O atleta inglês Derek Redmond havia se preparado duramente para competir na corrida dos 400 metros nas Olimpíadas de 1992, em Barcelona, Espanha. Mas aconteceu algo inusitado. Enquanto ele participava de uma prova classificatória, de repente estirou um tendão e caiu na pista sofrendo dores horríveis. Determinado a continuar, Derek fez um esforço tremendo para se levantar, arrastando-se com dificuldade para a linha de chegada.
Foi quando seu pai pulou a grade de proteção e correu para a pista. Antes que alguém pudesse detê-lo, Jim Redmond alcançou seu filho. O jovem corredor apoiou-se no ombro do pai e continuou, embora cambaleante, para completar a corrida. A multidão que assistia à prova os aplaudiu e incentivou, até que cruzaram a linha de chegada. Era como se o competidor, seu pai e todos os torcedores tivessem cruzado a linha juntos.A vida cristã é assim como uma corrida. A Bíblia nos encoraja a corrermos a carreira da fé e perseverarmos até o final, seguindo o bom exemplo daqueles que correram antes de nós. A imagem que me vem à mente é a formação dos discípulos de Jesus, quando o mestre ajuda seu discípulo a alcançar a linha de chegada. A mensagem embutida naquele episódio olímpico é que, embora tenhamos de nos esforçar muito para completar a prova, é alentador saber que não estamos sozinhos, que alguém vai estar por perto para nos ajudar quando as adversidades nos alcançarem.
A vida cristã tem a ver com a formação de discípulos. Esta é uma ordem de Deus aos pais: “Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos” (Dt 4.9).
Jesus igualmente nos ordenou: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19).
O apóstolo Paulo, numa de suas cartas, se referiu a Timóteo como “verdadeiro filho na fé”, numa das melhores definições do que significa formar discípulos. O pai ajudando o filho a vencer, de modo que este possa também ajudar os outros na competição da vida espiritual. Assim, Paulo orientava Timóteo para que gerasse outros discípulos e fizesse, indefinidamente, a verdade passar de uma geração a outra: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Tm 2.2).
Cristo é o nosso maior exemplo. O discipulado no ministério de Jesus foi algo marcante. Ele dedicou-se à formação dos doze discípulos, mas sabemos que Ele se concentrou especialmente em três deles: Pedro, Tiago e João. Em fazendo assim, deixou o exemplo para seguirmos os Seus passos.
Cada discípulo tem de fazer a sua parte. Paulo disse: “Todo atleta em tudo se domina, aguenta exercícios duros porque quer receber uma coroa de folhas de louro que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre” (1 Co 9.25). Ao jovem líder Timóteo, que vivia os altos e baixos de sua inexperiência e timidez, ele escreveu: “O atleta que toma parte numa corrida não recebe o prêmio se não obedecer às regras da competição” (2 Tm 2.5).
O que certamente Jesus e Paulo tinham em mente é que o discipulado é um método por excelência que pode ser desempenhado por qualquer pessoa. É também a maneira mais rápida e segura de preparar os cristãos para serem sal e luz na sociedade. Fazer discípulos, portanto, tem o grande potencial de produzir frutos permanentes, propiciando maturidade à igreja e ajudando na formação de novos líderes.
O melhor de tudo no discipulado cristão é que o próprio Cristo nos ajuda a chegarmos ao final da prova. Nossa vida é como se estivéssemos num estádio lotado correndo em busca da vitória: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus” (Hb 12.1).
Muitas pessoas, após alguma desilusão ou sofrimento, se desencantam e se isolam, deixam a igreja, se abatem e param de correr a corrida cristã. Famílias inteiras são desclassificadas quando se deixam vencer pelos problemas, se dividem e deixam de perseverar na fé.
Mas os discípulos de Jesus sabem que os problemas da vida não são a última palavra, são antes uma oportunidade de milagre, pois o nosso Pai trabalha por nós.
Avante, irmãos! Sejamos fiéis a Deus e ganhemos a corrida da vida com Jesus! Samuel Câmara
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