quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pastores ou Gerentes


A cerca de dois anos, fui convidado para participar de um Encontro de Pastores e empresários cristãos em Macaé. Na reunião estavam presentes inúmeras personalidades do mundo evangélico de projeção regional e nacional. O que poderia ser uma palestra para tratar estratégica visando estabelecer o Reino de Deus e a sua Justiça, tornou-se uma competição de egos inflamados. Antes do preletor principal realizar sua palestra, foi dado a oportunidade para cada líder se apresentar aos demais com o nome e igreja representada. O que se viu, foi um desfile de títulos eclesiásticos de maneira arrogante e prepotente. Um pastor se apresentou da seguinte maneira: “Eu sou o superintendente de 200 igrejas, tenho 10 mil pessoas sob o meu comando”. Já outro, começou a ler os títulos acadêmicos e teológicas, do tipo, sou Doutor em Teologia, formado na Europa, tenho dezenas de livros publicados e estou aqui para dar minha humilde contribuição. Teve outro pastor mais simples, que declarou almejar ganhar mais, 10 mil ovelhas para o seu rebanho e construir uma mega catedral.
Ao final da reunião, não chegou-se a nenhuma conclusão para um trabalho evangelístico para ganhar a cidade para Jesus. Está se tornando cada vez mais difícil, reunir um grupo de pastores de grandes igrejas denominacionais para orar e manter a comunhão dos santos, devido a competição religiosa, ao orgulho farisaico, a busca inconsequente de títulos do tipo bispo, apóstolo, super apóstolo ou semi Deus. A um certo tempo passado, meu amigo Roberto de Souza, engenheiro da Embratel aposentado, especialista em sistemas de organização e planejamento, foi convidado pela esposa de um jovem pastor de uma igreja emergente, a criar uma estrutura organizacional visando tornar sua igreja no município, a sede de uma grande corporação evangélica, pois o jovem pastor tinha recebido uma “revelação” de que ele possuía uma visão apostólica e não uma simples visão pastoral para um pequeno rebanho. Diante dessa situação, que a Igreja evangélica está vivenciando, chegamos à conclusão infeliz de que alguns pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda com frequência alarmante, e se esquecendo de que todos somos apenas servos inúteis, e de que Deus não divide sua glória com homem algum. Isso não quer dizer que estejam deixando à Igreja, e sendo contratados por alguma empresa. Na verdade, muitos obreiros estão transformando suas pequenas igrejas em grandes negócios, onde eles são os gerentes, que precisam alcançar os alvos mensais de arrecadação. O que muitos pastores estão abandonando, não somente no Brasil, nos Estados Unidos, como bem poderia afirmar o pastor Canadense Eugene Peterson é o chamado. Prostituiram-se após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram a História da Igreja de Cristo nos últimos vinte séculos. Alguns pastores se transformaram, em gerente de lojas, sendo que os estabelecimentos comerciais que dirigem são as igrejas. Suas preocupações são como manter os clientes felizes, como atraí-los, para que a loja/Igreja, não fique vazia, e para que aumente sua contribuição financeira (Dízimos e Ofertas).
Alguns pastores são ótimos gerentes, atraindo muitos consumidores da fé, levantando grandes somas em dinheiro e desenvolvendo uma excelente, porém, falsa reputação. Ainda assim, o que fazem é gerenciar uma loja, e não apascentar um rebanho. Esses pastores fast-food, quando sonham, tem verdadeiro delírio de grandeza, não conseguem derramar lágrimas pelas almas perdidas, mas sim, pelo dinheiro que deixaram de arrecadar. A verdade bíblica, é que não existem igrejas repleta de sucesso. Baruch Há Shem!

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