quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Deus e o dinheiro


Na semana seguinte à Páscoa, recebi em minha residência um jovem obreiro que acabara de assumir uma congregação, enfrentando grandes dificuldades para levantar a auto-estima do povo e realizar um trabalho de evangelização visando trazer as pessoas para o Reino de Deus. A pequena Casa de Oração, tinha 16 anos de fundação e possuía arrolado como membros, apenas 15 ovelhas, ou seja, o trabalho não crescia. Era um crente por ano. Contudo, o novo obreiro que havia substituído o antigo pastor devido a problemas de saúde, estava decidido a fazer daquela congregação, uma igreja frutífera e dinâmica. Porém, havia um impedimento, com a falta de recursos financeiros, o novel pastor começou a realizar campanhas, o que trouxe um reforço de caixa e atraiu a atenção do seu pastor regional, que passou a exigir dele metade da receita arrecadada, sem porém prestar contas a membrezia de maneira transparente. O pastor regional, declarara em bom tom: “O povo não precisa saber quanto entra e quanto sai”. Você me deve fidelidade!
Aquela situação vivida por aquele obreiro, se repetia na vida de centenas de outros, que há muito suspeitava: Nem todos os que dizem “Senhor, Senhor” são dignos de confiança quanto a aquisição honesta do dinheiro trazido à Casa de Deus e a maneira sábia de empregá-lo no pagamento de despesas. O jovem pastor sabia que a reação imediata, seria a redução dramática das contribuições, gerando uma crise de integridade. Durante o meu seminário teológico, aprendi com o pastor Nemuel Kessler, que as armas principais que o inimigo da Igreja usa para destruir o ministério pastoral são: orgulho, dinheiro e sexo.
Tempos atrás, um pastor já idoso, recebeu um convite para assumir uma grande Igreja que estava em crise, com a condição de não receber nenhuma prebenda durante alguns anos, até a situação se regularizar. Entendendo ser um chamado de Deus, aquele ancião aceitou. Porém com o retorno do povo que havia abandonado a Igreja e por conseqüência o aumento dos dízimos e ofertas, o líder religioso adquirido fama, tornando-se orgulhoso e passando a ser a lei para si próprio e fazendo o que bem entendia. Afinal de contas, os bem-sucedidos servos de Deus, na posição de pastores regionais não têm o direito de viver acima da lei divina?
Esse filme já conhecemos. O ministério requer dinheiro, mas precisamos tomar cuidado para que o dinheiro não comece a requerer o ministério. Jesus nos alertou sobre as “riquezas da injustiça” (Lc 16:9) e “Sedução em riquezas” (Mt 13:22). Ele está nos dizendo que a riqueza é corruptora.
Não podemos servir à Deus e a Mamon (Lc 16:13).
O fato de um pastor presidir uma Igreja, não lhe dá o direito de faltar com a transparência no livro caixa. A Bíblia revela que os verdadeiros líderes espirituais do povo de Israel tiveram em cuidado em manter as mãos limpas em relação ao dinheiro, e não usaram sua posição ou autoridade para explorar o povo.
Abraão recusou os despojos de Sodoma: “Levantei a minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o criador dos Céus e da Terra, jurando que não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, nem um fio, nem uma correia de sapato, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão” (Gn 14:22-23).
Já o profeta Samuel declarou: “Eis-me-aqui, testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido: De quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? Aquém defraudei? A quem oprimi? E das mãos de quem recebi suborno para encobrir com ele os meus olhos?” (I Sm 12:3).
O apóstolo dos gentios ao falar aos pastores de Éfeso declara: “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes. Nós mesmos sabeis que estas mãos proveram o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo. Tenho vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, e necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do próprio Senhor Jesus, mais bem-aventurado coisa é dar do que receber”. (At 20:33-35).
Uma das maiores provas de honestidade e transparência do apóstolo Paulo, está na criação de uma comissão escolhida pelas igrejas gentias para com Tito; receber a oferta de amor e levá-la aos crentes judeus pobres da Judéia. Porque o próprio Paulo não levou a oferta sozinho? Porque envolver todos aqueles homens? A resposta está em 2Co 8:21: “Pois, zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens”. Paulo na condição de apóstolo, poderia simplesmente dizer: “Deus sabe o que estou fazendo com o dinheiro e não preciso dar satisfação a mais ninguém”.
Uma das qualificações para o ministério pastoral é “não ser cobiçoso de torpe ganância” (Tt 1.7), caso contrário, o ministro se tornará um mercenário da fé. Que Deus nos livre dos pastores que servem a Mamon. Baruch Há Shem !

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