sábado, 5 de setembro de 2009

A história de um rico sem nome


Todos os homens, quer ricos, quer pobres, de todas as raças, tem o seu nome. Todos zelam para conservar o conceito tradicional em torno do seu nome, seja na área da família, ou através de cargo ou função. O nome identifica o seu portador. Deus, ao criar e formar o homem (Gn 1.26-28), chamou-o Adão, nome que ele mesmo criou, Gn 2.19. Desde então Deus chama o homem pelo seu nome: Abraão, Gn 12.1; Jacó, Gn 25.26; Davi, 1 Sm 16.12,13; Sl 89,20; Samuel, 1Sm 1.20. Vultos importantes da Bíblia receberam seus nomes antes de nascer, entre eles Josias, 1Rs 13.2; João Batista, Lc 1.13; o Senhor Jesus Cristo, Mt 1.21; Lc 1.31. Outros exerceram cargos e funções sem que os seu nomes parecessem, como é o caso dos dois profetas em Betel, 1Rs 13.1.11. A omissão de seus nomes obedeceu à vontade permissiva de Deus, ou por razões que desconhecemos.
A história do “rico sem nome”, que estamos fiscalizando, está fora deste contexto e, não obstante, tem sentido ilustrativo que merece uma análise à luz da realidade dos dias em que estamos vivendo. Não temos dúvidas de que o homem rico citado por Jesus tinha nome, cuja omissão não foi por acaso ou coincidência, pois em Deus, em sua Palavra, esses termos não são encontrados. A omissão do seu nome tem uma aplicação para todos os homens e especialmente para nós, que constituímos a sua Igreja, o seu povo aqui na terra. Esse homem rico, cuja história o Senhor Jesus narra, existiu de fato. Jesus disse: “Havia um homem rico... havia também um certo mendigo”, Lc 16.19. Esse homem rico devia Ter um grande nome, desfrutar de posição importante na sociedade onde vivia, ser tratado com fineza e reverencia, pela riqueza que possuía. Por certo sua assinatura, seu aval, tinham valor diante dos outros homens de sua época.
A sociedade faz questão de um nome. Algumas pessoas se fazem conhecer por mais de um nome. Tem o nome de nascimento e outro de profissão. Na área religiosa os nomes de algumas pessoas são mudados segundo o cargo que desempenham, ou associações a que se integram, como é o caso de “monges”, “freires”, “papas” e seus “santos”, quando são canonizados. Alguns, antes de Ter seu nomes mudados, foram verdadeiros demônios, traidores, heréticos. Outros foram perseguidos, ordenando matanças de milhares de cristãos, judeus e protestantes, como o caso dos huguenotes, como o caso dos huguenotes, da noite fatídica de São Bartolomeu. Hoje, esses “santos” estão nos altares, sendo adorado, venerados. Entre eles, Inácio de Loiola, os “Torquemadas” e muitos outros. Todos esses receberam novos nomes, porque se o povo soubesse quem foram, seriam renegados.
Jesus, ao contar a história do rico e Lázaro (Lc 16.19-31), apresenta dois homens. O primeiro, um homem rico sem nome, que por ser rico esplendidamente; o segundo tinha nome. Era chamado de Lázaro, o mendigo. O substantivo Homem fora trocado por mendigo. Aconteceu que Lázaro, o mendigo, morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão (Lc 16.22), ou paraíso, Lc 23.43. Morrei também o rico e foi sepultado. Esse só teve direito à sepultura. Dali, foi direto para o Hades, lugar de sofrimento. Aquele homem rico que na terra tinha tudo a se dispor e era respeitosamente tratado de senhor, passou a escravo; de rico para mendigo; de ofertante para pedinte. Todo aquele tratamento que tinha em vida, perdera no inferno. Na sua nunca pensou em Deus. Agora, estando no inferno passou a ser religioso e crente em Deus. Até orações ele passou a fazer. “Rogo-te, ó pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai”. Bonita oração, mas não respondida, porque feita fora de tempo e de lugar. Não adianta orar no inferno; não adianta orar depois de morto, estando perdido. Outrossim, no inferno não é lugar de orar. O lugar de orar é agora, enquanto estamos vivos, em nossa casa, em nossa igreja, em nosso culto. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar”, Is 55.6. Na terra, onde o rico morava, nada fez para Deus; só fazia para ele. Agora, no inferno, até o nome perdeu. Perdeu a confiança, a liberdade, a alegria e a salvação. Quando perdemos o nosso nome perdemos também o conceito, o caráter, a vergonha e o pudor. Esse tipo de gente não merece um nome. Os artistas, políticos e até alguns religiosos que já tiveram seus nomes em destaque, que o digam. É o caso de Judas Iscariotes, Caifás, Anás, Pilatos, Herodes e muitos outros homens da Bíblia e de nossa história, cujos nomes ninguém coloca em seu filhos nem em suas empresas.
Não obstante, temos irmãos desconhecidos aqui na terra, cujos nomes estão escritos no céu, Lc 10.20. E, em lá chegando, receberão um novo nome, Ap 3.12. Lázaro teve um nome aqui na terra e o teve lá no céu. O rico o teve somente aqui na terra. No inferno perdeu o seu nome. Lázaro, aqui na terra, era mendigo; lá no céu era próspero. O rico, aqui, tinha fartura; no inferno tornou-se mendigo. Pediu e nada recebeu porque pediu fora de temo e de lugar. O Hades, lugar de sofrimento onde o rico foi morar, era e continuará sendo ruim. Tão ruim que não desejou que seus irmãos, ainda vivos, fosse para lá. Não façamos como fez esse “pobre rico”. Aqui na terra, nunca se arrependeu, nunca buscou a Deus e depois de estar perdido queria demonstrar arrependimento. Mas era tarde. “Ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo depois o juízo”, Hb 9.27. Sejamos ricos aqui e lá no céu. “Jesus, sendo rico se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêssemos”, 2Co 8.9. Que o Senhor nos de sua graça. Baruch Há Shem.

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