domingo, 20 de abril de 2008

O Martelo do Profeta


Durante reunião mensal do Conselho de Pastores de Rio das Ostras, um dos pastores da cidade, perguntou-me com qual profeta bíblico eu me identificava nos textos publicados na Folha Evangélica. Respondi-lhe de imediato: Jeremias. O profeta de Anatote foi perseguido por denunciar a corrupção e a falta de direção no Reino de Judá, pois a Reforma religiosa alicerçada no livro de Deuteronômio no governo do Rei Josias estava em reuínas. O sucessor de Josias, o rei Jeoaquim era um neófito nas leis de Deus, um boneco nas mãos do Reino da Babilônia. Jeremias portanto, foi uma espécie de jornalista na sua época, quando ele foi instruído pelo próprio Deus: “Toma um rolo, um livro, e escreve nele todas as palavras que te falei contra Israel, contra Judá e contra todas as Nações, desde o dia em que te falei, desde os dias de Josias, até hoje. (Jr 36:2). Deus tem uma mensagem para seu povo e Ele escolhe um mensageiro, no caso o profeta, que não tem compromissos com o Reino temporal, secular e político. O profeta verdadeiro, não come nas mãos dos poderosos. O seu sustento não vem dos líderes denominacionais que praticam o pecado na Casa de Deus, antes provem do Senhor da Igreja, apenas Jesus é o seu mantenedor. Quando o Senhor determinou ao profeta Jeremias: toma um rolo, um livro... a Palavra está prestes a ser escrita em material ................. um pergaminho ou ..... O processo foi delineado: escrever leva a escutar, que leva a mudanças. No curso da História da Igreja, Deus tem levantado inúmeros Jeremias, contradizendo os sacerdotes mercenários repletos de pecado, amigos do sistema. Assim como Deus foi com Jeremias, também foi com Lutero na Alemanha, João Wesley na Inglaterra, Martim Luther King Jr. nos EUA, entre outros. Jeremias foi silenciado pelo rei Jeoaquim. Foi proibido de falar em público, ele era persona non grata. A antipatia do rei Jeoaquim por Jeremias era compreensível, logo no início do seu reinado, Jeremias o repreendeu dizendo que ele imaginava ser rei apenas por gastar dinheiro como um rei. Jeoaquim era um rei ganancioso e egoísta e não era amado pelo povo. Quantos pastores que se acham reis, proprietário da Igreja, não tem tentado silenciar os profetas da Casa de Deus, não lhes permitindo nem mesmo fazer uma oração dominical no púlpito. Quantos pastores sem nenhum amor no coração, não tem expulsado vasos escolhidos do Senhor da Igreja, por considerarem suas presenças um verdadeiro incômodo. O olhar do profeta representa uma flecha no coração. As palavras do profeta representam o martelo de Deus na consciência do sacerdote e rei corrupto. Jeremias profetizou que o rei Jeoaquim seria sepultado como um animal, no depósito de lixo da cidade: “como se sepultava um jumento, assim o sepultarão, o arrastarão e o lançarão para bem longe, para fora das portas de Jerusalém” (Jr. 22:11-9). Com essa profecia, nós podemos entender porque o rei proibiu Jeremias de falar em público. Há muitos anos atrás, um pastor assumiu a direção de uma congregação. E logo na primeira reunião com os obreiros, um pastor antigo avisou ao recém chegado: Enquanto o senhor seguir os preceitos bíblicos, estaremos ao seu lado, caso contrário, continuaremos seguindo os conselhos do Sumo Pastor da Igreja. O que aconteceu, já podemos imaginar, aquele pastor passou a sofrer perseguição imposta ao profeta Jeremias: o voto de silêncio. Porém, a revelação de Deus quando é verdadeira, nunca vem desacompanhada da dor, porquanto, ‘o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna.’ A Palavra de Deus não pode ser manipulada ao bel prazer do reis e sacerdotes. Ela nos chama à uma reação pessoal, nos adverte e corrige o seu povo. Quando o rei Jeoaquim lançou o rolo ao fogo e cortou em pedaços com sua faca, isto é uma representação de todos aqueles que tentam usar a Bíblia segundo os seus interesses, que procuram manter o domínio da Igreja, como massa de manobra, porém a historia nos tem revelado que o final é bastante triste para todos aqueles que querem calar a voz de Deus.

Por: Sergio Cunha.

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