os profetas que nos denunciam o erro, bem como os pastores que nos encorajam a caminhar.
Não perdermos de vista Jesus Cristo, Cordeiro de Deus e vivo entre nós, para que a tristeza advinda da Igreja não nos impeça de experimentar a alegria do Senhor.
Louvado seja o Senhor Jesus Cristo por ser Ele, com Sua autoridade e amor, e não nós, em nossa fraqueza e desamor, que faz com que a Igreja – que a Ele pertence – siga caminhando.Ronaldo Lidório é pastor presbiteriano e missionário ligado à Missão AMEM e APMT

domingo, 22 de abril de 2012

Teologia Raul Seixas e o Evangelho " maluco beleza"

É fato conhecido que um dos pioneiros do rock nacional, que fez muito sucesso há cerca de três décadas, foi o controvertido Raul Seixas. Numa mistura de protesto e busca por respostas para a vida, o conhecido “Raulzito” causou a mais diversificada reação em todo o país.
Pouca gente sabe que o falecido roqueiro conheceu o Evangelho de Cristo. Chegou até mesmo a ter um filho com sua primeira companheira, que era filha de um missionário norte-americano. Todavia, a perspectiva panteísta e agnóstica de Raul Seixas mostrou que o famoso cantor não abriu o coração para a mensagem do Evangelho. Sua morte não deixa dúvidas sobre isso!
Por incrível que pareça, se Raul Seixas não se deixou influenciar pelas boas novas de Jesus, parece-me que suas idéias estão cada vez mais presentes na realidade evangélica contemporânea. Será possível que estamos caminhando para uma “teologia do Raul Seixas”? Será que teremos um evangelho “maluco beleza”? O amigo leitor pode dar sua própria opinião.
Enquanto as Escrituras deixam claro que existe apenas um Deus verdadeiro, que está acima de sua criação (Is 44.6; Rm 1.18-21), a perspectiva panteísta aparece expressa na música “Gita”, de Raul. Ele afirmava:
“Eu sou a luz das estrelas /
A mãe, o pai e o avô /
O filho que ainda não veio /
O início, o fim e o meio.”
Este enfoque tenta tirar de Deus a glória que só Ele tem e merece. De modo geral, o panteísmo que deifica a natureza acaba definindo como categoria suprema o fluxo do movimento. Heráclito sorriria no túmulo. Tais idéias, muito presentes nos filmes norte-americanos mais populares, parecem emergir do conceito de que Deus é uma energia, “um fluir” (unção?). Em certos redutos evangélicos já se pode perceber que Deus se tornou “um poder manipulável” por “comandos determinadores”. Além disso, o enfoque da teologia do processo, que já nos influencia com todos os seus desdobramentos específicos, também diminui Deus e o coloca sob o domínio do “fluxo do tempo”, sugerindo que Ele é apenas nosso sócio na construção da história.
METAMORFOSE AMBULANTE
A idéia da supremacia do fluxo do tempo desemboca na rejeição de outras categorias fixas. A única categoria é o próprio tempo, o novo senhor absoluto. Com esse pressuposto, já não podemos ter teologia e ética definidas e claras. Embora a Bíblia seja um livro de orientações muito cristalinas sobre Deus, a salvação e o propósito da vida (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.19-21), para muitos evangélicos, a teologia “maluco beleza” é preferível.
Como diria Raul:
“Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante /
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
Se uma opinião for antiga, deve ser rejeitada! Há uma crise doutrinária e teológica em boa parte do meio evangélico. Muitas pessoas adotam hoje idéias liberais, místicas e extremistas sem a devida avaliação. Nesse caso, não importa sua fundamentação teológica, histórica e lógica. Viva a metamorfose!
Tal sensação de indefinição, presente no pensamento do roqueiro tupiniquim, ajudou a formar seu perfil estranho, controvertido e até mesmo bizarro. Não é que um grupo significativo de evangélicos também já tem se aproximado do esdrúxulo?! Há um certo desprezo pela reflexão, pela teologia, e o crescimento de práticas risíveis e simplesmente inacreditáveis. Será que podemos ouvir o eco da música de Raul ao contemplar grande parte do chamado meio evangélico atual? Será que estamos diante do
“Contemplando a minha maluquez /
Misturada com minha lucidez”?
Até onde vai a nossa “maluquez”? Será que voltaremos à lucidez? Será que muitas reuniões religiosas de hoje estão nos deixando, “com certeza, maluco beleza”? Espero que essa sensação seja um exagero! Todavia, temo que não seja!
Não faz tanto tempo assim, os cristãos evangélicos entendiam que um culto de adoração a Deus tinha, de fato, Deus como o centro do culto. Muitos cânticos tinham letra elaborada, teologia saudável e enfatizavam os atributos e os atos de Deus. No entanto, em algumas reuniões dominicais de hoje, temo que o foco esteja sendo mudado. Novas canções falam de um amor quase romântico e indefinido, divertem a massa, exaltam unção, montanhas, Jerusalém, guerra etc. O conceito de dedicar o domingo para uma diversão sem propósito e finalidade bíblica é manifesta na teologia do Raul Seixas. Como ele mesmo dizia:
“Eu devia estar contente pelo Senhor ter me concedido o domingo
para ir ao jardim zoológico dar pipocas aos macacos”.
Será que já podemos observar “uma fauna evangélica com suas macaquices litúrgicas”? Tomara que não! Espero que tudo que escrevo não passe de uma análise exagerada! Todavia, temo que não.
Como todo enfoque teológico, o pensamento do “teólogo-músico pós-ortodoxo” nacional, também possui as suas decorrências de ordem prática. Não há como fugir da realidade. A forma de pensar e ver o mundo influencia e determina a vida prática de qualquer pessoa. A verdade é que se adotarmos uma base panteísta, um pensamento relativista, uma ética indefinida e práticas místicas emocionalistas sem conteúdo, não chegaremos a lugar nenhum. E não é que o “grande teólogo-roqueiro” já sabia disso! Quem pode lembrar de sua “perspectiva teleológica” que determinou seu trágico fim?
“Este caminho que eu mesmo escolhi /
É tão fácil seguir/ Por não ter onde ir.”
Se a igreja evangélica brasileira desvalorizar a doutrina bíblica, desprezar a teologia, deixar de lado a ética e afundar-se no misticismo e nas novidades ideológicas frágeis, logo ela descobrirá que esse é um caminho “tão fácil de seguir”. O grande problema é que no final das contas “não teremos para onde ir”.
Mais do que nunca, precisamos desesperadamente voltar nossa atenção para as Escrituras Sagradas, com o verdadeiro desejo de obedecer a Deus e à sua verdade. Que Deus nos abençoe.
Luiz Sayão é pastor batista e hebraísta e produtor da série Rota 66.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pastor em Titanic evangelizou até o fim

O naufrágio do Titanic completou 100 anos na semana passada. Entre as muitas homenagens, uma igreja escocesa está lembrando os últimos feitos de um de seus pastores.Em 1912, a revista comercial The Shipbuilder, descreveu o Titanic como “praticamente insubmergível”. Ficou célebre também, a declaração feita em 31 de maio de 1911, quando um empregado da Companhia de Construção Naval White Star disse: “Nem mesmo Deus pode afundar esse navio”.O pastor escocês John Harper e sua filha Nana, de seis anos de idade, estavam a bordo na noite fatídica em que morreram mais de mil e quinhentas pessoas. Quatro anos antes, a esposa de Harper falecera e ele sabia que a menina ficaria órfã aos seis anos de idade. Mesmo assim, ele a embarcou em um dos botes salva-vidas e preferiu tentar ajudar os demais.O motivo de sua viagem era pregar em uma das maiores igrejas dos Estados Unidos na época, Moody Church em Chicago. A igreja estava esperando por sua chegada, pois não somente ele pregaria uma série de mensagens, mas daria oficialmente a resposta que aceitaria pastorear a igreja nos EUA.Harper era conhecido como um pregador envolvente e havia sido pastor de duas igrejas na Grã-bretanha, em Glasgow e Londres. Seu estilo de pregação era adequado para um evangelista como testemunham as palavras de um pastor amigo. “Ele era um pregador do ar livre acostumado a falar para grandes públicos… Ele possuía uma grande compreensão das verdades bíblicas que lhe permitam combater com sucesso todos os ataques à fé”.Quando o Titanic bateu no iceberg, Harper, por ser viúvo poderia ter se juntado à filha, mas optou por dar àquelas pessoas mais uma chance de conhecer a Cristo. Há registros que Harper correu de pessoa em pessoa, contando apaixonadamente aos que estavam em pânico sobre a necessidade de aceitarem a Cristo.Quando a água começou a afundar o navio, Harper foi ouvido gritando: “Deixem as mulheres, as crianças, e os descrentes subirem primeiro nos botes salva-vidas.” Ao ouvir um homem rejeitar seu apelo para que aceitasse Jesus, Harper deu-lhe o colete salva-vida que usava e disse: “você precisa disso mais do que eu.” Até o último momento que esteve a bordo do navio, Harper pediu que as pessoas entregassem suas vidas para Jesus.Quatro anos após a tragédia, durante uma reunião, um sobrevivente contou como foi seu contato com Harper no meio das águas geladas do Atlântico.Ele testemunhou que ele estava se agarrando em um pedaço dos detritos quando Harper nadou até ele, fazendo duas vezes o convite bíblico: “crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” Ele disse que rejeitou a oferta na primeira vez.No entanto, ao ouvir o apelo sendo repetido pelo pastor, sabendo dos quilômetros de água sob seus pés, aquele homem entregou sua vida a Cristo. Logo em seguida disse que viu Harper sucumbindo ao frio e afundando. Ele concluiu seu testemunho na reunião de sobreviventes simplesmente dizendo: “Eu sou o último convertido de John Harper”.Sua filha, Nana, foi resgatada e mandada de volta à Escócia, onde cresceu, casou-se com um pastor, e dedicou toda a sua vida ao Senhor.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Saindo da Igreja Corporativa

Estamos vivendo dias difíceis na Igreja Evangélica Brasileira por conta de seu gigantismo desenfreado alavancado por um marketing religioso praticado por Igrejas corporativas e lideres gananciosos sem nenhum compromisso com o verdadeiro Reino de Deus. Em nossas frequentes reuniões mensais do Conselho de Pastores de Tamoios no Segundo Distrito de Cabo Frio, recebemos quase sempre ministros do evangelho de pequenas comunidades locais em busca de comunhão e socorro em busca de problemas ministeriais decorrentes de um sistema religioso que esta sufocando pastores que amam verdadeiramente a Obra de Deus. Nesta semana, na véspera da páscoa, recebi um telefonema de um pastor de quase 70 anos, que após cinco décadas de dedicação a sua denominação com muito esforço e sacrifícios familiares construiu de cinco templos no interior fluminense em regiões despovoadas e esta sendo afastado da direção do trabalho por não conseguir cumprir as metas de arrecadação da igreja mãe, liderada por um pastor com formação em Gestão corporativa, porem sem o cheio de Ovelhas. Já outro obreiro iniciando seu ministério a cerca de 5 meses, abraçou varias famílias que estavam desiludidas com intermináveis campanhas de prosperidade, onde toda a sua lã e gordura foram arrancadas. Estamos diante de uma nova realidade da Igreja Brasileira, onde as relações Pastor-Ovelha e Pastor-Igreja,passaram a ser redefinidas em outras bases e expectativas de pastor-clientes. Estamos sendo esmagados por uma sociedade de consumo ávida por encantar e escravizar nossa mente e coração. A Igreja corporativa é filha da teologia da prosperidade com sua perspectiva de mega crescimento e aumento de patrimônio, visibilidade midiática, poder político e influencia na sociedade moderna, gerando uma espiritualidade destorcida. Na igreja corporativa, os executivos da Fé não encorajam seus pastores auxiliares a orarem , meditarem na Palavra e buscarem as ovelhas perdidas e machucadas. Na Igreja corporativa, existem metas financeiras a serem alcançadas e os pastores de comunidades locais são transformados em gerentes de pequenas agencias bancarias, onde são cobrados muito mais pelo seu desempenho na arrecadação de recursos do que por sua dedicação no cuidado, ensino e discipulado das ovelhas do rebanho do Senhor Jesus. Na Igreja corporativa que segue a cartilha do mercado da fé, qualificações pastorais como: integridade, caráter, ética, equilíbrio familiar, vida de oração, manejo bom da Palavra da verdade e amor as ovelhas são dispensáveis. Os referenciais neotestamentarios de qualidade pastorais foram abandonados pelos manuais de marketing e livros de auto ajuda. Na Igreja corporativa a opção preferencial esta no crescimento numérico, conquista de territórios e implantação de reinos humanos, onde Jesus esta do lado de fora dos templos. O pastor Nelson Bomilcar de São Paulo em seu brilhante artigo “ O Resgate do Pastoreio”, declara que precisamos corajosamente de revisitar as bases da vocação pastoral enfatizadas nos evangelhos e na vida de Jesus. Somente assim não seremos engolidos e mortos pelo sistema dominante. Baruch Há Shem!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tomando o Poder

Fui convidado a participar de uma grande reunião de pastores em uma cidade histórica na Região dos Lagos, para fazer uma matéria jornalística com um pretenso pré candidato a prefeito com origem pentecostal, onde foi ditado palavras de ordem para tomada do poder pelos evangélicos daquele município no próximo pleito eleitoral, onde em cada esquina possui um templo ou salão com placa denominacional neopentecostal. Após um discurso triunfalista com diversas citações bíblias fora do contexto, onde o líder manipula e é aceito sem muito questionamento, fiquei a me perguntar de onde esse pastor-empresario-politico, retirou esses pensamentos de tomada do poder? Com certeza não saíram da Biblia! Foi quando ao chegar em casa, e pesquisar suas palavras chaves de auto sugestão da massa de neófitos descobri o livro plano de poder- Deus os cristãos e a política, escrito pelo fundador do maior império religioso neo pentecostal do Brasil, Bispo Edir Macedo. Alguns lideres religiosos em nosso pais deixaram a Biblia de lado, e passaram a usar como manual de vida para conquistar o poder e fundar o reino de Homens, os ensinamentos do mestre do auto proclamado apostolo Santiago. No livro, Macedo se considera um novo Moises agindo sobre as ordens diretas de Deus. Para ele, á “Mobilização geral” dos evangélicos com sua “ potencialidade numérica” pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no legislativo quanto no executivo. Para Macedo, e agora para inúmeros discípulos espalhados pelo Brasil, a Bíblia não se restringe apenas ao orientação da fé, mais também é um livro que sugere resistência tomada e estabelecimento do político ou de governo. Isso explica o apoio deliberado na eleição da presidência da Republica em 2010 e agora a chegada ao Ministério da Pesca de um bispo da Igreja Universal, que não é por acaso o sobrinho do bispo. Baruch Há Shem!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Três falsos evangelhos: prosperidade, terapêutico e teologia da libertação.

Como Satanás está arrastando milhares de adolescentes e jovens para fora da Igreja e para longe da fé? Porque a Igreja não está sendo capaz de perceber e conter essa evasão? Onde toda essa maldade e destruição estão se apoiando? Um olhar cuidadoso para o cenário faz perceber que a estratégia usada pelo inimigo tem sido um ‘cavalo de troia’, belo por fora e cheio de destruição por dentro: a religião do ‘bem estar’.Apoiado em uma interpretação flexível da própria Bíblia, o inimigo vem minando a fé bíblica da igreja evangélica e substituindo por essa nova religião, ainda difícil de distinguir para muitos, mas definitivamente oposta ao que Jesus ensinou. Há três correntes principais desse neo-paganismo, três falsos evangelhos que a grande maioria dos crentes está seguindo para longe de Cristo. Tais evangelhos não tem poder para salvar, não oferecem os elementos para a perseverança na fé. Adolescentes e jovens aprendem tais heresias de seus pais e essa é uma razão central de seu desvio.Primeiro, enumeremos esses três ataques malígnos:O evangelho do bem estar material – ou a teologia da prosperidade, movimento religioso surgido nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que quem é verdadeiramente fiél a Deus deve desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. Não mais capaz de seduzir a população norte-americana que emergiu das crises econômicas no pós-guerra, esse falso evangelho foi despejado na América Latina por tele-evangelistas, rapidamente absorvido aqui pelo nascente movimento neo-pentecostal e é hoje refugo lançado covardemente contra a África por uma equivocada ação missionária.O evangelho do bem estar psicológico – movimento que visa a descoberta e o tratamento de problemas emocionais, como medo, complexos, baixa auto-estima, no intuito de que as pessoas sejam tratadas no espírito, na alma e no corpo, com ênfase na cura da alma. O movimento, também originado nos Estados Unidos, resultou do esforço de manter a Igreja atraente para uma sociedade cada vez mais materialista e egocêntrica e têm raízes, tanto no evangelicalismo histórico, como no movimento carismático. Entre os evangélicos históricos surgiu no condicionamento do aconselhamento cristão pela psicologia e psicanálise, entre os pentecostais, dos esforços de cura interior. Ambas as correntes proliferaram a partir dos anos 80 com a enxurrada de livros evangélicos de auto-ajuda e hoje são um mal perfeitamente institucionalizado.O evangelho do bem estar social – é um movimento essencialmente político que utiliza elementos do Cristianismo como alegoria para facilitar a disseminação de idéias de diferentes pensadores socialistas. Seus defensores a apresentam como, por exemplo, "uma interpretação da fé cristã através do sofrimento dos pobres, sua luta e esperança, e uma crítica da sociedade e do cristianismo através dos olhos dos pobres". O movimento surgiu no seio do catolicismo Latino Americano, na esteira da influência marxista, foi fortemente combatido e diminuido pela Igreja Romana, proliferou entre ditos evangélicos em alguns países da América Hispânica e influenciou o evangelicalismo brasileiro com mais força a partir dos anos 80.Diagnose do insólitoAs causas dessa monstruosidade espiritualEmbora pareçam propostas diferentes, as três correntes religiosas são extremos próximos, identificados por três ensinos heréticos centrais: a) Antropocêntrismo – O cristianismo defende a centralidade de Deus e apresenta o ser humano como inútil e sem valor, as três teologias malígnas retomam o ser humano como centro de tudo e fazem Deus gravitar ao redor de suas necessidades, desejos e ações; b) Temporalidade – O cristianismo aponta para a vida na terra como uma passagem de provação para um mundo novo e eterno, as três teologias corrosivas se concentram no que pode ser obtido imediatamente, fixando a quem pode seduzir no que é presente, temporal e passageiro; c) Materialismo – O cristianismo aponta para as coisas espirituais, invisíveis, as três correntes teológicas cativam seu público ao que é material e carnalmente desfrutável, são evangelhos da sensualidade.Os falsos evangelhos da prosperidade, terapêutico ou da libertação se contrapõe ao verdadeiro Evangelho do Reino, que anuncia o governo soberano de Deus em Cristo sobre a vontade humana e leva ‘cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo’ 2Co 10:5. Tais evangelhos são produzidos pelos inimigos da cruz, seu deus é o ventre (Fp 3:19).A endo-apologia combaterá com dificuldade esses ataques malígnos. Os falsos evangelhos se mimetizam com capricho, usando o vocabulário dos evangélicos, suas expressões e a própria Bíblia para surpreender e destruir a fé bíblica. Esses falsos evangelhos promovem uma interpretação flexível das Escrituras, baseada principalmente na dedução e em um criticismo pretensamente acadêmico e energicamente desconstrutor. No discurso, usam e abusam do palavrório apaixonado, como se estivessem militando por uma grande causa e, quando não funciona, abundam na irreverência, no sarcasmo, na ironia e na zombaria. Todas os três praticam também uma contra-apologia preventiva, acusando de reacionários, desumanos, anti-cristãos e fundamentalistas aqueles que se atrevem a ir contra suas ambições egocêntricas, temporais e materialistas. Dessa forma surpreendem, sequestram e escravizam uma igreja que deixou as Escrituras de lado para abraçar o sensacionalismo.Mas o aspecto mais venenoso de tais falsos evangelhos, é que são virais, não estão baseados nas teologias alucinadas que os geraram, mas nas características de seus hospedeiros. Quando o apóstolo Paulo nos preveniu disso, disse: "Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas…" 2Tm 3:1ss. Não é a teologia maligna, principalmente, que faz essa maldade prosperar, mas a natureza egoísta que impede os seres humanos de clamarem pelo verdadeiro Evangelho do Reino: Seja feita a Tua vontade, ó Deus. Egoístas, egocêntricos, esses são os hospedeiros de evangelhos oportunistas, que contagiam os mais jovens e causam seu desvio.Por José Bernardo

segunda-feira, 9 de abril de 2012

SETE CARACTERÍSTICAS DE IGREJAS QUE COMETEM ABUSO ESPIRITUAL

1 - Distorção da Escritura: para defender os abusos usam de doutrinas do tipo "cobertura espiritual", distorcem o sentido bíblico da autoridade e submissão, etc. Encontram justificativas para qualquer coisa. Estes grupos geralmente são fundamentalistas e superficiais em seu conhecimento bíblico. O que o líder ensina é aceito sem muito questionamento e nem é verificado nas Escrituras se as coisas são mesmo assim, ao contrario do bom exemplo dos bereanos que examinavam tudo o que Paulo lhes dizia.2 - Liderança autocrática: discordar do líder é discordar de Deus. É pregado que devemos obedecer ao ditador, digo discipulador, mesmo que este esteja errado. Um dos "bispos" de uma igreja diz que se jogaria na frente de um trem caso o "apóstolo" ordenasse, pois Deus faria um milagre para salvá-lo ou a hora dele tinha chegado. A hierarquia é em forma de pirâmide (às vezes citam o salmo 133 como base), e geralmente bastante rígida. Em muitos casos não é permitido chamar alguém com cargo importante pelo nome, (seria uma desonra) mas sim pelo cargo que ocupa, como por exemplo "pastor Fulano", "bispo X", "apostolo Y", etc. Alguns afirmam crer em "teocracia" e se inspiram nos líderes do Antigo Testamento. Dizem que democracia é do demônio, até no nome.3 - Isolacionismo: o grupo possui um sentimento de superioridade. Acredita que possui a melhor revelação de Deus, a melhor visão, a melhor estratégia. A relação com outros ministérios se dá com o objetivo de divulgar a marca (nome da denominação), para levar avivamento para os outros ou para arranjar publico para eventos. O relacionamento com outros ministérios é desencorajado quando não proibido. Em alguns grupos no louvor são tocadas apenas músicas do próprio ministério.4 - Elitismo espiritual: é passada a idéia de que quanto maior o nível que uma pessoa se encontra na hierarquia da denominação, mais esta pessoa é espiritual, tem maior intimidade com Deus, conhece mais a Bíblia, e até que possui mais poder espiritual (unção). Isso leva à busca por cargos. Quem está em maior nível pode mandar em quem está abaixo. Em algumas igrejas o número de discípulos ou de células é indicativo de espiritualidade. Em algumas igrejas existem camisetas para diferenciar aqueles que são discípulos do pastor. Quanto maior o serviço demonstrado à denominação, ou quanto maior a bajulação, mais rápida é a subida na hierarquia.5 - Controle da vida: quando os líderes, especialmente em grupos com discipulado, se metem em áreas particulares da vida das pessoas. Controlam com quem podem namorar, se podem ou não ir para a praia, se devem ou não se mudar, roupas que podem vestir, etc. É controlada inclusive a presença nos cultos. Faltar em algum evento por motivos profissionais ou familiares é um pecado grave.6 - Rejeição de discordâncias: não existe espaço para o debate teológico. A interpretação seguida é a dos lideres. É praticamente a doutrina da infalibilidade papal. Qualquer critica é sinônimo de rebeldia, insubmissão, etc. Este é considerado um dos pecados mais graves. Outros pecados morais não recebem tal tratamento. Quem pensa diferente é convidado a se retirar. As denominações publicam as posições oficiais, que são consideradas, obviamente, as mais fiéis ao original. Os dogmas são sagrados.7 - Saída traumática: quem se desliga de um grupo destes geralmente sofre com acusações de rebeldia, de falta de visão, egoísmo, preguiça, comodismo, etc. Os que permanecem no grupo são instruídos a evitar influências dos rebeldes, que são desmoralizados. Os desligamentos são tratados como uma limpeza que Deus fez, para provar quem é fiel ao sistema. Não compreendem como alguém pode decidir se desligar de algo que consideram ser visão de Deus. Assim, se desligar de um grupo destes é equivalente a se rebelar contra o chamado de Deus. Muitas vezes relacionamentos são cortados e até famílias são prejudicadas apenas pelo fato de alguém não querer mais fazer parte do mesmo grupo ditatorial.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pastores em perigo diante de Bate Seba



Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito na verdade está pronto, mais a carne é fraca. Matheus 26.41.

John Owen, considerado um dos três maiores teólogos reformados de todos os tempos, ao lado de João Calvino e Jhonatan Edwards, deixou vários estudos sobre a tentação da carne que tanto tem afetado inúmeros pastores pelo mundo a fora durante os séculos com uma frase que se tornou histórica: “ Não tropeçamos em montanhas, e, sim em pequenas pedras”. O Pequeno pastor de ovelhas Davi, conseguiu derrotar uma montanha chamada Golias, mais tropeçou em uma pequena pedra muito bela chamada Bate Seba. Semana passada, estive em Rio das Ostras, cidade que aprendi a amar e no qual participei de todo o seu processo de emancipação, aonde tenho vários amigos e irmãos em Cristo, dos quais vários são pastores e oficiais da igreja. Nesta cidade com mais de 200 templos evangélicos, esta ocorrendo com uma velocidade assustadora, o que poderíamos chamar de “ A Síndrome de Bate Seba”, pois muitos soldados, estão sendo derrotados em plena batalha contra o mal, pois ficaram no palácio contemplando a mulher de Urias. Para minha tristeza chegou ao meu conhecimento, que mais uma família foi abatida, e mais uma igreja foi disperça, por conta da busca de um pastor já idoso de um significado de vida diferente, fora dos laços do casamento. Aurelios Augustinho disse certa vez, que : “O diabo é como um cachorro louco acorrentado. Não é capaz de nos prejudicar quando estamos fora do seu alcance, mais se entrarmos em sua esfera de ação nos expormos a ser alcançados podemos ser mordidos”. Qualquer cristão experiente pode testificar o fato de que o adultério praticado no seguimento pastoral esta aumentando em proporções alarmantes no âmbito da Igreja em nossa região. E o que é pior, ele tem atingido alguns pastores, na crise da meia idade, contribuindo para a sua queda moral. Diante dos escândalos que tem acontecido envolvendo lideres experientes, fica a pergunta: “ Como pode um ungido de Deus cair a tal ponto?”. Segundo o pastor Jaime Kemp, especialista em aconselhamento de Casais, e autor do livro: Pastores em Perigo, geralmente tudo se inicia quando há descontentamento no casamento, os sentimentos mudaram e não houve empenho em resolver a situação. E para evitar que este problema aconteça Jaime Kemp deixa vários conselhos: 1° Entenda que seus pés são de barro. 2° Pense no preço que terá de pagar, olhe o que aconteceu com Davi. 3° Faça constante investimentos em seu relacionamento conjugal para reconstruir e aprofundar o amor entre o casal. E finalizando, ore muito, para ter a disposição de ser o “ Marido de uma só mulher” ( I Timóteo 3.2) Baruch Há Shem!