terça-feira, 29 de julho de 2008

Por que as ovelhas devem admirar o pastor


Atualmente a TV brasileira exibe um enlatado americano nas tardes de sábado, que tem por título: “Todo Mundo Odeia o Cris”.
Certa vez, fui convidado a ministrar um estudo bíblico em uma Igreja sexagenária de linha pentecostal, onde cerca de 50% da membrezia não suportava o líder espiritual, colocado pela denominação de maneira impositiva.
O pastor em questão vociferava no púlpito para as ovelhas: “Vocês são obrigadas a me amarem e obedecerem, pois está na Bíblia.” Muitos pastores que pertencem a denominação evangélica, cujo sistema de governo é episcopal, pensam que seu cargo ou posição são suficientes para conquistar o respeito, amor e admiração de suas ovelhas. Nada é mais ilusório. Cada dia surgem mais pessoas que almejam o episcopado, se preparam para isso, como obreiros aprovados e acabam fundando novas denominações, quando não encontram espaço para servir a Deus em suas próprias igrejas.
O grande problema de pastores-delegados, sempre com a cara amarrada, que se acham donos da Igreja de Cristo, é que eles não têm capacidade de criar no coração das ovelhas, o amor de Cristo. Mesmo porque, esses líderes não trazem amor no coração, são incapazes de atitudes semelhantes ao Bom Pastor.
Um pastor na posição de pai espiritual, jamais vai ganhar a admiração e o amor de seus filhos na fé, somente porque é seu pai biológico, embora muitos pastores pensem que isso basta. A aceitação da liderança espiritual é um sentimento que brota como o amor.
Quem não tem a capacidade de amar e conquistar suas ovelhas, acaba usando a força do cargo para se impor e ser obedecido. Na marra, na base do autoritarismo, um líder espiritual nada consegue. A ovelha precisa ser conquistada para respeitar o pastor integralmente, como seu líder e como pessoa. Este é o segredo.
As pessoas podem obedecê-lo por vínculo afetivo à Igreja ou por medo de serem desligadas do roll de membros. No fundo, o pastor não vocacionado para o ministério, sabe que não pode contar com essas ovelhas, que muitas das vezes, ele denomina de rebelde. Não há pacto bíblico entre eles. É como um general que comanda uma tropa de mercenários. Se surgir uma oportunidade, os soldados se bandeiam para o lado que pagar mais. Isso acontece com relativa freqüência em consagrações espúrias, onde o pastor para manter-se na titularidade do rebanho, negocia consagrações de oficiais para ter aliados. Na história da Igreja, isso recebeu o nome de Simonia.
Durante um período de minha vida profissional, trabalhei um tempo na Rádio Litoral AM de Rio das Ostras, quando pertencia ao grupo Iltamir de Abreu de Comunicação em 1990. Na época, o arrendatário da emissora, nomeou como gerente sua prima, que nada entendia de jornalismo ou administração, tão pouco possuía nenhuma noção de liderança. Ninguém da equipe queria escutá-la. Muitas vezes, a liderança autêntica brotava de um radialista subalterno. Em vez de se apoiar nisso, a gerente ficava com ciúme e cobrava obediência da equipe. Era atendida porque o pessoal tinha medo de perder o emprego. Mas a admiração pelo radialista popular continuava. Em vez de ficar competindo com o radialista, a gerente faria melhor se tentasse aprender como o radialista conseguia tocar o coração das pessoas.
Isso acontece muito em igrejas, onde o pastor não foi chamado por Deus para ser um mestre na Palavra ou um pregador eloqüente,e fica com ciúme dos obreiros cheios de unção e acaba negando-lhes o púlpito até mesmo para fazer uma oração.
Está provado que hierarquia eclesiástica não garante e nem sustenta uma liderança pastoral ilegítima.
Pense nisso: Se o rebanho que Jesus colocou sob o seu pastoreio, escuta você, respeita suas idéias, ouve sua voz, isso significa que você está ajudando as pessoas a realizarem sua caminhada de fé. Se você tem que usar a força do cargo de presidente ou dirigente para ser ouvido, se as pessoas o temem, você ainda não chegou a estatura de Moisés, que mesmo sendo manso e humilde, liderou cerca de 2 milhões de pessoas no deserto.

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