terça-feira, 20 de maio de 2008

Os evangélicos e a política riostrense



No último dia 18 de fevereiro, recebi a informação para publicação na Folha Evangélica da inauguração da Duocentésima Igreja Evangélica no Município de Rio das Ostras, mas precisamente no bairro Âncora, um dos que mais crescem na cidade e que também possui a maior concentração de evangélicos por metro quadrado. O novo salão de cultos, foi alugado por uma denominação neopentecostal fundada por um pregador canadense na década de 60 do século passado. Os arautos do ufanismo evangélico, profetizam que Rio das Ostras, dentro de 10 anos, chegará a possuir 50% da população professando a fé evangélica, com uma mudança radical na História dessa adolescente cidade cobiçada. Após presenciar o processo emancipacionista e quatro eleições municipais e ver Rio das Ostras, saltar de 17 mil habitantes para 75 mil, segundo o último Censo do IBGE, assim como o surgimento de inúmeros templos, chegamos à conclusão de que o nosso crescimento quantitativo religioso, nem sempre tem correspondido ao aumento do nosso impacto e influência na vida social riostrense. Não pode haver influência quando não se quer ou não se sabe o que influenciar e como fazê-lo. Uma séria inclusão da missão profética da Igreja, como agente transformadora da sociedade se faz necessária para consolidar nossa própria identidade, pois não podemos nos contentar em sermos apenas cidadãos dos Céus e sim agentes transformadores da realidade secular, como foram João Wesley na Inglaterra, Calvino em Genebra, Martin Luther King nos EUA, Abraão Kupper na Austrália e Desmond Tutu na África do Sul. Estamos orando e trabalhando pelo Conselho de Pastores de Rio das Ostras, para que a Igreja evangélica riostrense seja uma comunidade de estadistas do Reino de Deus, com base no princípio protestante de dupla vocação: criar uma cidadania cristã sempre, e questionar essa mesma cidadania sempre. O Bispo Robinson Cavalcante, da Igreja Anglicana faz uma análise contemporânea no qual afirma, que o povo de Deus deveria ser um povo de estadistas: capazes de uma compreensão correta e de uma participação ética e transparente no tratamento da coisa pública, a exemplo de Daniel, José do Egito, Neemias. Deveria ter um envolvimento ativo na vida em sociedade, na promoção do bem comum. Ao invés disso, o que temos assistido é o preconceito político, a maledicência e os interesses particulares dos donos de Igrejas prevalecendo e deformando o exercício da cidadania cristã. Há poucas semanas ouvimos um sermão de um pastor em uma Catedral, afirmar que os crentes não devem se meter em política por ser uma coisa do diabo e que todo político é corrupto. No entanto, ao final do culto, o mesmo pastor que tinha ojeriza política, solicitou um ônibus ao prefeito para transportar suas ovelhas para realizar uma missão evangelística em outro município, como também a liberação de um sistema de som. Um profeta de Deus não pode usar de hipocrisia e falsa santidade. Está provado para quem já estudou a História da Igreja nos seminários teológicos, que em seus 2 mil anos de História, a Igreja e suas lideranças tem vivido uma diversidade de situações quanto à sua relação com o poder político, seja em uma situação de minoria frágil e de escassa influencia ou uma relação de intimidade tutelada. Precisamos sair da alienação do paroquialismo, do provincianismo, do bitolamento religioso. É preciso serenidade e fé na palavra de que Deus é o Senhor na História das civilizações, do Brasil e porque na dizer sobretudo de Rio das Ostras. Nós fomos chamados por Deus para influenciar o mundo, o País, a Cidade em que moramos. Não podemos fugir dessa responsabilidade enchendo nosso tempo com atividades regulares, apenas no interior das Igrejas. Isso não impacta. Isso não transforma.

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