quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Como medir a verdadeira grandeza

Há muitos anos, o evangelista Billy Graham e sua esposa presenciaram dois exemplos típicos em uma ilha do Caribe, que os ajudaram a entender em que consiste a verdadeira grandeza de uma pessoa.
Um dos homens mais ricos do mundo, de 75 anos de idade, os convidara para almoçar em sua mansão. No decorrer da refeição ele esteve à beira de cair em prantos. “Sou o homem mais infeliz do mundo”, disse. “Ali está o meu iate. Posso ir a qualquer lugar que quiser. Tenho um avião particular e helicópteros. Tenho tudo o que quero para me fazer feliz. E mesmo assim sinto-me um desgraçado”.
O evangelista conversou e orou com ele, na tentativa de levá-lo a Cristo, o único que dá significado à vida. Após o almoço, o evangelista e sua esposa desceram a colina rumo ao pequeno chalé onde estavam hospedados. Naquela tarde, o pastor de uma igreja local foi visitá-los. Ele também tinha 75 anos. Era viúvo e passava a maior parte do tempo livre cuidando de duas irmãs inválidas. Sua figura fazia lembrar a de um grilo – sempre saltando aqui e ali, pleno de entusiasmo e amor por Cristo e pelas pessoas. “Não tenho dinheiro”, ele disse com um sorriso, “mas sou o homem mais feliz desta ilha”.
Momentos depois, o evangelista perguntou à sua esposa: “Qual dos dois é o homem mais rico?” Ele nem a esperou responder, pois ambos sabiam quem era verdadeiramente grande.
Em que consiste a verdadeira grandeza? Durante séculos, os títulos de nobreza serviram para identificar quem era quem em muitas sociedades. Isso, na maioria das vezes, tinha a ver com a origem da pessoa, seu nascimento numa família de posses e importância política. Mas já vai longe esse tempo, do qual temos apenas uma vaga noção.
Hoje, algumas publicações costumam identificar o valor e a grandeza de uma pessoa, todavia utilizando-se de expedientes que excluem a maioria dos mortais. Posses, posição social, fama e prestígio político continuam na ordem do dia. O mundo mudou, mas a questão continua a bater à porta de nossa consciência.
Billy Graham, em sua autobiografia, disse: “Não se mede a grandeza de uma pessoa pelos títulos ou riqueza que acumulam. A verdadeira grandeza deve ser medida pelo caráter interior da pessoa, ou seja, seus valores e princípios morais”.
A questão da aferição de quanto vale cada pessoa não é algo a ser deixado para o final da vida. Ninguém sabe a hora do próprio fim. Para uns, vem cedo. Para outros, bem mais tarde. De qualquer modo, isso aponta para a necessidade de a vida toda ser uma preparação para esse momento crítico e certo.
O que fazemos da vida, contudo, é que apontará se acumulamos valores morais e espirituais que definirão a nossa grandeza e largueza de alma.
Atribui-se ao Barão de Itararé a seguinte frase: “Da vida só se leva a vida que se levou”. Assim, bem no ponto em que cada um de nós está nesse exato momento na vida, é bom fazer um balanço para ver o que realmente sobra da vida que temos vivido. Isso tem a ver com o sentido que estamos procurando encontrar na própria vida.
O que então estamos a procurar? Qual o sentido da vida? O que pode nos conferir a verdadeira grandeza?
Alguns vivem confinados ao passado, presos a suas lembranças, boas ou más, mas incapazes de viver o presente com a utilidade que a vida requer. Outros, sonhadores que são, vivem com o pé no futuro, sempre esperando e buscando, mas nada fazendo de concreto para darem um propósito à própria vida.
É preciso viver a vida, aqui e agora, de uma maneira digna e produtiva, cujos valores morais e espirituais sobrepujem em muito a mesquinhez da aferição que títulos, posses, fama e quaisquer outras coisas possam tentar conferir.
Felizmente, é o próprio Deus que dará a palavra final nessa questão de quem é verdadeiramente grande, não o homem. Haverá um dia em que todos os mortais estarão em Sua presença santa, para darem conta da vida que levaram. O que sobrará então?
A Bíblia diz: “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo” (Rm 8.1). A verdadeira grandeza consiste em conhecer a Cristo e servir ao próximo (Mc 10.43). Então, comece por entregar sua vida a Cristo, pois viver em Cristo, por Cristo e para Cristo, amando e servindo ao próximo, é que confere verdadeira grandeza a uma pessoa.
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vivendo sob o signo da coerência


Certa feita, em Londres, um pastor pegou um ônibus, pagou a passagem, recebeu o troco e foi sentar-se. Ao contar o dinheiro, deu-se conta de ter recebido uma quantia maior que a devida. Decidiu, então, retornar e devolver o excedente ao cobrador. “O senhor me deu dinheiro a mais” – disse o pastor. O cobrador respondeu: “Eu sei. Estive ontem na sua igreja e o vi pregando sobre fidelidade. Eu só queria saber se o senhor vive o que prega”.
A primeira vez que ouvi essa história, tive inevitavelmente de perguntar a mim próprio se o que eu pregava batia com o tipo de vida que eu estava a viver. Isso é o mínimo que uma pessoa sensata pode fazer. Ou então, viver no limite inescrupuloso do princípio máximo da hipocrisia, que diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Todos sabemos que a ética nos ensina a viver sob o signo da coerência e que nossas ações devem, no mínimo, corresponder ao que falamos. Isto porque, independentemente da posição que ocupamos na sociedade, todos seremos cobrados quanto a isso. E quanto maior a posição, maior a cobrança. Como disse Jesus: “Àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12.48).
Não apresentar coerência nesse ponto equivale ao resultado decorrente de limpar o lado de uma vidraça e deixar o outro sujo. A visão ficará sempre embotada. Desse modo, quando pessoas investidas de autoridade são um mau exemplo, porque as palavras não condizem com suas ações, isso causa uma deformidade no psiquismo coletivo de seu grupo social, gerando insegurança e instabilidade nas relações sociais.
No mundo, há inúmeros exemplos de partidos políticos que, enquanto pequenos e fora do poder, primavam pela pregação da coerência e exigiam de seus pares e opositores correção na coisa pública. Porém, depois que assomaram ao poder, não poucas vezes pisaram em tudo o que pregavam. Só restou aos sociólogos de plantão entender o que aconteceu na esteira de sua mudança radical em sentido contrário. Mas, no geral, isso pode indicar pelo menos duas coisas: ou pregavam o que não tinham ousadia para viver, ou passaram a viver o que não tiveram coragem para pregar.
Ora, se isso é, de certo modo, comum aos partidos políticos (pois todos eles são, vez por outra, colocados em xeque entre o que afirmam em seus programas de governo e o que fazem quando assumem cargos executivos), tal só se estabecele porque há uma tolerância de grande parte da sociedade.
Por exemplo, na época da eleição, os candidatos tentaram passar a impressão de que, uma vez eleitos, transformariam a vida num mar de rosas. Na campanha, houve “solução” para todo tipo de problema.
Porém, a hora de checagem da coerência chegou. Agora que a presidenta, juntamente como os novos governadores, deputados e senadores assumiram seus cargos, será fácil constatar se as promessas foram feitas para serem cumpridas, ou se os problemas permanecerão intocados até à próxima eleição.
Pergunta-se: o que anda errado com um país, quando suas lideranças mentem ou, por incoerência ética, dizem uma coisa e fazem outra? O que fazer quando juízes se colocam acima da lei, como a fazer valer que, embora todos sejam iguais diante da lei, são desiguais perante o juiz? O que dizer quando líderes religiosos, legisladores e educadores dizem uma coisa em público e fazem outra em privado?
Quando isso acontece, a pergunta que não quer calar é essa: que lições estamos a transmitir aos nossos filhos?
A Bíblia é riquíssima em orientações para que mantenhamos a coerência entre o que falamos e o que vivemos. Paulo questiona: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? (Rm 2.21,22).
Jesus afirma: “Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não” (Mt 5.37). O que Ele está dizendo é óbvio: as nossas palavras têm de estar sob o signo da coerência. Ou seja: quando empenhamos nossa palavra, temos de cumpri-la; nossas ações posteriores devem corresponder ao compromisso dessa mesma palavra.
Apenas como exemplo, devemos nos lembrar do que foi dito a um eloquente pregador, o qual vivia na incoerência de pregar bonito e viver na fealdade de detestáveis maus costumes: “O que vives fala tão alto que não consigo escutar o que pregas”.
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe