quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Do Exílio a Primeiro Ministro


Samson Kisekka voltava para sua casa num Domingo à tarde, quando deparou com uma grande faixa na beira da estrada, na qual se lia, com grandes letras, o anúncio: CRUZADA A BÍBLIA FALA.
Estacionando seu carro, entrou na grade tenda onde foi difícil achar um lugar. Prestou muita atenção em tudo, no povo sorridente e cativante, nas músicas religiosas que sempre o haviam atraído, e particularmente impressionou-o profundamente o sermão pregado pelo evangelista. Pela primeira vez em sua vida, a Bíblia realmente falava!
Três meses depois, batizava-se, juntamente com sua esposa Mary, a 15 de maio de 1954. Tudo mudara em sua vida – a meditação, a oração, a leitura da Bíblia, a assistência aos cultos. Sua vida devocional enchia-se de significação!
Samson Kisekka havia encontrado a Jesus, a dimensão que faltava em sua vida!
De1930a 1960 o Dr. Kisekka desempenhou importante papel na luta pelos direitos dos médicos nativos e pelo reconhecimento de sua competência. Era uma época em que a colonização trazia grandes frustrações, e os preconceitos raciais se faziam sentir de forma intensa. Seus posicionamentos firmes quanto à autodeterminação de seu povoe à justiça social tornaram-no pouco a pouco um líder respeitado em seu país, Uganda, e no exterior.
Com a independência de Uganda, e 1962, o Dr. Kisekka estava exultante! Ele e seus companheiros de ideal rejubilavam-se pelo início deu a nova era de liberdade!
Em fins de fevereiro de 1966, mediante um hábil golpe de estado, o Primeiro Ministro Milton Obote suspendeu a Constituição, dissolvei o Parlamento e assumiu todos os poderes, declarou-se Presidente e promoveu a Comandante do Exército o Coronel Idi Amin.
As condições e Uganda começam a deteriorar-se rapidamente.
Em janeiro de 1971, enquanto participava de uma reunião dos países a Comunidade Britânica, Obote é deposto por Idi Amin, e inicia-se um verdadeiro reino de terror em Uganda, até 1979.
Após uma tentativa frustrada de invasão da Tanzânia, Idi Amin foi deposto por uma coalizão das forças de resistência ugandenses com os exércitos da Tanzânia.
Depois de alguns governos provisórios, novamente Obote assume a presidência de Uganda em 1980. Foi alegada fraude no processo eleitoral, e levantou-0se imediatamente forte oposição a seu governo. O povo se dividiu em facções políticas, étnicas e religiosas.
O Dr. Kisekka descreve a situação com suas próprias palavras: “As perspectivas eram sombrias. Até dezembro de 1980, eu tinha pratifamente perdido minhas esperanças com relação ao futuro de meu país. A liberdade de expressão havia sido suprimida, as liberdades cerceadas, o povo estava sendo exterminado. Oramos muito durante aquele período e esperávamos que Deus nos mostrasse o que deveríamos fazer. Eu e milhões de outros ugandenses sentíamos que nada mais restava, senão aguardara nossa vez para sermos mortos.”
Durante o período de 1977a 1979, em que a Igreja Adventista foi proibida de exercer suas atividades pelos governo de Idi Amin, dedicou o Dr. Kisekka muito tempo e esforço para a preservação e manutenção da fé de seus irmãos.
Em 1978, estabeleceu bastante conhecido Hospital Kisekka e um berçário de cinquenta leitos. Era a culminação de seu acariciado sonho – a prestação de um serviço médico altamente qualificação para o povo de Uganda, por médicos, cirurgiões, especialista em vários campos, todos eles naturais do próprio país.
A partir de 1980, o Dr. Kisekka começou a manifesta-se publicamente contra a política de Obote, tornando-se imediatamente um homem marcado. Sua via estava em perigo, e seus dias em Uganda, contados.
No Natal de 1981, finalmente, descia o Dr. Kisekkano aeroporto de Nairobi, iniciando seu período de exílio no Quênia, impedido de permanecer em seu querido país. Quatro dias depois, suas propriedades foram devastadas. O hospital foi saqueado. Os pacientes internados foram espancados. Um dos funcionários foi morto no serviço pelas tropas do governo. São suas as palavras: “Todo meu envolvimento social em Uganda teve um final abrupto em 1981”.
Sempre com perigo de vida, o Dr. Kisekka continuou a atender as necessidades de seu país e de sua igreja. No exílio, seu lar foi um abrigo constante ara os banidos que o procuravam. Continuou a ser abençoado por Deus e pôde continuar a ajudar as causas a que dedicou sua vida.
Nos últimos meses do movimento de insurreição que surgira contra Obote, o Dr. Kisekka passou a coordenar as atividades do Movimento de Resistência Nacional em Londres, iniciando conversações de paz, com a mediação do Presidente do Quênia, Daniel arap Moi. O tato e a capacidade de negociação do Dr. Kisekka, bem como suas fervorosas orações levaram a bom termo sua coordenação com a assinatura do tratado de paz em janeiro de 1986.
Havia, entretanto, uma pergunta que surgia naturalmente: Quem seria o Primeiro Ministro em Uganda? A resposta não demorou! Foi anunciado o nome do Dr. Samsou Kisekka como o novo Primeiro Ministro. Ninguém poderia questionar suas credenciais. Como médico, havia servido a sociedade. Como pai de família, havia sido exemplar. Como empresário, havia demonstrado capacidade para dirigir. Como líder civil, havia se destacado. Havia demonstrado seu interesse pelo paíse pelo povo, arriscando sua própria vida. E, como cristão, havia demonstrado estar em perfeita comunhão com Deus.
Ao sumir o cargo, com quase 74 anos de idade, o DR. Kisekka pronunciou as seguintes palavras: “Ao ser indicado como Primeiro Ministro, penso que Deus poderá usar-me. Conheço os problemas de meu povo, seus temores, seu potencial. Esta não é somente uma oportunidade para eu ajudá-los a reconstruir a nação; é uma oportunidade para ajudá-los a reconstruir suas vidas mediante uma reforma espiritual. Creio que posso ajudar Uganda a melhorar! Posso agora instruir através do exercício de minhas funções, bem como pregar através do púlpito. Usarei, além de outros bons livros, a Bíblia Sagrada. Deus haverá de ajudar-me!”

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