sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Igreja dos Decepcionados


Na virada do ano de 2007, fui visitar com a minha família, uma congregação no Distrito de Glicério na Serra Macaense, interior do Estado, a convite do meu cunhado presbítero Levi Gomes, que havia sido empossado como dirigente a cerca de duas semanas. Glicério é conhecida pela beleza de suas cachoeiras, a força das águas que desce do Frade e abastece Macaé, capital nacional do petróleo.
O Evangelho naquele lugar agradável chegou já faz mais de 40 anos pelas mãos de pastores batistas, contudo, mesmo com cerca de nove templos de diversas denominações, sejam tradicionais, pentecostais e neopentecostais, a mensagem bíblica cristocêntrica não consegue avançar.
Após fazer algumas visitas à famílias que estavam afastadas ou fraquejando na fé, encontramos uma jovem próxima ao poço da Siriaca, local onde centenas de turistas procuram para se banhar. Descobrimos que Rose, com cerca de 30 anos, fora obreira durante 10 anos de uma igreja neopentecostal que prega somente a prosperidade. A jovem Rose, com muita sinceridade, revelou-nos que era proprietária do pequeno bar, e mesmo estando afastada da Casa de Deus, ela se considerava evangélica, mas do tipo decepcionada com a Igreja. Naquele momento, após orarmos por ela na mesa do seu bar e convidá-la a participar do reveillon em nossa humilde congregação, descobrimos que Rose, fazia parte de uma nova denominação: “A Igreja dos Decepcionados”. Esta igreja é formada de pessoas, que são atraídas com a promessa de ficarem ricas, serem curadas e resolverem todos os seus problemas.
No entanto, depois de algum tempo, elas vêem aquelas esperanças frustradas. Nessa igreja acontece que, muitas vezes as promessas dos pregadores não se concretizam – é claro que nem todos são curados, nem todos ficam ricos e nem conseguem chegar ao altar com um modelo global. E isso acaba produzindo frustrações e decepções em muitas pessoas, o que leva a ovelha a fazer parte de um grande contingente do fenômeno chamado de “trânsito religioso”. Ou seja, o que ela não encontrou naquela igreja, a solução para os seus problemas, ela vai quase que imediatamente buscar em outra, criando um círculo vicioso. Nos meus tempos de garoto, quando era membro de uma igreja histórica na Baixa Fluminense nos idos da década de 70, lembro-me que não era assim que funcionava o exercício da fé. Se algo não ia bem numa igreja, ou se as expectativas do cristão não se cumpriam, ele aguardava, e por muito tempo, em oração e resignação sabendo esperar no Senhor, para que a apenas o cabeça da igreja fizesse a obra.
Os cristãos do século passado possuíam raízes e não era qualquer luta que o removeria do lugar onde Deus o colocara. Assim como na sociedade atual em seus problemas sociais existem o movimento dos sem-terra, movimento dos sem-casa, também constituem hoje, os decepcionados da fé com o movimento dos sem-igrejas, e olha que no Brasil existem mais de 500 denominações que obrigam os cerca de 40 milhões de evangélicos. Que Deus nos ajude a voltarmos a nossa velha prática bíblica de buscarmos ao Senhor da benção e não apenas a benção do Senhor.Baruch Há Shem!

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