terça-feira, 1 de maio de 2012
Napoleão Quebra Queixo e a falta do temor de Deus
No inicio do meu ministério, e recém casado, durante muitos anos fui professor de escola dominical para uma classe única , em um templo pequeno construído as margens do Rio São João , no bairro Santo Antonio, no Segundo Distrito de Cabo Frio. Nossa comunidade assembleiana, era formada basicamente de famílias de pescadores, pedreiros, lavadeiras e alguns vendedores autônomos. O pastor Severino Ramos, um pernanbucano que tinha sido missionário no Paraguai na cidade de Villeta, tratava a todos com muito carinho, a paciência de Jô e a mansidão de Moises. Porem, existia um velho presbítero Napoleão Quebra Queixo, que vendia seu doce preparado por sua esposa, que tinha boca, mais não falava pelas ruas do bairro, mais que estava sempre a questionar a falta de rigidez nos costumes como ausência do temor de Deus. O Presbítero com nome de imperador e apelido doce, sempre questionava que no inicio das Assembleias de Deus no Brasil, e principalmente no interior do nordeste, existia uma diferença gritante entre a denominação fundada pelos suecos e agora nos dias atuais com a relativização de valores. Todas as vezes que o presbítero Napoleão recebia oportunidade para dar uma saudação nos cultos de oração, ele não se cansava de ler Atos 5, relatando o episódio de Ananias e Safira e batendo na tecla: “ E sobre veio grande temor a toda igreja e a todos quantos ouviram a noticia destes acontecimentos” ( Versículo 11). Passados alguns anos da morte do presbítero Quebra Queixo , percebo que em parte ele tinha razão em relação ao temor de Deus. Nossa denominação a exemplo da igreja primitiva, havia aprendido a temer a Deus, e nos, mesmo com cem anos de fundação, estando espalhada por todo o território nacional com milhões de membros em todas as camadas sociais, temos esquecido como temê-lo. As Assembleias de Deus durante minha juventude eram respeitadas pela sua disciplina severa, rigor nos costumes, porem grande compaixão pelas almas perdidas e intensa evangelização. Hoje, mesmo sendo a maior denominação pentecostal do mundo, com sua condição fragmentada em solo brasileiro, apresenta um testemunho silencioso de nosso reduzido nível de temor a Deus. No século anterior, havia uma certa relutância das pessoas se unirem a igreja devido a sua rigidez, onde a porta de entrada era bastante estreita. Em nossos dias, unir-se a igreja frequentemente é mais fácil do que tornar-se membro de um clube social e as pessoas aos milhares estão ingressando nessas fileiras com o previsível resultado de que a igreja tornou-se um ajuntamento de pessoas nos domingos a noite. A alguns meses, conversava com um missionário, dirigente de reuniões de oração, onde testemunhava que seu filho bebia, fumava, liderava um grupo de pagode em bailes no Rio de Janeiro, porem tinha temor de Deus e não perdia o culto de domingo. Ao final da conversa fiquei a perguntar-me, que tipo de temor é esse ? Não podemos encher nossas igrejas com pessoas não convertidas, batiza-las, entregar-lhes um cartão de membro e de dizimo e, ao mesmo tempo, ganhar o respeito do mundo. Quando a igreja se torna mundana, e o mundo se torna igrejeiro, a igreja perde tanto o respeito, tanto o poder de Deus. A Igreja não precisa ser popular e agradar a políticos e celebridades para conquistar plateias ávidas de entretenimento. A bíblia nos ensina a nos tornarmos menos semelhantes ao mundo, para que tenhamos aprovação e o poder de Cristo. Baruch Há Shem! Sergio Cunha.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário