domingo, 23 de agosto de 2009

Que ele cresça...


No último dia 20 de junho, fui ao aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, buscar um pregador jovem de apenas 30 anos, procedente do interior do Estado de São Paulo, que traria mensagens em uma Cruzada Evangelística no sábado e domingo, com total apoio da Associação de Pastores de nossa cidade. Após muita publicidade, criou-se uma enorme expectativa em torno daquele pregador, que estava sendo usado poderosamente no ministério da Palavra na Igreja Evangélica Brasileira, apontado como uma verdadeira revelação. Depois dos cumprimentos de praxe no saguão do aeroporto, seguimos para Armação dos Búzios, onde ele ficaria hospedado em casa de uma irmã bastante hospitaleira. Durante o percurso, o jovem pregador de maneira orgulhosa, falou de sua chamada ministerial e a oposição dos pastores de sua região. Declarou, que para ser ordenado teve que sair do Brasil e receber o apoio da Assembléia de Deus em Boston - EUA e aprender inglês na força da necessidade. Em dado momento da conversa com seus olhos brilhando, ele afirmou categoricamente, que o tempo dos demais pregadores como Gesiel Gomes, Gilvan Rodrigues, Gilmar Santos, Takayama já havia terminado e que Deus o tinha chamado para ser o maior pregador pentecostal do início desse século.
Entusiasmado e em um arroubo da juventude, declarou que em apenas sete anos como pregador itinerante, já havia passado por mais de 20 países e durante o ano de 2002, havia pregado cerca de 320 dias ininterruptos, uma verdadeira façanha digna do apóstolo Paulo.
Atualmente estava buscando patrocínio para colocar um programa de televisão durante trinta minutos em rede nacional aos sábados e assim poder impactar a Nação Brasileira, já que os tele-evangelistas atuais, deixavam muito a desejar.
Quando chegamos ao nosso destino, nos despedimos e segui com minha família para nossa residência a fim de nos preparar para a Cruzada durante a noite. Contudo, as palavras daquele moço começaram a me incomodar, pois ele buscava a glória da Igreja de Cristo, os aplausos fáceis, os elogios enganosos. Ele considerava que os pregadores nacionais, já haviam caído no esquecimento de Deus e seu povo e de que esse era o seu momento. Naquele instante lembrei-me dos heróis esquecidos da fé do tipo Ananias, que segundo a tradição identifica como um dos bispos de Damasco. Não se trata de uma grande figura religiosa. Nenhuma reputação estabelecida o precede nesse momento da História do Cristianismo. Nada. Ele foi tirado do anonimato para colocar as mãos sobre Saulo, o perseguidor dos cristãos. Há um número incontável de Ananias, servindo Cristo nos bastidores da Igreja espalhados pelo mundo. A maioria nunca conheceremos, nunca saberemos seus nomes. Eles das luzes e dos aplausos. Não obstante são heróis – gigantes da fé por causa dos seus atos de obediência a Deus desprendidos e silenciosos.
Prosseguindo fielmente. Administrando do fielmente a Casa de Deus. Pregando sermões sem o brilho da oratória, porém com a unção do Espírito Santo.
Visitando os enfermos e dando esperança aos desanimados. Diferente daquele jovem pregador paulista do bairro de Tatu, poucos na família de Deus gozam de fama e renome, de posição e influência. A maioria, porém, são os Ananias da Igreja de Cristo, portadores de recados, se achar melhor, fazendo exatamente o que lhes pediu e precisamente no lugar em que ele os chamou para estar.
De tempos em tempos, o Senhor da Igreja, levanta profetas para anunciar o seu Reino para a humanidade e a necessidade de arrependimento do homem. Muitos desses profetas são usadas poderosamente no ministério da Palavra e da cura, com sinais e prodígios para a glória do nome de Deus. O Senhor levantou Lutero para reformar sua Igreja corroída pelo pecado e luxo dos clérigos, levantou Wesley para trazer um avivamento sobre a Inglaterra e os EUA. Levantou Daniel Berg e Gunnan Virgren para trazerem o Pentecoste ao Brasil, contudo, quando o homem, começa a invocar à Glória de Deus para si, a sua queda é eminente e o seu ministério curto e passageiro. O apóstolo Paulo, autor da maioria das cartas do Novo Testamento que afirmava ser o menor dos Santos e o maior entre todos os pecadores. Aquele que cinco vezes recebeu nos judeus uma quarentena de açoites, que três vezes recebeu varadas, que foi apedrejado, que sofreu naufrágio, que foi encarcerado por amor à Cristo, que noutro tempo, era blasfemo, perseguidor e insolente. Mais tarde, escreveria uma confissão similar a seu filho na fé, Timóteo: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor. Que me considerou fiel, designando-me para o ministério.”

Que Deus tenha misericórdia dos pastores orgulhosos, que confiam no seu intelecto, na sua capacidade de oratória, que se acham os únicos escolhidos para avivarem esta nação e pregam contra os outros pastores ordenando-os a fecharem suas Igrejas no domingo, para assistirem sua pregação.
Não importa se milhares de pessoas, estão se convertendo após a sua pregação. Não importa se centenas de pessoas estão sendo curados. Não importa se centenas de milhares estão sendo avivados.
O que importa, é que o nome do Senhor Jesus seja glorificado. O teólogo C.S. Lewis(foto) em seu livro “Mene Cristianity”, declara que O Homem orgulhoso está sempre desprezando as coisas e as pessoas; e como é natural, enquanto estiver olhando para baixo, não poderá ver algo que está acima de você.
Que Deus continue usando de sua graça e misericórdia sobre todos nós, o motivo pelo qual não somos consumidos. Baruch Há Shem!

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