O Retorno a casa paterna é sempre uma longa caminhada. Em
outubro de 2012, depois de 36 anos fizemos o caminho de volta para Jerônimo
Monteiro, pequena cidade no Sul do Estado do Espirito Santo, logo depois da
famosa Cachoeiro de Itapemerim , terra do Roberto Carlos. Durante a viajem
acompanhado da Esposa Ruth e os filhos Junior e João Victor, além do filho
legitimo da Cava Rocha, João Benevides Cunha, que migrou para o Rio de Janeiro aos 16 anos e agora
retornava para rever os parentes e amigos do menino João Galego. Ao chegar a
pequenina cidade fundada por um português no inicio do Século 19, paramos na
praça principal onde na infância de João Galego acontecia as touradas nas
tardes de sábado, porém as praças estavam vazias. Não havia ninguém para nos
receber. João Ratão e João Beiçola já
haviam partido para a eternidade, sem mesmo se despedir do amigo galego. Nesses vinte anos ele não teve noticias de
sua família. Foram duas décadas sem
saber de nada, daqueles que amavam... Durante a viajem, João galego ao lado dos
netos, deve ter parado para avaliar suas relações familiares com o velho Alceu
Cunha que abandonou sua mãe com cinco filhos para se estabelecer em Agostinho Porto
no Rio de Janeiro. No caminho de volta, ele provavelmente deve ter pensado num
abalo sofrido por seu pai ao perder o sitio com gado e grande plantação de café
aos pés da montanha imponente da Cava Rocha, perto de Alegre. Durante os 02 dias em que percorremos as
poucas ruas de Jerônimo Monteiro e visitamos a primeira igreja Batista fundada
em 1921 pelo saudoso pastor Carlos Leiman, e colhermos um saco grande no
laranjal do velho Dequinha e Tia Elisa e conhecermos a casa antiga onde nasceu
a Família de Rita Benevides, a Matriarca da Família Cunha, que me criou em
Belford Roxo na baixada Fluminense, e me ensinou a amar a Deus acima de todas
as coisas. Naquele momento aprendi que não podemos escolher a família em que
nascemos, mais podemos escolher o tipo de família que queremos ter. Aprendi
também a conhecer o menino João Galego, guardado no coração de João Benevides
no auto dos seus 73 anos, Aprendi também olhando para a imutável Cava Roxa, que
as vezes precisamos reunir a família num encontro marcado pelo Senhor Deus para
Ele agir em nós na confiança de que Aquele que começou a boa obra em nós, irá
completada. Baruch Há Shem!
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