quarta-feira, 16 de julho de 2008

Servos ou Senhores


De tempos em tempos surgem movimentos no seio da Igreja cristã visando confundir os eleitos e afasta-los da verdadeira doutrina. O diabo inimigo de nossas almas e da Igreja de Cristo, após ter induzido os reis e imperadores a tentar destruir o evangelho, matando os cristãos na arena do Coliseu, jogando-os as feras, queimando-os vivos, crucificando-os ou com outra martírios, não conseguiu seu intento, pois mediante o derramar do sangue de um justo, o Senhor acrescentava dia-após-dia milhares ao seu exército. Não satisfeito com suas artimanhas, o inimigo resolveu destruir a Palavra viva para que não se propagasse no coração do povo aflito e carente. Para tanto, milhares de Bíblias foram queimadas em praças públicas a começar na Alemanha no período da Reforma Protestante diante da iniciativa do monge agostiniano Martinho Lutero em traduzir as Escrituras Sagradas para o idioma alemão, dando acesso a população pobre ao tesouro incomparável. Como nada pode deter o crescimento e avanço da Igreja de Cristo sobre a Terra, mais uma vez o diabo foi a derrotado, e milhões de bíblias foram impressas e distribuídas no mundo revelando o plano de salvação para a Humanidade. Contudo, o inimigo que não dorme, arquitetou um plano maligno. Já que ele não conseguiu matar todos os cristãos e faze-los renegar sua fé no Senhor Cristo; já que ele não conseguiu deter a propagação do Evangelho através da distribuição de Bíblias no mundo sedento da Palavra. O inimigo resolveu dividir e subdividir a Igreja de Cristo através do veneno das heresias e falsas religiões com movimentos temporais que surgem mediante a interpretação errônea das Escrituras por Falsos profetas. Um desses movimentos que se espalham na seara do mestre, a casa século e que tem causado um verdadeiro estrago, é o movimento dos Super Crentes ou confissão positiva conhecida popularmente como a “Teologia da Prosperidade”, cuja corrente doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé.
Assim a marca do cristão cheio de fé e bem sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou possui fé insuficiente.
A Teologia da Prosperidade prega que Jesus foi milionário, que o cristão não precisa consultar médicos e tomar remédios e invertem as posições se servo e Senhor. Segundo o movimento da fé, a soberania de Deus é limitada pela vontade humana. De fato, a pobreza espiritual hoje é galopante na casa de Deus. A fome força os crentes a procurar algo para satisfazer suas necessidades básicas. As Igrejas, mega-templos, catedrais da Prosperidade estão sendo invadidas pelo adultério praticado nos púlpitos, obreiros estão se divorciando, o heavi metal “evangélico” está conquistando a nossa geração. O sexo livre é praticado entre os jovens crentes após o culto e as drogas consumidas, tentam preencher o vazio de suas almas.
O Evangelho de arrependimento não é mais pregado. Foi massificado, enlatado, e vendido em supermercadorias da fé, filias ou franquias de verdadeiras redes onde o céu pode ser alcançado mediante uma pequena oferta.
A pregação tornou-se diet, de acordo com os novos tempos e os desejos de consumo dos evangélicos emergentes.
Não existem mais profetas apontando como Natan: “Você é o homem!”
Tudo tornou-se normal. A igreja de Cristo, lugar de arrependimento e confissão de pecados, foi transformada no decorrer dos séculos em um clube social, onde todos se conhecem e gostam de cantar o sucesso do momento, que toca nas emissoras exaustivamente.
A alguns anos passados, ao visitar uma Igreja da Região dos Lagos, no início do meu ministério, presenciei uma cena hilária: o pastor da congregação deu oportunidade a um velho presbítero para ser o mensageiro da noite. No começo, pensei que seria um culto abençoado, com testemunho de vida edificada na presença do Senhor. Para minha surpresa e decepção, o ancião colocou as mãos nos bolsos da calça e começou a desfilar no púlpito, contando histórias de pescadores, misturadas com a do profeta Jonas. Como o povo ria de soluçar, o pastor de maneira enérgica retomou a direção do culto e advertiu aquele irmão neófito, para que na próxima oportunidade falasse apenas de Jesus. Depois de cerca de 10 anos, fui convidado a pregar naquela Igreja sexagenária e o que encontrei foi uma igreja moribunda, reduzida a um punhado de membros.
Faltava alimento para aquele povo. Na verdade os sermões pregados naquele púlpito, eram divertidos, porém, nunca de arrependimento. O povo não dobrava o joelho e se derramava em lágrimas após a mensagem. Eles estavam com fome da Palavra de Deus.
Em tempos de avivamento, as pessoas não queriam visitar as igrejas pentecostais, pois temiam receber o martelo de Deus sobre os seus pecados. Suas consciências seriam queimadas pela ação do Espírito Santo. Hoje, acontece o contrário, como as Igrejas foram transformadas em casas de Shows, onde toda parafernália eletrônica quer convencer o homem do pecado, tornaram-se o lugar mais conveniente para as pessoas se esconderem dos olhos inflamados de um Deus Santo. Sabem porque? Deus não habita em uma igreja morta, onde seus pregadores mais parecem carregadores de caixão que apóstolos de vida.
Em suas contestações, alguns pastores vão afirmar que suas igrejas estão completamente lotadas.
Que seu rebanho é fervoroso. O ministério de louvar é avivado. Porém, lhes digo, que nem todas catedrais mesmo repletas são necessariamente cheias de vida.
Nós somos o que comemos. Se porventura nosso alimento é palha seca, comida requentada ou até mesmo estragada, a conseqüência inevitável será a fome, seguida de morte.
A Igreja de Cristo necessita comer da carne do filho do homem e beber de seu sangue, para que tenha vida. Ainda bem, que existem os remanescentes que não dobraram os joelhos diante de Baal e clamam pelo maná do céu.
Graças a misericórdia do Senhor, no meio de uma geração de pastores mercenários que comem a gordura de suas ovelhas, um santo sacerdócio levítico está sendo levantado para servir o rebanho com o pão dos anjos (Sl 78.25), assim como o maná, para os israelitas no deserto. Quanto ao sucesso do Programa governamental Fome Zero, não podemos afirmar se sortirar efeito. Mas com relação as promessas de Deus a sua Igreja, nisto temos certeza e nos alegramos. Pois como declarou o profeta Habacuque: “Ainda que a Figueira não floresça, nem haja fruto na vide, o produto da oliveira falte, os campos não produzam alimento, as ovelhas sejam roubadas do aprisco e nos currais não existam gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. Pois o Senhor Deus é a minha fortaleza...”

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