quarta-feira, 18 de junho de 2008

Apenas lembranças


Certa vez, conversando com um amigo jornalista de Rio das Ostras sobre seu futuro, após sai aposentadoria e como gostaria de ser lembrado depois de morrer. Sem pestanejar, respondeu calmamente: Quero escrito na minha lápide: Aqui jaz um ateu a toa.
Quando cheguei em casa, no conforto do quarto, me fiz a mesma pergunta: “Como quero ser lembrado?” Depois de muito pensar com meus botões, cheguei a conclusão final de um serio inútil, ou como diria o apóstolo Paulo: o mais miserável nos pecadores (Rm 7;15-24). Não podemos enganar as pessoas, nem mesmo com nossa morte. Pois a verdade sempre prevalece.
Jesus chamou Pedro para tornar pescador de homens. Determinou que ele apascentasse suas ovelhas. Fez ele caminhar sobre as águas, no entanto, a grande lembrança da maioria das pessoas sobre Pedro, foi sua negação de Jesus e o cantar do galo.

O medo e o egoísmo
Herodes, o Grande, foi um dos mais odiosos ditadores que o mundo já conheceu. Tornou-se rei no ano 37 a.C e governou a Judéia com mão-de-ferro até o dia de sua morte, trinta e três anos mais tarde. Ele se apegou de tal modo ao poder e à segurança que acabou desenvolvendo uma personalidade paranóica. O assassinato das crianças de Belém foi um dos tristes episódios registrados em sua biografia.
O monarca tinha ciúmes de sua autoridade e riqueza. Reagia violentamente contra qualquer um que as ameaçasse. Ao longo do seu reinado, dificilmente passava-se um dia sem que alguém fosse morto. Em 29 a.C., ele executou Mariamne, sua esposa favorita, por suspeitar que estivesse envolvida numa conspiração. Herodes via inimigos em toda parte. Desconfiava de qualquer um á sua volta, temendo que alguém buscasse se apoderar do trono ou tentasse envenena-lo. Suas suspeitas levaram-no a assassinar vários parentes, incluindo alguns de seus filhos – Alexandre e Aristóbulo em 7 a.C., e Antípater em 4 a.C. Se há algo que se pode dizer sobre Herodes é que ele levava sua sobrevivência muito a sério.
A chegada dos magos deixou Herodes sobressalto. Teve medo de que o povo, ouvindo rumores sobre o nascimento de um novo rei, se revoltasse. Ele estava velho e enfermo, mas não pensou duas vezes. Não iria tolerar nenhum concorrente. Chamou os solados e determinou que matassem todos os menos de Belém. Para alguém que não hesitou em massacrar os próprios familiares, ordenar a execução de crianças desconhecidas não deve ter sido nada difícil.
Quando faleceu, em 4 a.C, com a idade de setenta anos, o monarca estava louco, alquebrado e só. Chamava pela esposa que assassinara como se ela ainda vivesse. Seus gemidos ecoavam pelos corredores do palácio. Contudo não despertavam compaixão, apenas alívio. Ninguém lamentou sua morte.

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