quarta-feira, 11 de junho de 2008

Os anos de mudança


1962 – Nascia no Hospital da mãe pobre no Méier – Subúrbio do Rio de Janeiro, o primogênito da família Cunha, filho de dois operários, moradores na Baixada Fluminense e crente batista.
Quando foi apresentado no templo, sua mãe, uma nordestina decidida, orou e escreveu no diário do bebê, que ele seria um pastor. Dito e feito. Mesmo que na fase da adolescência, tenha prestado concurso para a carreira militar e depois ingressado na Faculdade de Direito, já estava decidido, sua vocação e gosto pela leitura das Sagradas Escrituras, além dos clássicos universais, fariam dele um ministro do Evangelho. A década de 60 foi uma verdadeira revolução tanto no aspecto político, como social e espiritual. Nesse período estourou a Guerra do Vietnã, a Revolução Militar de 64, mergulhando o Brasil em uma ditadura, a revolução dos estudantes na França, o festival de música de Woodstock, o assassinato de John Kennedy e Martin Luther King, o nascimento da Igreja O Brasil para Cristo com o missionário Manoel de Melo, chegando alcançar cerca de 2 milhões de adeptos, a chegada ao país do missionário George Faukner para liderar durante 22 anos a Igreja do Evangelho Quadrangular, fundada por Aime Mcperson. Os assembleianos comemoraram em 61 o Jubileu de Ouro no Maracanãzinho com a presença de Daniel Berg então com 77 anos. Neste dia também foram homenageados, por completarem 30 anos de ministério, os pastores Paulo Leivas Macalão (fundador do Ministério de Madureira) Moisés Soares da Fonseca (AD Niterói) Antônio Lopes Galvão, Manoel Leite, Irineu Reis e Francisco Pereira do Nascimento. Foi nessa época, após seis anos que o Rio de Janeiro hospedou a VII Conferencia Mundial Pentecostal. Foi no estádio do Maracanã com cerca de 200 mil pessoas que o evangelista Billy Graham pregou no encerramento do Congresso da Aliança Batista Mundial e depois foi jantar no Copacabana Pallace Hotel. Foi em 1962 que um grupo de guerrilheiros sob o comando de Fidel Castro e Che Guevara, assumiram o poder em Cuba.
Foi neste período de turbulência, que a Confederação Evangélica do Brasil realizou a I Conferência do Nordeste em 1962 em Recife-PE e no ano seguinte, houve o Manifesto dos Pastores Batistas em Vitória-ES, como prova da inquietação do povo.
Nesta época, o idoso Cardeal Ângelo Guiseppe Roncalli foi eleito papa João XXIII e instala em 11 de outubro de 62 o Concílio Vaticano II, com expressiva participação de bispos do Terceiro Mundo aprovando resoluções sem precedentes nas áreas de renovação litúrgica. Duncan Campbell foi usado por Deus para trazer um reavivamento no Canadá, Irlanda e Escócia. Em 1968 surge o Ministério Palavra de Fé, fundado pelo pastor texano Kenneth Hagin, criador da teologia da prosperidade e causando grande influência no Brasil nas igrejas neopentecostais: Bispo Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus), missionário R.R Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus), Valnice Milhomens (Palavra da Fé) pastor Cássio Colombo (Ministério Cristo Salva) e pastor Miguel Ângelo Ferreira (Igreja Evangélica Cristo Vive). Durante a década das Revoluções, os Beatles enlouqueceram a juventude, contudo seu tempo passou.
Em 1969, Kathryn Kullman pregou na Convenção Internacional da Adhonep (Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno), em Washington D.C, reunindo ministros protestantes, padres da Igreja Católica Romana, cléricos da Igreja Ortodoxa Grega e rabino judeus, perguntando a eles: “Irmãos, vocês tem fome de Deus?”
O missionário sueco Nels Julius Nelson, chamado de “Apóstolo Pentecostal Brasileiro”, após 42 anos de serviços prestados a Igreja Brasileira, passa para o Senhor no dia cinco de março de 1963 no Rio de Janeiro e logo depois, o missionário Daniel Berg na Suécia no dia 28 de maio, e o pregador galês Martin Lloyd – Jones no dia 25 de fevereiro de 1968, ocupava pela última vez o púlpito da capela de Westminster em Londres – Inglaterra após 30 anos de pregações ininterruptas, mesmo com as oito mil bombas aéreas lançadas sobre a cidade durante a Segunda Guerra Mundial, com a morte de 4735 pessoas e a destruição de 17.000 casas, a Palavra Santa nunca deixou de ser anunciada.
A década de 60 representou a chegada também de um movimento de grande influência, onde milhões de cristãos no mundo inteiro saíram em busca de uma liturgia livre de qualquer formalidade, uma espiritualidade mística, uma participação maior da liderança leiga na vida eclesiástica do Movimento Pentecostal. Uma influência negativa que surgiria no cenário eclesiástico daquela época com efeitos catastróficos, foi o movimento liberal. O chamado modernismo veio como uma enchente, afetando a vida de todas as denominações. Um significativo exemplo desse avanço liberal, encontra-se com o testemunho do teólogo americano Gresham Macher, que por causa da sua recusa de se submeter ao ponto de vista liberal acerca da inspiração da Bíblia foi suspenso do ministério sete meses antes da sua morte. Macher via no liberalismo teológico o surgimento de uma religião que não tinha a mínima relação com o cristianismo bíblico, deixando como resultado o esvaziamento de igrejas, cujos templos foram transformados em bares e clubes sociais, onde todo o elemento sobrenatural da Bíblia estava sendo descartado afim de que fosse apresentado ao homem do século XX uma Bíblia despojada de seus mitos:
Em 1963, houve o Congresso Mundial de Evangelismo na cidade de Berlim – Alemanha reunindo os principais evangelistas e teólogos da Igreja Protestante.
Em 1962, o chamado “Cinema Novo”, trouxe para o Brasil um prêmio internacional com o filme “O Pagador de Promessas” onde se expressava a religiosidade Popular Brasileira.
A casa dos Cunha, construída pelo avô materno Arthur no Morro das Palmeiras em Belford Roxo, depois de trinta e cinco anos foi vendida e muitas mudanças ocorreram na comunidade. Alguns amigos de infância se casaram e se mudaram. Outros morreram e poucos permanecem naquele lugar. Contudo e acima de tudo olhando para o nosso passado, temos uma certeza absoluta: o Deus que nós servimos não muda. Pois Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8). Muitos homens mudaram de pensamento e visão naqueles anos atribulados. Mas o Deus que a aprendemos a amar não mudou sua Palavra: “Seca-se a erva, e caem as flores, mas a Palavra do nosso Deus subsiste eternamente” (Is 40.8).

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