terça-feira, 9 de outubro de 2012

O VOTO E O CAJADO: REPENSANDO A ATUAL RELAÇÃO ENTRE A LIDERANÇA DA IGREJA E A POLÍTICA



Durante todo o período que antecedeu as eleições 2012, em minhas viagens para atender as diversas agendas, e agora, após a apuração dos votos, pude testemunhar em nosso país um fato que precisa ser considerado: O chamado “voto de cajado”, assim denominado em razão da participação direta de pastores nos pleitos eleitorais indicando e apoiando candidatos, ou militando fervorosamente, não funciona mais.Não se trata de uma questão de desobediência das “ovelhas”, mas do exercício da liberdade no pleno exercício de sua cidadania como eleitor.

A influência dos pastores no voto das ovelhas, na maioria esmagadora dos casos é mínima (ainda há raras exceções). O que tem acontecido, é que quando um candidato indicado ou apoiado por um pastor ganha, é porque esse candidato já tinha o apoio popular, de grandes lideranças locais, estaduais ou nacionais.

A prova do que eu estou falando se dá, quando analisamos o resultado das eleições em dois municípios onde o pastor se posicionou politicamente. Num deles o candidato apoiado pelo pastor perde com uma margem de votos expressiva, enquanto no outro município  o candidato apoiado pelo pastor ganha da mesma maneira, ou seja, com uma diferença de votos considerável.

Pastores e políticos experientes concordam que a atual relação entre “voto e cajado” não tem sido interessante para a igreja, nem para a política. Como tenho sustentado, a igreja deve apoiar com oração e cooperação as ações dos governantes, mas sem nenhuma relação de barganha ou promiscuidade. A politização dos membros da igreja (formação de uma consciência política), seguida quando necessário do alerta em relação a candidatos maus intencionados, que com seus projetos e princípios destoam dos interesses públicos e dos fundamentos da palavra, sempre será essencial. Tudo isso feito com ética e responsabilidade.

A demonstração de força de um líder evangélico, ou de uma igreja local não está em eleger ou não eleger alguém, mas em buscar e fazer a vontade de Deus, e em tudo glorificá-lo. A força da Igreja de Jesus não é política, mas sim espiritual. 

Como observador do fenômeno “voto e cajado”, e com a intenção de alertar pastores e companheiros de ministério, afirmo que  precisamos urgentemente rever nossa relação com a política, antes que as coisas se agravem mais ainda, antes que percamos por completo o foco da nossa verdadeira vocação de cuidadores do rebanho do Senhor, e da prioritária missão de pregar o evangelho a toda a criatura.

É tempo de rever e restabelecer os limites entre “o voto e o cajado”!

Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares. Então Jesus, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.” (Mt 4.8-10)

Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui.” (Jo 18.36). Altair Germano

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