sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quando o pastor abandona o púlpito


O púlpito de muitas Igrejas tem estado vazio em Rio das Ostras e região. Foi aberto a temporada de revelações em detrimento da pregação da Palavra. Muitos pastores resolveram contratar pseudos-profetas, para encherem os templos com campanhas de sinais e prodígios e prosperidade. Outros líderes estão abandonando o púlpito em troca do palanque eleitoral para se tornarem segundo eles: “profetas no Palácio púlpito do Rei”. E existem aqueles que a cada culto dominical, entregam o púlpito a terceiros para atenderem o povo no gabinete pastoral. Quando o púlpito está vazio a Igreja fica vazia. No início do Movimento Pentecostal não era assim. Mesmo sendo liderado por homens simples de pouca instrução e sem formação teológica, porém não faltava Palavra com unção. O povo era menos exigente, mais obediente e tinha fidelidade a denominação. Lembro-me que o saudoso pastor Enock Alberto Silva, um barbeiro alagoano que na década de 80 chegou a liderar um rebanho de quase 17 mil crentes, espalhados por cerca de 105 templos na Região dos Lagos e Serrana Fluminense, quando adentrava em uma dessas Casas de Oração, o povo em respeito a sua pessoa, todos se levantavam e ficavam esperando a ministração da doutrina. Ele dizia para os faltosos: “Não abandoneis as nossas congregações, como é costume de alguns” (Hb 10.25). E naquela época não havia múltiplas opções. Parecia que o Espírito Santo era propriedade apenas das Igrejas de linha pentecostal. Hoje, alguns pastores, buscaram outras soluções para o púlpito vazio. Um deles no Distrito de Tamoios – Cabo Frio, após ter rachado, uma Igreja na década de 90 e afundado outra, colocava uma televisão com vídeo-cassete no púlpito, para as ovelhas assistirem pregações de pastores da mídia. Uma das nossas maiores e mais urgentes necessidade é pregar enquanto pastores com a poderosa unção do Espírito Santo. O louvor gospel com ritmos acelerado envolvendo toda a congregação, não substitui o púlpito vazio. A coreografia gospel com roupas sensuais, também não alimenta o povo sedento da Palavra. Festas em cima de festa, como se o Templo do Senhor fosse um clube social, também não preenche o púlpito vazio. Também não será gritando com autoritarismo e perseguição sacerdotal, gesticulação teatral ou cobrança de costumes envolvendo vestimentas, que o rebanho será alimentado e o pecador se arrependerá de seus pecados. Nada disso resolve em definitivo o problema do púlpito vazio. Para acabar com o púlpito vazio tem que haver humildade e autoridade, do tipo que tiveram D. L. Moody e João Wesley, Seymour e outros mais. A mensagem precisa revelar que o pregador crê e vive aquilo que está pregando. Enquanto muitos pastores estiverem pregando sobre o amor e ao mesmo tempo perseguindo ovelhas que discordam do seu pensamento e maneira de administrar a Casa de Deus, o púlpito vai permanecer vazio. Já ficou provado que autoridade é algo muito difícil e escasso nos dias de hoje, até mesmo dentro da Igreja. A verdadeira autoridade ela emana evidentemente do Senhor da Igreja, contudo, também depende do grau de comunhão do pregador com Deus. Não basta apenas ser amigo ou parente dos líderes denominacionais. A primeira investidura de autoridade vem de Deus. Os homens são apenas instrumentos utilizados pelo Senhor. Antes do pregador encher o púlpito, ele tem que encher seu coração vazio com o amor de Jesus. Ele tem que perdoar seus inimigos e orar por eles. Nós sabemos que isso leva algum tempo. Daí a ligação que o apóstolo Pedro faz da oração com a ministração da Palavra. A autoridade para pregar não depende de um português lusitano, de uma linguagem refinada, cheia de citações filosóficas, mas sim da atuação do Espírito Santo. A verdadeira autoridade no púlpito nasce de um sentimento de “fraqueza, temor e grande tremor” (I Co 2:1-5). A legítima autoridade somente cresce em solo humilde: “Quando sou fraco, então é que sou forte”. (2 Co 12.10). Ao levantar sua voz no púlpito, para afirmar que quem manda é ele e quem não estiver satisfeito, que procure o caminho da rua, o pastor não está exercendo sua autoridade e sim contrariando as Escrituras Sagradas que revelam que apenas o Senhor é o dono da Igreja. O púlpito vazio não tem vida. Não alimenta ninguém. Não consola. Não alegra. Não desafia. Não transmite nada! Não muda coisa alguma na História da Igreja. Não encerra com a falta de transparência no uso dos recursos financeiros. Faminta e sedenta a ovelha vai acabar morrendo, a não ser que procure outras pastagens verdejantes, porém, também vai correr o risco de receber o título de rebelde, uma rebelião diferente da obra de feitiçaria, rebelião contra a fome, contra a inanição.

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