domingo, 25 de outubro de 2009

Não me envergonho


“Ai daquele homem por quem o escândalo vem” ( Matheus 18.7)

Desde pequeno, na violenta Belford Roxo, fui ensinado a amar o evangelho, pois ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Quando adolescente, após editar o jornal estudantil “ O Xereta”, descobri que o evangelho é a melhor noticia que se tem para contar a humanidade, e o maravilhoso projeto de vida para o homem. Com todas essas certezas, no inicio da juventude nunca pude me envergonhar do evangelho. Ele me fez ver uma vida de lutas e vitorias, de alegria e esperança, e que nunca seria abandonado na beira da estrada. O evangelho nos da a confiança de que Cristo venceu a morte e também haveremos de vencer o mundo que jaz no maligno. O evangelho nos torna fortes, quando nos achamos fracos e sinaliza que o futuro do cristão esta na gloria da ressurreição. Somente depois de ler varias vezes os 4 evangelhos, consegui entender a fé daqueles dos quais o mundo não era digno, e onde eles encontraram forças para suportarem, prisões, torturas, doenças, naufrágios, apedrejamentos e toda situação de humilhações. Agora, no começo da terceira idade, em meio ao triunfalismo numérico da Igreja evangélica brasileira e com seus sucessivos escândalos, descobri ruborizado que tenho vergonha do evangelho genérico do século 21. tenho vergonha do falso evangelho do mapeamento espiritual, de atos proféticos e das extravagâncias travestidas de adoração. Tenho vergonha do falso evangelho do show gospel com sinais e maravilhas em detrimento do conhecimento bíblico. Tenho vergonha do falso evangelho da graça barata, negociada nos supermercados da fé, pelos milagreiros e donos de grandes clubes denominacionais. Tenho vergonha do falso evangelho negociado pelos discípulos da industria do tristemunho e pelas celebridades falidas, que usam o mundo gospel como caça-níquel de final de carreira. Tenho vergonha do falso evangelho, vale tudo, onde se prega: Venha como estais e permaneça como estais. Tenho vergonha do falso evangelho água com açúcar, onde Jesus parece até dono de usina no sertão paulista ou norte fluminense. Tenho vergonha do falso evangelho, onde se prega uma falsa cura interior e os pecadores perdoam os “Erros de Deus”. Tenho vergonha do falso evangelho onde não existe arrependimento de pecados e tudo continua como Dantes no quartel do Abrantes. Tenho vergonha do falso evangelho das cartomantes gospel, onde com base em profecias e revelações sem embasamento bíblico, a cruz foi abandonada e as contribuições financeiras arrecadadas. Tenho vergonha do falso evangelho que mantém cativo as ovelhas em correntes e campanhas intermináveis na infantilidade da fé, ao invés de conduzi-las a maturidade cristã através do ensino bíblico. Tenho vergonha do falso evangelho, onde em nome de Deus, o abuso de poder praticado por pastores ditadores, tem arrastado milhares de ovelhas sinceras, frágeis, crédulas, simplórias e despreparadas biblicamente ao sofrimento e esgotamento físico, emocional, material e espiritual. Tenho vergonha do falso evangelho, que alguns lideres de forma imoral pregam manipulando o dinheiro do cofre da igreja, de maneira desonesta, causando grandes escândalos de maneira irreversível para o verdadeiro evangelho. Tenho vergonha do falso evangelho, pregado por mestres segundo as suas cobiças, que negam o arrependimento, a santificação, renuncia e sacrifício da cruz, pela restituição, com emocionalismo barato e conquista da prosperidade. Tenho vergonha do falso evangelho do mal testemunho, quando pastores são presos nos estados unidos por entrarem no pais com Bíblia recheada de dólares. Tenho vergonha do falso evangelho onde leio na grande mídia que “pastor”, já se tornou sinônimo de picaretagem. Tenho vergonha do falso evangelho, que prega a união da igreja com o estado, através da troca do púlpito pelos palanques, dos templos pelos palácios. Tenho vergonha do falso evangelho esquizofrênico que odeia as segundas feiras e restringe Deus e o mover do Espírito Santo apenas as casas de oração. Tenho vergonha do falso evangelho pregado por falsos apóstolos, que ensinam que somos Deus e anjos encarnados e que buscam exaltação de seu próprio nome e ministério herético. Tenho vergonha do falso evangelho onde é derramado sangue cenográfico em cima do altar para substituir o sangue de Cristo no Calvário. Tenho vergonha do falso evangelho que praga as falsas unções do riso, sopro, palito, toalha, suor, rugido de leão, água da bica do rio Jordão, rosa vermelha do jardim do vizinho, revivendo praticas da igreja medieval, onde os pressupostos do reino são negociados ao arrepio das Escrituras Sagradas. Tenho vergonha ao perceber que muito das sarcástica critica de Matheus Martingale com o personagem Queixada como pastor oportunista e manipulador, tenha muito de verdade neste pais onde se multiplica aventureiros mercadejadores e aproveitadores que a si mesmo se intitulam pastores . Tenho vergonha do falso evangelho do avanço apostólico com guerreiros super heróis de pajelança e gerentes de expansão de agencias bancarias da fé.

Baruch Há Shem!

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