sábado, 1 de janeiro de 2011

Lembranças do Rio Gereré

Quando minha mãe, Dona Ivanild completou 73 anos e com sua luta contra o Parkinson, convidada a recordar sua infancia em Tacainbó, interior de Pernanbuco, lembrou-se das serestas do velho Arthur Oliveira, seu pai que com muito sacrificio trouxe suas filhas para o Rio de Janeiro, fugindo da seca nordestina e buscando a recuperação da saude de sua formosa Iracema. Com a vóz baixa, quase sussurando, minha mãe, fez-me recordar o respeito e o carinho devotado pelos netos ao patriarca da familia Oliveira, quando ele de posse do seu violão, sentava-se na rede em sua avenida de casas na rua Turmalina, no Parque Alian, na abandonada Coelho da Rocha, e enxia nossos ouvidos com suas canções sobre o Rio Gereré e Siri Patola, gravada por Pena Branca e Xavantinho, onde nunca descobri em que lugar ficava nesse imenso Brasil. O Velho Arthur, era um verdadeiro auto-didata , um sobrevivente da seca que venceu no sudeste. Ele nucna frequentou qualquer aula se musica em nenhum conservatorio, nunca teve um mestre que lhe ensinasse a ler alguma partitura, mais posso dizer, concerteza, que nunca ouvi uma seresta tocada tão bem, com tanto sentimento e alegria na alma. Meu avo teve varias profissões ao longo da vida, foi desde guarda sanitario, pescador, padeiro, comerciante e um maravilhoso avô. Sem ter muitos recursos ou bens materiais, ensinou aos netos, o valor do cárater. Quando da minha inscrição no vestibular de direito da Universidade Gama Filho, ele retirou suas economias debaixo do colxão, e me abençoou dizendo: " Vá meu filho, ser doutor . . ." Mesmo tendo inumeros netos, ele acreditou em mim, fato que jamais esquecerei. Este notavel avô, não ganhou estarua em praça publica, nem tão pouco nome de Rua. Mais é lembrado pelo que foi, um homem honrado e amado pelas filhas e jamais esquecido pelos netos com suas serestas sobre o Rio Gereré, onde tem Siri Patola, de dá com pé. Baruch Há Shem!

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