Pelas inúmeras igrejas, onde tenho pregado em nossa cidade e municípios adjacentes, temos ouvido falar de avivamento espiritual. Muitas vezes alguns pastores no desejo de encher suas igrejas, fazem uma imensa propaganda sobre o suposto avivamento que está acontecendo em suas congregações.
Durante a realização da Cruzada Jesus te Chama no Ciep do Trevo, com o Pr. Marcos Feliciano, também foi anunciado, que aquele momento representava o início de um avivamento sobre Rio das Ostras. Com o crescimento e surgimento de várias igrejas de linha Neo-Pentecostal, o termo avivamento ser popularizou na cidade. Contudo, o que é precisamente o avivamento? O que a História da Igreja Cristã fala sobre o assunto? Uma das definições disponíveis aparece no mais recente livro de John Stott: “Avivamento é uma visitação inteiramente sobre natural do Espírito Santo de Deus, pela qual uma comunidade inteira que toma consciência de sua Santa presença e é surpreendida por ela. Os ímpios se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente inúmeros enormes e sem qualquer intervenção humana. Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de Deus inundado de um profundo senso e Majestade Divina, e manifesta em suas vidas através dos frutos do Espírito e dedicando-se as boas obras”.
Sobre o ponto de vista histórico, avivamento é aquele curto período de tempo em que o Espírito Santo de Deus atua plenamente no meio de um grupo de cristãos de um determinado lugar, levando-o a buscar a Deus de forma intensa, deixando de lado a rotina, a frieza e usando de maneira fora do comum para o engrandecimento do Reino de Deus. O avivamento em si pode durar pouco tempo, mais os efeitos que ele produz podem durar muito tempo.
Em geral, o avivamento ocorre depois de um período de decadência moral e espiritual, após a perda total do primeiro amor (Ap 2.4). Depois das concessões feitas perigosamente a boa doutrina e a ética, e depois de um vazio do seio da igreja que se torna insuportável. Depois de um púlpito seco, onde os pastores não possuem palavras para alimentar a igreja.
Durante o avivamento a concepção de um Deus totalmente santo gera convicção de pecado, arrependimento e mudanças. A Bíblia recupera a sua autoridade como uma regra de fé e prática. A Igreja volta-se para a salvação pela graça e mediante a fé e passa a acreditar outra vez que fora de Jesus não há salvação. Jesus torna ocupar o lugar central da Igreja e nos corações dos fiéis. Os crentes se enchem de ânimo e de alegria, para fazer a obra do Senhor.
Como resultado prático do avivamento a consciência missionária é despertada na Igreja, surgem novas vocações para o Ministério da Palavra, abrem-se novos seminários, novas Escolas Evangélicas são erguidas, obras assistências com orfanatos, creches e hospitais. As igrejas crescem em quantidades e em qualidade. Será que isso está acontecendo em Rio das Ostras?
Embora o avivamento conduza ao evangelismo, esta é uma coisa e àquela é outra. “O evangelismo é a boa nova de salvação e o Avivamento é vida nova. No evangelismo é o homem que trabalha para Deus, no avivamento é Deus que trabalha de forma soberana em favor do homem. Na igreja os pastores podem programar um culto de avivamento, mas no avivamento verdadeiro nenhum homem pode programar as ações do Espírito Santo, porque só Deus é doador de vida. O máximo que um obreiro pode fazer é orar por um avivamento, como fez o salmista: “Por ventura não tornarás vivificar-nos para que em ti se regozije o teu povo?” (Sl 85.6) ou como profeta: “Aviva a tua obra, Oh Senhor no decorrer dos anos, e no decurso dos anos, faze-a conhecida” (HC 3.2).
Os avivamentos mais famosos da História da Igreja aconteceram na Europa e na América do Norte. Entre eles estão a Reforma Protestante com Martim Lutero, João Calvino e João Knox, o grande avivamento morávio com o Conde Zinzendorf, o grande avivamento do século 18 com João Wesley e o avivamento ocorrido nas colônias americanas entre 1725 e 1760 com Jônatas Edwards e os avivamentos do século 19 com Finney e Moody.
Na esteira dos avivamentos religiosos, há sempre alguma coisa espúria, que empobrece e desvirtua o movimento, embora não o impeça nem o danifique por completo. Grupos fortes e numerosos espalhados pela face da Terra, como as Testemunhas de Jeová e os Mórnons surgiram a partir de alguns avivamentos, mais representando o significativo afastamento e distorções do modelo bíblico.
Segundo Simonton, o avivamento verdadeiro é o sopro de Deus para tirar a poeira que foi acumulada no decurso dos anos. Não importa a espessura nem o tipo de poeira. O avivamento é uma obra de Deus, periódica e poderosa. Ele recoloca a Igreja em seu primeiro amor, produz convicção e confissões de pecados, santifica e movimenta a Igreja. Desperta o gosto e a disciplina de práticas devocionais particulares, como a leitura e meditação da Palavra de Deus, oração, desabafo, confissão de fraquezas e fracassos, sentimento de carência de Deus. O avivamento leva a igreja a redescobrir a pessoa e a obra do Espírito Santo para dele se servir outra vez, como nos dias dos apóstolos.
Se na sua Igreja está acontecendo algo semelhante, com todas essas características, tenha a certeza de que está ocorrendo um legítimo avivamento. Baruch Há Shem!
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