terça-feira, 9 de junho de 2009

Quando Deus esqueçe


Conta-se que numa grande cidade uma mulher, conhecida por sua espiritualidade, estava tendo visões de Jesus. Os relatos chegaram ao bispo, que decidiu verificar. Ele sabia que existe sempre uma linha tênue entre o místico autêntico e a extremidade fanática.
“É verdade que a senhora tem visões de Jesus?” — perguntou o bispo.
“É verdade” — respondeu a mulher.
“Então, na próxima vez que a senhora tiver uma visão, quero que peça a Jesus que lhe conte os pecados confessados na minha última confissão.”
A mulher ficou perplexa. “Estou ouvindo direito, bispo? O senhor quer mesmo que eu peça a Jesus que me conte os seus pecados?”
“Exatamente. Por favor, ligue-me se alguma coisa acontecer.”
Dias depois, a mulher informou o bispo da aparição mais recente. Quando o bispo chegou, olhou-a nos olhos e disse: “A senhora acaba de me dizer ao telefone que teve uma visão de Jesus. A senhora fez o que pedi?”
“Sim, bispo, pedi a Jesus que me contasse os pecados que o senhor confessou na sua última confissão.”
O bispo inclinou-se para frente, na expectativa, e perguntou: “O que Jesus disse?”
Ela olhou fundo nos seus olhos: “Bispo, essas são as exatas palavras dele: EU NÃO ME LEMBRO”.
De fato, o verdadeiro cristianismo acontece quando homens e mulheres aceitam com inabalável confiança que seus pecados não apenas foram perdoados, mas totalmente esquecidos; suas almas foram completamente lavadas no sangue do Cordeiro. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
O profeta Jeremias, seis séculos antes de Cristo, profetizou sobre esse “esquecimento” de Deus: “Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr 31.34).

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