No final da década de 90, quando iniciamos os preparativos
para a fundação da Associação de Pastores de Rio das Ostras, tendo como sede provisória
o templo da Segunda Igreja Batista do Bairro Liberdade, instaurou-se uma
discussão acalorada, entre quem poderia fazer parte da novel entidade, que se
propunha em representar diante da sociedade e autoridades públicas o clero evangélico
riostrense. Por uma questão consensual foi incluso no estatuto o adjetivo de
lideres evangélicos devidamente reconhecidos pela Igreja dando margem para
aceitação nos quadros de filiados aos diáconos e presbíteros, na sua maioria
oficiais das denominações pentecostais que se expandiam na cidade por todos os bairros, principalmente
na periferia e zona rural enquanto que no centro , estavam erguidas as
catedrais de origem reformada. Naquela época,
o pastor Francisco Gomes de Castro, líder respeitado da Associação Batista
Serra Litoral e fundador de inúmeras igrejas da Região, não aceitavam a
titulação pastoral de vários dirigentes de congregações das Assembleias de Deus,
por não possuírem formação teológica, o que quase inviabilizou a eleição do
Evangelista Luis Bento dos Santos na presidência da Associação. Pastor Castro,
defensor ferrenho da necessidade de
formação teológica, alegava que no segmento pentecostal qualquer pessoa poderia
ser consagrada ao ministério pastoral, sem vocação e sem preparação teológica. E,
para piorar as coisas na cidade, estava sendo comercializado falsos diplomas de
ordenação por um pastor estelionatário, que inclusive foi denunciado na Delegacia de Policia. Porem a discussão recorrente era: Qual a diferença entre
um pastor vocacionado e um pastor ordenado? Qual a diferença entre um pastor de fato e outro de direito? A escritora Clarisse Lispector disse que: “ Vocação é
diferente de Talento. Pode-se ter
vocação e não ter talento, isto é, pode ser chamado e não saber como ir”. Você pode ter o talento da pregação o dom da oratória,
porem, isto não faz de você um pastor. Você pode ser um teólogo e ler os livros
originais no Hebraico, grego e aramaico, porem isto, não o torna um pastor. Alguém
já disse que a diferença entre pastor chamado e ordenado está na unção. A unção
vem de Deus, Ele da a quem deseja, e a quem busca. Dois pastores podem pregar
o mesmo texto bíblico, mais apenas o que detém a unção do Espírito Santo, faz o
homem receber e entender a graça e a misericórdia de Deus. Se você possui o
chamado para o Ministério Pastoral e busca incessantemente a unção de Deus na sua vida, prepara-se para o
confronto, pois a mediocridade como enfermidade da alma vai trazer inveja sobre
o Ministério que Deus lhe concedeu. Em muitas denominações ainda não se
aprendeu que não se pode banalizar o ministério ou ordenação em massa de
pastores, pois Deus é quem chama, escolhe, elege e determina o verdadeiro sacerdote. O Ser humano apenas
pede sinais e obedece ao chamado do Senhor. Para os estudiosos da Historia da
Igreja, o principal fator de desestabilização do ministério pastoral começou
com o movimento neopentecostal onde a missão do pastor teve acrescida os adjetivos de “ Animador de auditório
relações publicas, pastor-cantor, Especialista em Marketing Religioso, pregador
de Cura em troca de Dinheiro sem qualquer pudor”, a cada dia que passa percebemos que a
fronteira entre a genuína chamada Ministerial com dedicação ao Reino de Deus estão
em turbulência com a secularização do Ministério da Palavra contribuindo para o
desgaste e quase descrédito do Ministério, pois neste seguimento pastores são fabricados
da noite para o dia, aonde neófitos na fé se auto denominam ministros do
evangelho, se auto ordenam pastores, ou
se promovem “bispos”, sem nenhum preparo ou formação, trazendo divisões e
rachas denominacionais e causando escândalos por falta de escrúpulos . Baruch
Há Shem! Sergio Cunha.
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