Conta-se que nos EUA , na região da Louisiana , existiu um garoto, órfão de mãe, que todos os dias era levado pelo seu pai para o campo de futebol da escola para assistir os treinos e ajudar os jogadores, servindo água fresca nos intervalos dos jogos, ganhando o apelido de garoto da água.
A paixão pelo futebol levava aquele garoto simples de família humilde, a caminhar uma grande distancia todas as semanas debaixo de um sol escaldante para realizar aquilo que considerava uma missão: Servir água fresca aos atletas da sua escola, mesmo recebendo como agradecimento humilhações e escárnios, pelo seu jeito atrapalhado e inocente de enxergar a vida.
O treinador do time, era um sujeito durão com fama de vencedor na sua atividade profissional, porem um homem de palavra, onde suas promessas eram religiosamente cumpridas. O treinador tinha prometido ao diretor da escola que levaria sua equipe a vitoria no final do campeonato e estudantil. Para tanto, treinava exaustivamente. Quando o garoto da água lhe pedia uma oportunidade para entrar em campo, o treinador em tom de deboche, dizia: “ Um dia, quem sabe”.
O garoto da água, como um torcedor fanático, conhecia todas as jogadas praticadas durante os treinos e a despeito de sua frágil estrutura física, sonhava em vestir a camisa do time da escola, mesmo sendo rejeitado a cada treino. Foi quando uma semana antes do grande jogo final, um dos atletas ficou doente, e após muito insistir, o treinador sem nenhuma opção resolveu, dar-lhe uma oportunidade, o que se revelaria um desastre futebolístico, resultando em gargalhadas da platéia nas arquibancadas.
O grande dia esperado chegou. O estádio completamente lotado por uma torcida eufórica, gritava os nomes dos jogadores na certeza de sua vitoria. Bandeiras eram levantadas para serem balançadas. Gritos e assobios, marca registrada de uma disputa difícil, entusiasmava os atletas com seus uniforme de gala. O calor da emoção contribuía para o alcance da vitoria. Do outro lado do alambrado, o garoto da água, não menos eufórico, estava com suas vasilhas cheias de água gelada para saciar a sede de seus heróis. O juiz entro em campo e apitou o inicio daquele grande clássico esportivo. Parecia que toda a cidade estava naquele lugar. O emprego do treinador seria decidido naquele jogo, o que lhe causava grande aflição. Foi quando nos momentos finais com o jogo empatado, um dos principais jogadores se machucou e teve que sair, abrindo uma vaga de zagueiro. O treinador completamente nervoso com a torcida cobrando um gol final, resolve pedir tempo, para beber um copo de água fresca e escolher o jogador substituto. O treinador olha para um lado. Olha para o outro. Olga para o relógio implacável e diante da tranqüilidade expressa na face do garoto da água e no seu olhar pedinte, resolve contrariando toda sua experiência desportiva, conceder uma oportunidade, diga-se de passagem, a primeira oportunidade da vida do garoto da água. Sem relutar e com firmeza, o garoto vestiu o uniforme maior que ele, se aqueceu e entro no campo, para bater o pênalti decisivo. Encarou o goleiro, uma verdadeira muralha, mais não se intimido. Com um chute forte e certeiro, fez o gol da vitoria, levando o estádio ao delírio de alegria. O treinador, após receber os aplausos dos torcedores e parabéns da imprensa pela carta na manga apresentada no momento final, abraça o garoto da água com força e lhe pergunta : Seu pai deve estar orgulhoso pela sua vitoria?
- Creio que sim.
- Aonde ele esta?
-Ele morreu. O senhor se lembra dele?
-mais é claro. Ele era o homem que ficava gritando como um louco. “Não desista, a vitoria é sua” outra coisa que me chamava atenção nele, é que nunca tirava o óculos escuro.
- É porque ele era cego, mais enxergava com o coração de pai, que sempre acredita no filho.
Essa historia foi contada pelo professor Saulo Silva no Congresso de Dirigentes da Racco, no Atlântico Hotel em Armação dos Búzios – RJ, no dia 16/05/2009 com um texto devidamente adaptado por esse colunista.
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