É sabido que o movimento pentecostal que sacudiu o mundo religioso no início do século XX não começou em Los Angeles nem em 1906. Aliás nem no século XX. O primeiro registro de uma ocorrência do dom de línguas dos tempos modernos data de 1830. O impressionante transbordamento espiritual testemunhado num velho galpão da rua Azusa, em Los Angeles, a partir do dia 14 de abril de 1906, é reconhecido oficialmente como o início do movimento pentecostal. Contudo, o avivamento que teve início naquela cidade sob a liderança de William J. Seymour também não começou no prédio que abrigou a famosa missão.
Vamos à história. Em fevereiro de 1906, Seymour chegou a Los Angeles, convidado a conduzir um avivamento numa pequena congregação holiness liderada por uma mulher, Julia Hutchins. No entanto, a perspectiva pentecostal de Seymour desagradou Julia, e, quando ele voltou para pregar no culto seguinte, encontrou a porta da missão trancada com cadeado. Um dos membros da congregação, Owen Lee, abriu as portas de sua casa para que o desamparado Seymour realizasse ali as reuniões. Em pouco tempo, o lugar não comportava mais o povo, e um casal da Igreja Batista, os Asberry, mesmo não concordando com a nova doutrina, cedeu a sua casa, que ficava na rua Bonnie Brae, para as reuniões.
Casa da rua Bonnie Brae
Certa noite, Seymour fez uma oração especial por Owen Lee, e este recebeu o batismo com o Espírito Santo e começou a falar em línguas. Foi o primeiro batismo como fruto direto do trabalho de Seymour, pois nem ele era batizado ainda! Pouco depois, na residência dos Asberry, mais sete irmãos foram batizados. Era a noite de 9 de abril de 1906. O movimento atraiu a atenção da vizinhança. Em pouco tempo a multidão era tão grande que não se podiam fechar as portas nem as janelas, e o alpendre da casa afundou sob o peso dos curiosos. A reunião estendeu-se por três dias ininterruptos, e a essa altura já causava alvoroço na cidade. Consta que Seymour foi batizado com o Espírito Santo no terceiro dia.
E o prédio da rua Azusa? Bem, como a casa dos Asberry não tinha condições de abrigar tanta gente, foi preciso alugar um local mais amplo. Azusa, digamos, é a segunda e mais gloriosa casa, porém tudo começou mesmo na rua Bonnie Brae.
Por Judson Canto
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