terça-feira, 30 de junho de 2009

Pastores Coca-Cola


Certa vez, ouvi um líder de uma grande denominação pentecostal com um ar de triunfo, afirmar que sua denominação era como o Banco Bradesco, os Correios e a Coca-Cola, em cada esquina do Brasil você encontrava. Aquele pastor de origem humilde que havia chegado a liderança nacional de sua Igreja, proclamava nos quatro cantos do País, com muito orgulho, ser sua Igreja, o maior movimento evangélico do continente, com uma liderança formada basicamente de leigos, na sua maioria sem nenhuma formação teológica, porém cheios do Espírito Santo. Fazendo um paralelo, sabemos que realmente a Coca-Cola, uma bebida inventada na Geórgia, Estados Unidos, por um farmacêutico conseguiu alcançar o mundo inteiro em menos de um século e no Brasil lidera o mercado de refrigerante, após investir bilhões em boas estratégias de propaganda e marketing. Quanto ao Banco Bradesco, o maior coglomerado financeiro privado do Brasil, fundado por Amador Aguiar, um simples comerciante que possuía apenas o ensino fundamental, também lidera o ranking de maior número de agências e correntistas do País, graças a investimentos astronômicos em publicidade. Já os Correios, propriedade da União, ainda que não seja muito eficiente, mas como possui o monopólio do mercado, está presente em todas os municípios do Brasil, do Oiapoque ao Chuí.
Passado algumas décadas, observamos no Brasil, que algumas igrejas no rastro dessa verdadeira explosão evangélica, passaram a adotar as mesmas técnicas da Coca-Cola e do Bradesco para “vender” o seu produto, o Evangelho, como se fosse uma franquia esquecendo-se de proclamar seu conteúdo. As pessoas tornaram-se clientes do mercado da fé. Realiza-se a propaganda do Evangelho como um produto que você pode adquirir em qualquer esquina da sua cidade.
Prometem o céu em suaves prestações. Tem igreja, que já criou o BNH do céu, onde você não pode ficar inadimplente caso contrário, perde a benção de participar do coral celestial e andar em ruas de ouro. A metodologia para você ganhar o título celestial de sócio remido, está na participação de campanhas de milagres intermináveis, onde você vai “amarrar” o inimigo, mas também vai permanecer amarrado á denominação e ao pastor personalista. A concorrência é crescente no meio evangélico, com igrejas ao gosto dos fregueses. A pouco tempo, esteve em meu escritório, um jovem pastor pedindo ajuda para contratar um pastor Coca-Cola, que esteja na mídia fazendo sucesso, que arrebata as multidões, que opera milagres. Pois sua referida igreja, estava passando por uma crise de audiência. O auditório estava ficando vazio nos cultos e povo que estava freqüentando, não estava ofertando.
O modelo de Igreja promocional, que está crescendo em todo o território nacional, e principalmente nos grandes centros urbanos, induz as pessoas à adorarem à Deus por aquilo que ele dá e não por quem ele é. Neste evangelho que tem sido pregado, Jesus deixou de ser Senhor, para tornar-se empregado e satisfazer todos os nossos desejos.
O povo se aglomera por sua vez, para assistir a próxima atração, seduzido pelo marketing do exorcismo, do milagre financeiro ou do Profeta Pasur, filho do sacerdote Imer, que era presidente na Casa Senhor, e pregava em Jerusalém: Paz quando não havia paz, sendo amado pelo povo. Naquela época, Pasur era o Príncipe dos Pregadores, contudo só falava aquilo que o povo queria ouvir. Baruch Há Shem !

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