quinta-feira, 12 de abril de 2012

Saindo da Igreja Corporativa

Estamos vivendo dias difíceis na Igreja Evangélica Brasileira por conta de seu gigantismo desenfreado alavancado por um marketing religioso praticado por Igrejas corporativas e lideres gananciosos sem nenhum compromisso com o verdadeiro Reino de Deus. Em nossas frequentes reuniões mensais do Conselho de Pastores de Tamoios no Segundo Distrito de Cabo Frio, recebemos quase sempre ministros do evangelho de pequenas comunidades locais em busca de comunhão e socorro em busca de problemas ministeriais decorrentes de um sistema religioso que esta sufocando pastores que amam verdadeiramente a Obra de Deus. Nesta semana, na véspera da páscoa, recebi um telefonema de um pastor de quase 70 anos, que após cinco décadas de dedicação a sua denominação com muito esforço e sacrifícios familiares construiu de cinco templos no interior fluminense em regiões despovoadas e esta sendo afastado da direção do trabalho por não conseguir cumprir as metas de arrecadação da igreja mãe, liderada por um pastor com formação em Gestão corporativa, porem sem o cheio de Ovelhas. Já outro obreiro iniciando seu ministério a cerca de 5 meses, abraçou varias famílias que estavam desiludidas com intermináveis campanhas de prosperidade, onde toda a sua lã e gordura foram arrancadas. Estamos diante de uma nova realidade da Igreja Brasileira, onde as relações Pastor-Ovelha e Pastor-Igreja,passaram a ser redefinidas em outras bases e expectativas de pastor-clientes. Estamos sendo esmagados por uma sociedade de consumo ávida por encantar e escravizar nossa mente e coração. A Igreja corporativa é filha da teologia da prosperidade com sua perspectiva de mega crescimento e aumento de patrimônio, visibilidade midiática, poder político e influencia na sociedade moderna, gerando uma espiritualidade destorcida. Na igreja corporativa, os executivos da Fé não encorajam seus pastores auxiliares a orarem , meditarem na Palavra e buscarem as ovelhas perdidas e machucadas. Na Igreja corporativa, existem metas financeiras a serem alcançadas e os pastores de comunidades locais são transformados em gerentes de pequenas agencias bancarias, onde são cobrados muito mais pelo seu desempenho na arrecadação de recursos do que por sua dedicação no cuidado, ensino e discipulado das ovelhas do rebanho do Senhor Jesus. Na Igreja corporativa que segue a cartilha do mercado da fé, qualificações pastorais como: integridade, caráter, ética, equilíbrio familiar, vida de oração, manejo bom da Palavra da verdade e amor as ovelhas são dispensáveis. Os referenciais neotestamentarios de qualidade pastorais foram abandonados pelos manuais de marketing e livros de auto ajuda. Na Igreja corporativa a opção preferencial esta no crescimento numérico, conquista de territórios e implantação de reinos humanos, onde Jesus esta do lado de fora dos templos. O pastor Nelson Bomilcar de São Paulo em seu brilhante artigo “ O Resgate do Pastoreio”, declara que precisamos corajosamente de revisitar as bases da vocação pastoral enfatizadas nos evangelhos e na vida de Jesus. Somente assim não seremos engolidos e mortos pelo sistema dominante. Baruch Há Shem!

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