sábado, 8 de agosto de 2009

O Tempo dos Leigos


Houve um tempo no Brasil, quando aqui chegava os missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren a bordo do navio Inglês Clemente em 19 de novembro de 1910, para atender o desafio de Deus, trazendo o fogo pentecostal, que estava incendiando a Europa e os Estados Unidos para Belém do Pará, que a novel igreja a ser fundada em casa de Henrique de Albuquerque no Bairro Cidade Velha, contava apenas com um punhadinho de 19 crentes leigos, porem cheios do Espírito Santo, que haveriam de lançar a semente do maior Movimento Pentecostal do mundo, a Assembléia de Deus do Brasil. Naquela época, de fundação da Missão da Fé Apostólica, onde apenas Gunnar Vingren era pastor ordenado com formação teológica, o “leigo” era o nome genérico de quem não esta entendendo. Na sua origem, leigo era sinônimo de “laico”, o contrario de “clérigo”, um cristão que não pertencia a hierarquia da igreja. Com tempo a palavra passo a identificar quem está por fora de qualquer assunto, e não apenas os eclesiásticos. O leigo significava mal informado, ingênuo e simplista. A Bíblia precisava ser explicada com muita clareza ao leigo, e mesmo assim ele custava a compreendê-la, principalmente o Apocalipse. Naqueles tempos, eles próprios costumavam invocar sua condição e dizerem: “somos leigos na Bíblia”. Mas diante do milagre da cura de câncer de Celina de Albuquerque e do batismo com o Espírito Santo, o trabalho pentecostal em Belém do Pará, começou logo a tomar grande impulso, onde cada crente era um evangelista leigo e não pensava outra coisa senão ganhar almas para Cristo. Foi dessa maneira, em meio a perseguição movida pelo baixo clero romano e lideranças de igreja evangélicas tradicionais, que a novel igreja, se tornou uma explosão espiritual, a partir do evangelismo de casa em casa debaixo de chuvas torrenciais, a pé pelas ruas distantes sempre cantando e louvando, testemunhando que Jesus Salva, Cura, Batiza com Espírito Santo, e leva para o céu o pecador arrependido. O evangelho pregado pelos leigos na língua do povo simples, alcançava os corações sedentos da Palavra, convencendo-os da necessidade de arrependimento, ao contrario dos sermões intelectualizados com linguagem rebuscada . A liderança leiga que semeou o evangelho e o fogo pentecostal, desde Belém de Pará alcançando todo o continente brasileiro, prestou um grande serviço ao reino de Deus, e certamente receberão seus galardões, naquele grande dia. Como seu raciocínio é simples e de coração aberto recebe a mensagem de poder e libertação, o leigo muitas vezes faz as perguntas óbvias que nos, os clérigos os teólogos não fazemos para não parecermos simples. Há anos, por exemplo, não entra na cabeça do leigo pentecostal, porque o continuo crescimento de pastores profissionais, que fazem do púlpito meio de vida para se enriquecerem. Os leigos que construíram a grandeza desse movimento de massas, nunca entenderam o porquê dos pastores profissionais trocarem o púlpito sagrado pelo palanque político. Agora o leigo - na sua ingenuidade - não esta entendendo o porquê dos rachas e brigas entre lideranças denominacionais pelo poder eclesiástico, já que muitos dos príncipes da igreja, se dizem “servos” da igreja. O leigo que busca a Deus, que faz a obra de um evangelista, que dizima e contribui para missões , que ora pelos enfermos, visita os encarcerados e testemunha do amor de Cristo pelas almas perdidas, não conseguem entender, o porquê de algumas organizações se tornarem fabricas de pastores, que pastoreiam a si mesmo, onde todo o seu esforço é direcionado aos interesses pessoais. Onde não se dedica mais ao propósito principal no qual fora chamado. Onde não mais se importa com a simplicidade do ministério e sente a necessidade de se perceber confortável e seguro de si mesmo e por si mesmo, não importando prejuízos que isso possa causar a igreja. Onde a visão que possui passa a ser regida pelo humanismo da auto-ajuda e a pregação da teologia econômica da prosperidade em detrimento do arrependimento de pecados para a salvação de Vidas. Quando da fundação da Assembléia de Deus em 1911, onde os pioneiros da Fé pentecostal eram expulsos dos templos por pregarem com desprendimento e heroísmo, o batismo com o Espírito Santo, crendo no revestimento do poder de Deus para anunciar as Boas Novas, a liderança da igreja emergente, formada basicamente de leigos, eram chamados de neófitos da teologia reformada calvinista. Porem, a igreja avançava despovoando o inferno, tendo evangelistas leigos, como vasos de ouro nas mãos de Deus. A Igreja para voltar a crescer movida pela ação do Espírito Santo, precisa do levantar de milhares de evangelistas leigos ao contrario da ordenação de pastores profissionais, mesmo porque, esse ultimo tipo de sacerdote fabricado em algumas denominações neo e ultra pentecostais como executivos eclesiásticos que são facilmente percebidas, como explica o site: liderança.org:
• O pastor profissional é raso no ensino bíblico.
Este é um ponto extremamente nocivo à igreja com conseqüências desastrosas. O pastor profissional não possui a menor preocupação em se debruçar sobre livros, comentários ou literatura que possam auxiliar no preparo dos sermões. Não há estudo sério da Palavra, não há compromisso com a Verdade. Tais indivíduos acreditam que podem ir ao púlpito toda a semana e falar o que lhe vem na mente naquele momento, sem se preocuparem com o fortalecimento do rebanho contra o pecado. A tônica é sempre humanista e tolerante sem que haja a denúncia contra o erro ou contra o mundanismo. Isso porque o pastor profissional teme ser confrontado e por essa razão sempre quer estar de bem com todos, principalmente com os crentes influentes do meio.
• O pastor profissional não se envolve pessoalmente com as ovelhas.
Todos sabem que o pastoreio não se restringe aos principais cultos de domingo. Nenhum ministro de Deus se furta do envolvimento pessoal com o povo por meio do discipulado ou do aconselhamento. O pastor profissional não leva em conta este importante cuidado individual.
Não cultiva o hábito do pastoreio direto, do acompanhamento pessoal por intermédio das visitas em casa ou no trabalho em horário de folga, dos aconselhamentos, dos contatos por carta ou pela Internet (embora o relacionamento presencial seja insubstituível). Para ele tudo isso é perda de tempo. Por vezes a ovelha está necessitando de uma palavra orientadora, mas só consegue ser ouvido quando procura o psicanalista ou o líder de outra denominação mais próxima de si cuja teologia é, muitas vezes, questionável.
São casais que vivem sob forte crise, relacionamentos desgastados entre filhos e pais, desempregos que desesperam o coração, enfermidades que atemorizam. São pessoas que gritam em silêncio sem, contudo, obter eco do seu clamor. O pastor que possuem só pode vê-las aos domingos na porta da igreja ao final do culto e que se limita em dizer a mesma frase por anos a fio: “como vai? Que tenhas uma semana abençoada”. Nada mais que isso. Essas pobres ovelhas nunca serão encorajadas a seguir em frente, nunca serão visitadas, nunca serão aconselhadas, nunca receberão uma mão amiga e confiável. Ou seja, nunca experimentarão o que é ser pastoreada, pois não possuem líderes amigos. Esses tais são apenas meros profissionais.

• O pastor profissional só se preocupa consigo mesmo.
Personalismo parece ser a palavra de ordem em alguns centros evangélicos. São pessoas que passam a vida lutando por um espaço na mídia. O resultado é o desperdício de milhões de reais utilizados para pagar campanhas inócuas ou programas televisivos vazios que nada dizem além de discursos de auto-ajuda. Mas esse desejo não se restringe aos grandes eventos ou aos grandes espaços continentais. Há também aqueles que desejam fama em seu pequeno universo. Pode ser um Presbitério, uma pequena região ou até mesmo uma igreja local. O alvo é a bajulação que surge de uma pretensa espiritualidade ou de uma suposta inteligência respaldada por títulos e certificados alcançados.
Não importa a causa, o importante é o estrelismo. É por isso que muitos pastores profissionais se preocupam com o crescimento numérico de seu rebanho em detrimento da qualidade, embora haja também os que se conformaram com o número reduzido do rebanho. Nesses casos, geralmente, a fama e o prestígio possuem outra fonte que não é a igreja local. Outra preocupação desses pastores é a sua renda mensal, o seu ganho financeiro. Sempre defenderão cinicamente seus bolsos sem, portanto, merecerem o que pleiteiam ganhar. Buscam apenas os seus direitos em detrimento dos legítimos direitos das ovelhas extorquidas. A meta é ter um emprego-igreja bem remunerado que lhe conceda estabilidade financeira.
• O pastor profissional não é um homem de Deus.
Isso significa a ausência de uma dependência total do Senhor na vida por meio do temor, da Palavra e da oração. São pessoas que confiam em si mesmas e não se importam em buscar de Deus a direção certa. Não sentem falta nenhuma de expressar a submissão ao Espírito que o próprio Jesus demonstrou quando esteve aqui nessa terra. Não são homens de oração, não são homens da Palavra, não são homens piedosos. Nunca possuem uma vida devocional particular, nunca gemem por causa do pecado, nunca se importam com a vontade de Deus. Sempre agem friamente e com extrema impassibilidade diante de tudo que promove uma vida espiritual compromissada. Na maioria das vezes são irônicos ou cínicos no que dizem ou falam com respeito à piedade. Não obstante a capa de aparente mansidão, sempre agem despoticamente para que prevaleça a sua vontade. São vazios do poder de Deus, são como penhas que não podem alimentar ou fortalecer as ovelhas.
Quero encerrar dizendo que, para mim, ser pastor profissional nada tem a ver com tempo integral ou parcial no ministério. O ministro pode retirar o seu sustento de um trabalho que não esteja ligado à sua igreja. Todavia, tal trabalho não pode comprometer o tempo de qualidade pertencente ao rebanho quanto ao preparo do sermão e quanto ao envolvimento pessoal. Entre um e outro, o pastorado é prioridade. Se um dos dois deve ser descartado ou penalizado, que seja o trabalho secular.
Muitas igrejas padecem miséria espiritual porque estão debaixo de um pastor profissional que há muito deixou de ser um ministro de Deus. Vale ressaltar que essa mutação pecaminosa não acontece da noite para o dia, ela ocorre ao decorrer dos anos quando aquilo que causava espanto, preocupação ou interesse transforma-se em total irrelevância. O que era importante passa a ser desprezado totalmente.
Que Deus nos livre dos pastores profissionais que sufocam as igrejas até o seu extermínio. Que haja entre nós ministros sinceros e cônscios de que escolheram um excelente, sublime e perene trabalho conforme nos diz o Apóstolo Paulo.
Baruch Há Shem.

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