quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quando caem as máscaras


Em 1970 em Belford Roxo na Baixada Fluminense, aconteceu um assassinato que mexeu com a população. Um taxista antigo na cidade, pai de uma família numerosa, foi encontrado crivado de balas no banco de seu táxi, em uma rua deserta do bairro Jambuí.
Diácono da Igreja Batista, o taxista era admirado e amado pela comunidade evangélica Belforroxense, como um exemplo de bom marido, pai atencioso e servo fiel na Igreja de Cristo.
O sepultamento arrastou uma verdadeira multidão ao cemitério da Solidão. Passado algum tempo, após sucessivas investigações policiais, descobriu-se que o taxista fora atraído para uma armadilha pelo amante de sua amante.
Aquele homem possuía uma vida dupla. Na igreja cantava no coral, era professor da Escola Dominical. Em casa, era um marido amoroso e um pai dedicado à família. Na rua, durante as madrugadas levava uma vida promíscua.
Infelizmente, este não foi um caso isolado de vida dupla.
No fim da semana, um furacão se formava no Oceano Atlântico e ameaçava abater-se sobre a Costa Leste dos Estados Unidos. No Estado de Nova Jersey, grudado de um lado em Nova York e de outro no mar – na rota, portanto, da intempérie -, ninguém estava ligando. Lá, só se falava em outro turbilhão: a atitude tomada pelo governador democrata James McGreevey(foto), que num discurso de seis minutos transmitido em rede nacional pela TV anunciou, de um fôlego só, que é gay, teve um caso com outro homem; e decidiu renunciar ao cargo a partir de 15 de novembro. Encerrado o pronunciamento, McGreevery deu a mão à segunda mulher, a sorridente Dina Matos, com quem tem uma filha de 2 anos (tem outra, de 12, com a primeira mulher, que mora no Canadá), e da mãe, Ronnie, foi embora sem falar com ninguém. Atônitos, repórteres e assessores que lotavam o prédio do governo na capital, Trenton, tentavam digerir as revelações.
Elas começaram lá pelo meio do curto discurso. “Chega um ponto na vida da pessoa em que ela tem de olhar fundo no espelho da alma e decifrar sua verdade no mundo – não como a desejamos, ou esperamos, mas como é de fato. E a minha verdade é: sou um americano gay”. E mais adiante: “Estou aqui hoje porque, vergonhosamente, mantive um relacionamento adulto e consensual com outro homem, o que viola os laços do matrimônio. Foi errado. Foi estúpido. Foi indesculpável”. E por fim: “Dadas as circunstâncias que cercam o relacionamento e seu provável impacto sobre minha família e minha capacidade de governar, decidi que o caminho certo é a renúncia. Para facilitar a transição, ela entrará em vigor em 15 de novembro deste ano”. Nos círculos próximos ao governo estadual, havia muito se comentava sobre a conduta sexual do governador, mas, para o eleitorado em geral, foi absoluta surpresa. “Na propaganda do governo, ele aparecia com a mulher e a filhinha e a frase ‘Um homem de família’, conta.
McGreevey assumiu o cargo em 2002 e ainda tinha um ano de mandato pela frente. No próprio dia da posse, já mexia os pauzinhos para entronizar em uma sala no 2º andar da sede do governo aquele que seria o pivô da crise: o israelense Golan Cipel, 35 anos, ex-soldado, ex-relações públicas, poeta nas horas vagas, uma figura meio misteriosa que ele conheceu em visita a Israel dois anos antes e que cismou de nomear encarregado da segurança antiterror. A nomeação de Cipel não emplacou, visto que suas credenciais para o cargo, exaltadas em um currículo preparado pelo gabinete do governador, eram na verdade praticamente nulas. McGreevey fez dele então seu assessor pessoal, com salário de 110 000 dólares por ano, e assim permaneceu por oito meses, quando a falta de uma função definida – e a boataria incessante nas repartições - o obrigou a sair. McGreevey, impávido ombro amigo, ainda lhe deu referências para outros dois empregos.
Dias antes da renúncia, funcionários do governo de Nova Jersey alertaram o FBI para o fato de que Cipel, que andara ameaçando abrir um processo de assédio sexual contra o governador, agora estava pedindo 5 milhões de dólares para pôr uma pedra do assunto. Na sexta-feira por intermédio de um advogado, Cipel virou a história: disse que ele é que foi vítima de “insistentes avanços sexuais” de McGreevey, e que ele é que recebeu uma proposta em dinheiro para ficar calado. Quanto a abrir o processo, foi enigmático: O tempo dirá”. Supõe-se que, entre dois mega-escândalos, McGreevey tenha optado pelo menor – ou, pelo menos, o que veio acompanhado de meã-culpa. Pessoalmente dolorosa, como certamente, a atitude do governador tem vertentes político-partidárias. A começar por Cipel, boa parte de suas nomeações foi alvo de críticas; dois secretários, do Comércio e da Justiça, e o chefe de polícia tiveram de se afastar, acusados de abuso de poder e negócios escusos. Dois grandes financiadores de sua campanha estão sob investigação, um deles por tentativa de extorsão ( uma foto gravada enredaria o próprio governador no caso). Como anotou o The New York Times em seu editorial: “No turvo ambiente político que o cerca, ser gay pode ser o menor dos problemas de Mc Greevey”.

O Rei Davi tentou ocultar seu pecado, e isso o fez adoecer. Só depois que se expôs perante Deus e admitiu que estava em pecado, experimentou purificação e perdão. A escritora francesa Marguerit Yourcenar autora de Memórias de Adriano, declarou certa vez, que “a máscara quando usada durante muito tempo, passa a ser o próprio rosto”.
Contudo, Deus que sonda o coração do homem conhece também todas as nossas máscaras. “Naamã, comandante do exército do Rei da Síria, era grande homem diante do seu Senhor e de muito conceito, porque por ele o Senhor dava vitória à Síria, era ele herói de Guerra, porém leproso: (2 Rs 5.1).
Naamã, tinha um segredo que lhe causava grande tristeza. Todo o seu poder, não foram suficientes para cura-lo da lepra. Naamã teve que mergulhar sete vezes no rio Jordão para ficar limpo. Naamã teve que se despir da armadura de guerra. Teve que abrir mão do orgulho de herói nacional para receber sua maior vitória: a cura.Baruch Há Shem!

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